Os sons... Era agonizante ouvir.
E eu estava me torturando em permanecer aqui. Mas meus pés simplesmente não funcionavam. Nem meu coração. Sinto as lágrimas escorrerem por meu rosto e não sei de onde arranquei forças para levar minha mão até ele para retirar a máscara. Meus braços pendiam ao lado do meu corpo e meu coração estilhaçado em mil pedaços no chão. Respirar doía, porque estava dando grandes tragadas de ar tentando inutilmente permanecer de pé.
Naquele momento, tudo estava turvo e eu mal me lembrava do meu perseguidor sentado na poltrona ao lado, mesmo que sua presença seja quase sufocante. Ele parecia muito maior agora, sentado naquela poltrona minúscula em contraste com seu tamanho. E ainda assim, meu espírito de caçadora tinha ido embora. Meus olhos não descolavam daquela cama. Tão absortos em seu próprio momento que não me notaram. Não notaram nem mesmo o homem a poucos metros, observando cada movimento. Como ele pode... Todas as vezes que eu estava em casa olhando para o teto, sozinha, pensando em planos para nós... Ele estava com ela.Minhas mãos formigavam e minha cabeça rodopiava, eu precisava sair.
-- Oh, Louis...--- A garota subia e descia incansavelmente, sua respiração ofegante tomando o quarto. E Louis... suas mãos passeavam por seu corpo. Seus cabelos bagunçados enquanto ele se curvava com os lábios entreabertos. As paredes começaram a se mover. Fecho os olhos com força, tentando dissipar as lágrimas e bloquear aquela visão.
Por isso o sumiço. Por isso as mensagens não respondidas. Ele estava ocupado demais para mim. A viatura que eu vi no caminho para cá... Ele estava aqui o tempo todo. Enquanto eu estava chorando e me lamentando no andar de baixo, ele estava aqui... Ele mentiu sobre o trabalho para estar com ela, desmarcou o drive-in, para estar com ela. A cerveja volta queimando em minha garganta, o líquido implorando para sair. A quanto tempo isso está acontecendo? semanas? meses? Quantas vezes ele deixou de estar comigo para vir até ela? Quem é ela? Quem mais sabia? Seu pai... A forma que ele me olhou após o ocorrido com o stalker, quando perguntei sobre ele ... Eu não percebi na hora, ou confundi com a situação, mas seu olhar estava carregado de pena. Ele sabia onde o filho estava. Hannah? Ela também sabia? Seria apenas uma coincidência ela ter suposto a traição somente hoje? Ela sabia de algo ou a situação toda estava tão na minha cara que todos imaginavam menos eu? Deus, minha cabeça dói como o inferno. Cambaleio para trás como se cada uma das minhas perguntas fossem socos distribuídos por todo meu corpo e sinto um toque áspero na base das minhas costas. Os sons ainda enchiam o quarto, então só podia ser uma pessoa. Abro os olhos lentamente. Meu corpo se arrepia a ponto de meus poros doerem. Minha boca seca, como se minha língua estivesse mergulhada em areia. A luz verde mudou de ângulo e estava agora em minhas costas. Ele estava aqui. Sinto mais lágrimas brotarem em meus olhos e agora sim sentindo o medo me dominar. Eu estava vulnerável demais para lutar ou perseguir ou qualquer merda que ele tinha em mente.Tomo coragem e lentamente viro minha cabeça para encara-lo. A máscara estava a centímetros do meu rosto e agora conseguia ver o "X" sobre o olho esquerdo. A argola na sobrancelha direita e no nariz. O sorriso costurado. Ele me encarava com a cabeça inclinada. Ele era grande, seu corpo tampando toda minha visão da porta em suas costas. Era culpa dele. Ele me trouxe até aqui. Ele sabia que isso me destruiria e ainda assim, me trouxe. Ele venceu. Achei que persegui-lo e assusta-lo seria minha vitória. Mas ele estava a um passo a frete e tinha essa carta na manga. Sua mão ainda ainda repousava no meu quadril, onde ele faziam círculos me tranquilizando. Me viro retirando sua mão de mim. Sua culpa. Sua culpa. Num ataque de fúria ergo o punho mirando diretamente em seu rosto. Se ele cuidasse da própria vida e me deixasse em paz eu não teria visto isso, não teria visto essa merda toda e estaria me divertindo com Hannah. Iria para casa e esperaria Louis para.... Ser usada. Meus ombros vacilam quando a realidade cai sobre mim. Se eu não viesse até aqui hoje, até quando seria enganada? Por mais quanto tempo eu continuaria me culpando pelo fracasso no nosso relacionamento? Continuaríamos como nos últimos meses, ignorada durante o dia e fodida em algumas noites. Como isso era melhor do que viver com os Greenbergs?
