4. Mel

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Antônio observava com ternura como sua mulher se divertia com seu presente, dava gargalhadas como a muito tempo não fazia, vendo-a correr pela sala com o animalzinho seguindo-a eufórico.

    ⁃    Que coisa mais linda que você é, Meu Deus! - Exclama sentando-se no chão da sala de pernas cruzadas, dando espaço pra cachorrinha se sentar em seu colo.

    ⁃    Boa noite! Cheguei, família! - Sauda Petra adentrando a casa com Luigi.

    ⁃    Oh minha filha, boa noite! - Responde Antônio, beijando a menina na testa com carinho. - Italiano! - Sauda o genro levantando as sobrancelhas.

    ⁃    Mãe? Que isso? - A mais jovem se aproxima da mãe, agachando-se para verificar do que se tratava o pequeno furacãozinho peludo que se remexia em meio as pernas da matriarca. - Aí, não acredito! O que é essa coisinha mais fofa?? - Questiona sem saber lidar, pegando o pet nos braços.

    ⁃    Olha só, filha, ganhei de presente do seu pai, tô até agora sem acreditar. -Responde se levantando, juntando-se e fazendo carícias na cachorrinha.

    ⁃    Pai, que fofo! Não esperava isso de você! - Olha o genitor com um sorriso de orgulho. - Depois que o Beethoven morreu quando a gente era criança, nunca mais tivemos um cãozinho, só os caramelos que ficam soltos pelas terras e a gente vê de vez enquanto.

    ⁃    É, menina, resolvi trazer ela pra ajudar sua mãe que disse que andava se sentindo muito sozinha com essa coisa toda aí da memória. - Fala enquanto gesticula com as mãos, percebendo a esposa o olhar fixamente.

    ⁃    É uno gesto molto bonito, doutore Antônio! Mio sogro fue molto inteligente, non tem melhor companhia que a de um doguíneo, como parlam por aqui. - Exclama com seu acento marcado,rindo, se aproximando e fazendo média com o sogro.

    ⁃    Agora a gente precisa só arranjar um nome pra essa pitica. Ela tem cara de bagunceira, já ouvi falar que os cachorrinhos dessa raça são bem temperamentais, latem um bocado também, viu! - Alega Petra dando gargalhadas ao escutá-la latindo em resposta.

    ⁃    Ah então ela é igual sua mãe mesmo, menina! -Exclama Antônio, brincalhão. - Vão se dar bem no quesito humor, até os cabelos são da mesma cor.

    ⁃    Antônio! Que isso? Tá me comparando com uma cachorra? - Diz uma Irene indignada, arrancando sorrisos de todos. - Já sei como ela vai se chamar! Que tal Mel?

    ⁃    Mel? Porque Mel, mãe? Pela cor do pelo?

    ⁃    Também, mas porque sinto que o mel me remete a coisas boas, doces, essa pitiquinha aqui, é um exemplo disso pra mim. - Pega-a nos braços, acariciando-a.

    ⁃    Então é isso, tá batido o martelo, vai ser Mel o nome dela. - Confirma Antônio se aproximando com a menção de fazer um carinho na cachorrinha, a qual começa a rosnar ao vê-lo perto de sua dona. - Epa, chegou agora e já ta assim, é? Ta pondo as garrinhas pra fora, lembra a Irene mesmo. - Aponta a mulher, que morde os lábios com a provocação do marido.

    ⁃    Aí, Antônio, larga de coisa, vamos aproveitar que estamos todos aqui, juntos e vamos jantar, que tal? Fiz um bolo de cenoura com calda de chocolate pra sobremesa. -Convida a matriarca, indo em direção a sala de jantar com a cachorrinha em mãos, enquanto escutava os gritinhos de alegria da filha.

Alguns momentos depois, todos haviam jantado amenamente, Irene se encontrava sentada na varanda da casa, contemplando a luz do luar com Mel sob seu colo, recebendo carícias.

    ⁃    Ô, Irene! Ce ta aí sozinha? - Questiona Antônio após avistá-la recostada em uma das poltronas enquanto passava pela sala. - Que foi? Tá sem sono? - Se aproxima com a intenção de se sentar na cadeira ao lado mas é interrompido pelo rosnado e latido da cachorrinha que fica agitada com a presença dele perto da tutora.

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