I.

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- Emma Martin -

A CENA DESDOBRAVA-SE COMO UM OCEANO ESCARLATE, onde fragmentos vampíricos jaziam dispersos, assemelhando-se a cacos de vidro ao luar.

Uma quietude macabra pairava no ar, e, apesar da carnificina que se estendia diante de meus olhos, eu permanecia invisível, como se fosse nada mais do que uma sombra entre as sombras, um espectador silencioso de um espetáculo grotesco.

A indiferença daqueles que passavam, alheios à destruição e ao caos, era tão perturbadora quanto a própria devastação que se estendia à minha frente.

— Jane por favor, não é necessário. - Eu havia escutado os sussurros de uma moça, uma vampira cujos olhos reluziam com o fulgor do âmbar amarelo. Ela, juntamente com Bree, que se debatia aos berros, encontrava-se na presença da nobreza sanguinária - os Volturi.

— Jane, ela vai contar tudo o que quiser ouvir. - O Vampiro, cujo Riley dissera ser o líder do "Clã dos olhos amarelos" disse quase como um urro, sua voz era tensa. 

— Quem criou você? - Disse Jane.

Bree, a única companheira que eu possuía em meio àquela legião, debatia-se em agonia, assemelhando-se a um peixe em seu extremo esforço por ar, enquanto seus gritos ressoavam pelo ambiente.

— E-eu não sei, Riley não falava sobre ela! - Dissera.

Bree falava a verdade, Riley, por sua vez, mantivera um silêncio sepulcral sobre a existência de nossa progenitora, jamais proferindo sequer um murmúrio que nos levasse a compreender a origem de nossa linhagem.

— Felix? - Jane chamou sem pressa.
— Espere! - O líder dos vampiros dos olhos âmbar, exclamou.

— Podemos explicar as regras à jovem. Ela não parece relutante em aprender. Ela não sabe o que estava fazendo.

Em meio ao silêncio carregado de tensão, a figura de Jane emergiu com uma solenidade quase palpável. Com um passo calculado e majestoso, ela avançou, sua presença impondo uma quietude ainda mais profunda na assembleia. A expectativa era tangível, cada vampiro presente aguardava com batedor de corações imortais o veredito que seria proferido.

— Não abrimos exceções - Jane disse a eles num com de prazer. — E não damos uma segunda chance. É ruim para nossa reputação.

Ela proferiu com orgulho.

— Cuide disso, Felix.

E assim, em um instante que mal se podia medir, Bree encontrava-se sem vida. Sua cabeça, separada do corpo com uma precisão desumana, era a prova final de sua existência efêmera.

O falecimento de Bree, tão súbito quanto perturbador, instilou em mim um vazio profundo. Uma vontade avassaladora de gritar e fugir se apoderou de mim, um desejo ardente de vingança contra aqueles que a haviam tomado.

— Vamos.

A retirada dos vampiros foi tão veloz quanto sua chegada; em um piscar de olhos, eles haviam desaparecido no horizonte.

— Há mais um deles. - O vampiro, cujo Riley costumava chamar de leitor de mentes, proferiu calmamente.

Eu estremeci.

Old Money ~ Seth Clearwater. Onde histórias criam vida. Descubra agora