Ele intercepta meu golpe segurando meu pulso, sua mão cobrindo quase todo o meu antebraço. Meu coração para por um milissegundo. Seu aperto é forte e mesmo que eu tente remexer meu braço, não saio do lugar.
Ele se aproxima e preciso erguer a cabeça para olhar em seus olhos, mas a luz ofusca minha visão, mal consigo ver algo além de borrões. Cerro os olhos para tentar ver melhor e é quando respiro fundo que sinto o baque. Seu cheiro toma meus sentidos, minimizando o cheiro de sexo e suor do quarto. Ele cheira a um misto de cigarro de cravo e perfume amadeirado. É inebriante. Pisco algumas vezes dissipando a névoa em minha cabeça. Não importa como ele cheira, continua sendo um imbecil.
A garota solta um grito esganiçado atrás de mim e tento virar o rosto por reflexo, quando sinto sua mão livre passar por de trás do meu pescoço e me virar para olha-lo. Seu aguarre firme na base dos meus cabelos, quase doía mas me mantinha cara a cara com ele. Lentamente ele abaixa sua cabeça até sua testa tocar a minha. Por impulso jogo a cabeça para trás, tentando me desvencilhar mas ele me mantém no lugar apertando meu pescoço mais forte e puxando meu pulso para mais perto. Ele solta um grunhido que soou mais como um rosnado de advertência. Ele inspira com força, seu peito quase tocando o meu e depois expira todo o ar pela boca com um som de satisfação. Seu hálito ultrapassa a mascara e o cheiro de menta e cigarro ardem meus olhos. A garota morena solta mais lamurias e eu fecho os olhos apertados. A fúria toma conta do meu corpo me fazendo ter leves espasmos. Meu corpo e mente mal conseguem processar tudo isso. Estar consciente de Louis atrás de mim com uma garota, fazendo tudo aquilo que eu jurava ser a única a receber. Esse homem desconhecido e tão... acolhedor, tomando todos os meus sentidos. O ódio da garota que pode nem saber em que está se metendo. Minha garganta fecha e eu tento puxar o ar. Estou a ponto de quebrar. Mais uma vez. Esse babaca de merda. Me fazendo de idiota esse tempo todo, enquanto eu dava o melhor de mim. Eu estava dando tudo por ele. 2 anos de dedicação para nada. E mesmo que ele não saiba das coisas que tive de enfrentar, no fundo, ele sabia o quão quebrada eu estava. E o quanto eu precisava dele. Mas ao invés de me amar, usou do meu sentimento para me manipular. Para me fazer acreditar que era real e sincero. Ele me enganou da melhor forma possível. E eu caí. Porque estava desesperada por isso. Lentamente abro os olhos. E mesmo que a luz verde ainda brilhasse bem em minha frente, eu via vermelho. Eu apresentei a ele a melhor versão de mim. A versão que eu deveria ter sido se eu não tivesse nascido onde nasci. A versão doce, meiga e intocada pelo abuso. Mas hoje. Ele conheceria Candy essa noite. A doce Candy que deixou um rastro de corpos até os portões dessa cidade.
Lentamente meu stalker solta meu pulso que agora pendia ao lado de nossos corpos, ele sabia que eu não iria ataca-lo novamente. E eu não era idiota por tentar. Ele acabaria comigo. Mesmo com a máscara cobrindo seus olhos, eu sabia que ele olhava pra mim. Olhava através de mim, tão profundamente que se dissesse que viu minha alma, eu acreditaria. E me entendia. Quem era ele? O que quer comigo? Se quisesse me fazer mal, já teria feito. Ele teve mais de uma oportunidade para isso. Então, o que mais ele queria de mim?
