5. Passeio

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       •~Pousada da Lucinda, dia seguinte, 8:00~•

Sob uma cama pouco confortável, pairava a figura feminina de meia-idade, a qual estava dormindo profundamente, com um sorriso de satisfação no rosto. O sono da megera se viu interrompido por batidas interruptas e bruscas na porta do quarto em que habitava.

⁃ Aí, quem será uma hora dessas da manhã? - Se levanta nervosa pela petulância dos golpes secos que a despertaram. - Já vaiii!! Que saco! - Coloca um hobbie de cetim barato qualquer e abre a porta enquanto ajeitava os cabelos, fechando os olhos pela claridade de fora.

Assim que abriu um pouco da porta, levou um susto ao visualizar uma áspera mão masculina    se interpor entre seu rosto e a madeira, escancarando-a por completo com brutalidade, adentrando o ambiente sem cerimônias. O homem a pegou pelos braços e prensou-a sobre o dorso da porta, fechando-a com ódio nos olhos.

⁃ Antônio? Que isso? Tão cedo? Ficou com tantas saudades de mim que resolveu invadir meu quarto desesperado pra me amar?? - Soltou cínica, olhando-o com olhos maliciosos. - Já vi que a pobre Irene anda tão desorientada que não deve tar dando conta do recado com você, né meu amor?

Sentiu de pronto, as mãos do homem sob seu pescoço, enforcando-a como se não houvesse amanhã.

⁃ Sua desgraçada! Lava essa boca pra falar da minha mulher! -Quase cuspiu as palavras sob a megera.- A última pessoa que eu queria ver em qualquer hora do dia era você, Ágatha, mas pelo jeito, você deve tar querendo que eu volte você pra aquele caixão, da onde cê nunca que deveria ter saído. - Os dedos estavam vermelhos pela pressão exercida.

⁃ Que isso, Antônio! Tá me machucando! - Exclamou com um fio de voz. - Que raiva toda é essa? Isso tudo é pelo presentinho que eu mandei pra Irene? - Pausou ao sentir o ar faltar ainda mais com ele intensificando o aperto. - Ela precisva lembrar a vagabunda que ela é, tadinha!

O homem soltou-a como se o contato com ela queimasse sua pele, jogou-a sob a porta com o movimento, tratou de se controlar pra não fazer besteira.

⁃ Escuta aqui, Ágatha, cê escuta bem o que eu vou te falar porque vai ser meu último aviso. - Avançou com os olhos vermelhos em direção a ela, apontando-a com o dedo. - Se você voltar a sequer pensar em botar um dedo num fio de cabelo da Irene, a coisa vai pegar pro teu lado. Mensagenzinha? Manda, manda de novo que você vai conhecer o gosto da terra entrando nessa tua boca nojenta, a partir de hoje vai ter homem meu vigiando cada passo seu, entendeu? Quando cê menos esperar, um movimento em falso, é bala nessa tua cabeça, te mando pro inferno sem passagem de volta. Vê se some da minha vida e vai se preocupar em ser uma mãe de verdade pros teus filhos, se é que da pra te chamar disso depois de tanta barbaridade com eles.

Olhou-a novamente com desprezo, segurando-se para não pegar sua arma e fazê-la virar uma peneira de tantos furos.

⁃ Quanto? Quanto você quer pra sumir daqui pra sempre? -Questionou tentando solucionar o problema.

⁃ Você tá desesperado mesmo ein, Antônio? - A mulher riu cínica e mudou a expressão bruscamente para uma mais séria. -  Cinco milhões, cinco milhões de reais e você fica sem me ver por um bom tempo, querido.

⁃ Desgraçada! - Fez menção de avançar contra ela, mas reconsiderou. - Amanhã tá na tua conta, vê se some, do contrário, vai virar comida das piranhas do rio.

Saiu daquele quarto imundo com pressa, pressa de parar de respirar o mesmo ar que aquela mulher que o enganara por tantos anos.  Chegando na rua, se deparou com seus capangas e deu ordens claras.

⁃ Ô, Sidney! - Gritou. - Seis vão ficar a paisana por aqui, é pra seguir essa desgraçada pra tudo quanté canto que ela inventar de ir, quero ela vigiada em cada passo. Beirou a fazenda ou a Irene, é bala! Me ouviu? Organiza tudo aí e sejam discretos, não vão me arrumar mais problemas do que os que eu já tenho! - Saiu furioso cantando pneu em sua Dodge RAM branca.

De que me serve a vida?Onde histórias criam vida. Descubra agora