mystical

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"You got nothing to regret, I'd give you all I have, honey, if you could stay like that. Oh, Darling, don't you ever grow up"

Travis mantinha seus olhos fixos na estrada enquanto o carro andava a setenta quilômetros por hora, garantindo a nossa chegada em poucos minutos ao nosso destino do fim de semana, para que finalizássemos de vez as comemorações do meu aniversário.

Oliver estava no banco de trás e usava os fones de ouvido num volume que eu conseguia ouvir mesmo com o rádio ligado. Pela terceira vez, pedi para que o menino diminuísse.

"Mãe, para de ser chata! É só colocar o seu fone também!" - O menino responde. Eu o olhava sem conseguir expressar reação, apenas buscando sinais de que aquilo era uma brincadeira. Me ignorando, ele desbloqueou o celular.

Travis me olhava atentamente, tentando me passar conforto e calma para lidar com a situação.

"Okay, você não vai falar assim comigo, Oliver. Me dá os fones." - Peço, esticando a minha mão para trás, mais uma vez sem resposta.

"Oliver, eu estou falando com você!" - Elevo a voz, fazendo-o fitar-me através do retrovisor.

"Eu não vou te dar porque foi o meu pai que me deu." - A resposta do menino me atingiu como um soco no estômago. Senti como se eu fosse vomitar e por um momento achei que tudo havia escurecido. Sentir a mão do meu namorado na minha coxa, fazendo um carinho na região, numa tentativa de me tranquilizar.
Meus olhos marejaram e eu lutava para manter o choro na garganta.

Depois de mais vinte minutos de estrada, Travis parou o carro em frente a uma casinha localizada no centro de Beacon, uma cidade há poucas horas de Nova Iorque.
Observando o cenário, a rua movimentada abrigava alguns cafés, bares e lojas.

"Vamos?" - O homem pergunta, desafivelando o cinto de segurança. Assinto e ele sai do carro, abrindo a minha porta e me ajudando a descer. Já do lado de fora e com a porta fechada, ele depositou um beijo casto no dorso da minha mão, para então seguir e abrir a porta para o meu filho, que saiu sem dizer nada, e muito menos olhar para nós.

Travis suspirou e me chamou, entrelaçando nossos dedos quando alcancei-o. Entendendo que o melhor seria não provocar ainda mais ira no menino, não lhe ofereci a mão para que ele segurasse. Caminhamos lado a lado com Oliver ao encalço até a lojinha de produtos esotéricos que havia ali e fomos recebidos por uma senhora.

"Bom dia! Tudo bem?" - Travis cumprimenta.

"Tudo ótimo! Como posso ajudar vocês?" - A mulher de cabelos grisalhos pergunta.

"Viemos pegar a chave da casa, vamos ficar hospedados durante o final de semana." - Travis responde novamente.

"Ah, claro! Charles comentou que vocês viriam! Me dêem dois minutos, vou pegar lá dentro!" - A mulher adentra a pequena porta que dava para os fundos da loja após receber nossos sorrisos em reprovação.

Aproveitei o tempo para olhar a loja, observando cada detalhe místico que o lugar guardava. Selecionei três pedras naturais e duas velas aromáticas, decidindo que as levaria para o caos de Nova Iorque. Travis se ofereceu para segurar a cesta com os itens e eu prontamente aceitei. Ele olhou cada uma das minhas escolhas e com uma careta engraçada, virou-se para mim:

"Vamos participar de algum tipo de ritual?" - Ele pergunta brincando.

""Vamos"? Você já se incluiu assim sem nem saber o que é?" - Pergunto.

"Claro, preciso ter certeza de que vai ser um feitiço que te prenda a mim para sempre." - Ele responde, roubando-me um selinho e me arrancando uma risada.

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