A garota começou uma sequência de gemidos que subiam de tom cada vez mais. Chegava a ser ridículo. Ranjo os dentes. Preciso acabar com isso. Acabar com ele.
Olho para meu perseguidor. Em um solavanco, me desvencilho do seu poder sobre meu pulso e uso as duas mãos para empurrar seu peito, ele da um passo para trás mas logo já está sobre mim novamente me envolvendo com seus braços para me imobilizar. Sorrio vitoriosa. Ele inclina a cabeça para o lado, inquisitivo. É então que seu corpo trava. Ele sentiu. Sentiu minha adaga posicionada em sua garganta. Tão rápida como a própria luz, alcancei a adaga escondida no momento em ele perdeu o equilíbrio. Ele não me impediria de fazer o que eu queria. Eu tinha um foco nesse momento, mesmo que seu corpo grudado no meu me tirasse um pouco disso. Minha barriga exposta estava em contato com a sua, e sentia os músculos tensionando sobre minha pele que fervia de raiva e um outro sentimento que não identifiquei. Sentia o liquido fluorescente, que ele usou para espalhar em seu corpo, agora escorrendo entre meus seios. Tento me mexer para me soltar, mas ele permanece com um aperto forte em minha volta. Penso em gritar com ele, mandar me soltar, mas isso arruinaria meus planos. Não posso alertar eles que estou aqui. Pressiono a lâmina com mais força, como um aviso. Ou solta, ou te corto.
Ele sabia que nesse momento,a raiva tomava conta de todo o meu ser a ponto de eu mal raciocinar. Viu que eu não iria parar até acabar com isso. Então porque não me solta logo?Lentamente ele se inclina para frente, em direção a lâmina. O que?... Sinto a pressão em meu pulso quando a faca corta sua pele logo abaixo do queixo, e logo um filete rubro escorre por sua garganta branca. Esse idiota se cortou de propósito, só para me desafiar? Ou para provar que não tem medo de mim? Ele se aproxima em silêncio e faz um carinho leve em meu nariz com o nariz da máscara. Eu estremeço com o toque gelado do plástico e meu coração acelera tanto que acho que ele pode parar a qualquer momento. É como se eu pudesse me inclinar para frente e tocar seus lábios com os meus, uma vontade que só percebi agora que estava. De repente meu corpo volta a estar frio, sem braços ao meu redor, ele soltou meu corpo sem desviar os olhos e deu alguns paços para trás. Seu capuz caiu sobre os ombro, revelando cabelos negros e cheios, caindo sobre sua testa em ondas. Ele solta um som que parece com um riso e se inclina para o batente da porta. Volto a guardar a lâmina. Ele lentamente ergue algo até a altura de meus olhos. O taco. O taco que a minutos atrás ele segurava entre as pernas. A compreensão me toma. Ele não me trouxe aqui para me torturar. Me trouxe para me vingar. Para eu mesma descontar minha raiva. Fico confusa. Ele me persegue como um louco, mas me ajuda a me vingar do traidor do meu namorado?
Agarro o punho do taco. Ele balança a cabeça positivamente mais uma vez me incentivando. Ele leva sua mão em meu rosto e gentilmente seca uma lágrima que escorria por minha bochecha. Eu me encolho sobre seu toque. Mesmo que ele esteja me apoiando, não muda o fato de estar me perseguindo durante dias. Ele ainda é perigoso e depois de resolver isso com Louis, voltaríamos para a estaca zero. Eu ainda o caçaria e ele pagaria por isso. Mas essa noite, éramos aliados. Movidos pela mesma raiva.
--- Marisa... Oh céus, continue querida--A voz rouca de Louis chama minha atenção. Com uma última olhada de canto para o homem a minha frente, descido que ele é confiável o suficiente para eu dar as costas por uns minutos. Se ele vai ficar para assistir, não me importo. Só preciso dessa vingança.
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Candy Ou Travessuras
Random+🔞 "É insano que realmente existam pessoas que perseguem outras usando máscaras e machados com o pretexto de entrar no clima de Halloween, e mais insano ainda, é eu estar perseguindo um homem com no mínimo 2 vezes o meu tamanho que esteja usando má...