Capítulo 7- Green Face

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Visualizada e não respondida.

Não é como se eu fosse uma garota qualquer. Eu era a porra da namorada dele. Não importava o motivo. Não importava o fodido trabalho, eu não seria deixada de lado assim. Tentei ser compreensiva, mas já estava de saco cheio de ser seu fast food. Não seria mais sua comida rápida. Não sai da casa dos Greenberg para continuar a ser usada desta forma.

Eu dançava e dançava. Mexia os quadris na batida da música com os olhos bem fechados, sentindo tudo à minha volta. A cerveja que derramei, agora seca em meu corpo, grudava em minha pele e se misturava com meu cheiro, minha franja colada em minha testa pelo suor, enquanto Luke dançava junto a mim em uma distância respeitosa com uma garota vestida de anjo, se esfregava em minhas costas. A fumaça adocicada trazendo uma atmosfera carregada e misteriosa. Meu estômago revirava e minha cabeça girava. Foda-se. Eu tentei ser uma boa garota. Uma boa namorada. E falhei. Eu não servia para essa vida. A música cessa e vaias enchem o cômodo. Me viro para o DJ.

-A pedidos de muitos, vamos à contagem regressiva para o Blackout.-o cara do equipamento de som fala pelo microfone.-Vamos as regras:...- Ele caminha até um uma dupla de jovens sentados em um comprido sofá na lateral da sala, e se escora no encosto baixo nas costas do casal-...Quando as luzes se apagarem, soltem seus monstros. Vocês tem 5 minutos até que tudo se acenda e vocês sejam pegos e a brincadeira acabe.- Ele faz uma pausa e afasta o microfone com um sorriso de lado se inclinando para ficar entre os jovens- Sejam rápidos.

-Isso vai ser divertido.- ouço Luke sussurrar em meu ouvido.

Uivos e gritos enchem a sala. Garotos começam a se agitar procurando suas vítimas enquanto as garotas correm e sorriem eufóricas, casais procuram cantos vazios e alguns se encolhem e saem da casa a fim de ficar fora do radar. Algumas luzes vermelhas acendem e iluminam dramaticamente o cômodo. A tensão aumenta e meu coração acelera. Seria como uma caçada.
A garota em minhas costas é puxada por alguém e me viro a tempo de ver ela gargalhar ao ser jogada sobre o ombro de um cara do basquete da universidade, vestido de homem das cavernas, e leva-la em direção a cozinha.
Sinto uma mão em minha cintura e olho para o lado para ver Luke se aproximando. Animals do Maroon5 estoura pela caixa de som enquanto eu sustento seu olhar. Ele fica perigosamente perto enquanto a sala gira e todos se movem como vultos. Minha garganta está seca, mesmo bebendo tanto.
Mas seja pela bebida, pela energia ou pela tensão que segue pelo que vai acontecer quando as luzes se apagarem, deixo ele se aproximar. Pisco freneticamente por baixo da máscara, na tentativa de dissipar a bebida. Eu não podia estar fazendo isso. Eu sou comprometida. Mas ainda assim, meus pés não saiam do lugar. Algo dentro de mim gritava, dizendo "Você ERA comprometida". Mas se eu ainda não terminei oficialmente e pessoalmente, eu ainda sou. Não sou? A excitação corre em minhas veias como não corria a muito, muito tempo.

- Todos em seus lugares. - o garoto grita e eu estremeço não conseguindo desviar o olhar. Sua boca se curva levemente em um sorriso doce. Como Louis na primeira vez que me beijou no drive-in. Droga. Eu não posso fazer isso. Como posso pensar na possibilidade de trai-lo? Eu realmente era um monstro e não o merecia.
Dou um passo para trás e me dou conta do quão zonza estou. Flashs de momentos com Louis me atingem um após outro, fazendo meus olhos se inundarem em lágrimas. Não posso...
Com o canto dos olhos vejo pessoas correrem, procurando seu alvo na multidão, alguns garotos passam e me encaram mas ainda assim não consigo desviar. Não posso correr. Estou presa. Porque com ou sem relacionamento, eu sentia falta. Sentia falta da maldita adrenalina. Sentia como se estivesse com muita sede, e a única coisa que saciasse essa vontade era o mais puro veneno. Eu beberia e acabaria a minha sede mas morreria instantaneamente. Porque é isso que a adrenalina faz, ela te vicia. Te vicia a tal ponto que você deixa de ser racional para procurar apenas por mais situações que te tragam esse sentimento. E te leva a beira da loucura. Ou da morte. Sentia falta da fuga, de dormir sem saber se acordaria, de ter todas as minhas ações vigiadas, de ter suas roupas escolhidas por alguém e de...de me preparar para Aidan todas as noites. Meu peito afunda e de repente estou enjoada a ponto de soluçar freneticamente para segurar a bile que subia em minha garganta. Eu estava enlouquecendo. Minhas mãos suavam e eu respirava com dificuldade. Nunca se tratou sobre Louis. Não sentia falta de sua presença ou de qualquer bobagem. Eu sentia falta da obsessão. Com uma vida toda tendo alguém tão absorto em minha presença que todos e tudo a sua volta, se tornava irrelevante, era fácil se acostumar a ser o mundo de alguém. E eu gostava desse poder. De saber que a para ele, a única pessoa acima de mim era o próprio Deus. Mesmo com toda a loucura da casa Greenbërg, eu sentia falta de ter alguém obcecado por mim. E isso me fez entender que ele conseguiu. Me corrompeu em um nível irreparável. Ele se infiltrou em minha vida de tal maneira, que meu subconsciente começou a sentir sua falta. Mesmo que tudo aquilo seja doentiu.Agora eu era como ele.

Candy Ou TravessurasOnde histórias criam vida. Descubra agora