6. Não diga não

263 25 15
                                    



Antônio não se lembrava da última vez em que estivera tão desconcentrado em um dia de trabalho como agora, o homem encarava furtivamente as planilhas de Excel que reportavam sobre as vendas do Soja. Seu olhar estava fixo nos números exorbitantes, mas seu pensamento estava distante, perdido nas lembranças dos seus olhos passeando pelas curvas sinuosas da mulher que o esperava em casa.

Inquieto e com uma dor inconcebível em sua intimidade, o fazendeiro levantou-se desistindo de fingir que estava sendo produtivo em algo. Recolheu as chaves de sua imponente Dogde Ram e o chapéu que estava sob uma das cadeiras de couro, saiu de sua sala agitado e adentrou o automóvel com um único destino em mente, seu lar.

Enquanto dirigia, não conseguiu evitar um sorriso genuíno nos lábios másculos ao recordar a imagem de sua esposa encantando-se com a imensidão de suas plantações. Vê-la infundada naquelas calças que contornavam tão bem suas curvas inferiores, de chapéu, trajada como uma amazona, com os olhos brilhantes, foi uma das imagens mais espetaculares de sua vida, a beleza dela coroou a riqueza e esplendor dos grãos que valiam uma fortuna.

Suspirou pesadamente, seu corpo doía de saudades das atenções dela, apesar de todo o caos que sempre os envolvera, a fusão de seus corpos era um espetáculo à parte. As sensações que açoitavam-o quando estava com ela, eram como drogas alucinógenas, recordou-se, de pronto, da última noite em que a tivera cavalgando sob seu colo, manhosa, exigindo tudo o que era de direito dela. Uma oleada de prazer atravessou-lhe da cabeça aos pés, fazendo com que o pé no acelerador se tornasse ainda mais pesado, extraindo uma alta velocidade do veículo.

•~Fazenda La Selva, 19:00~•

Adentrou a grandiosa sala da mansão que coroava suas terras com o chapéu nas mãos, ansioso, remexendo-o sob os dedos. Com o olhar procurou a dona de seus devaneios, frustrou-se momentaneamente ao não vê-la esperando-o com um brilho no olhar.

Subiu suspirando até o quarto principal, entrou no local e constatou que o mesmo estava vazio. Inflou o peito sentindo o cheiro delicioso dela inundar seus sentidos, denunciando que a mesma estivera ali recentemente. Seguiu até o banheiro retirando suas roupas no caminho, resignado, abriu o grifo do chuveiro e colocou-se em baixo da corrente de água quente, buscando um refúgio momentâneo para fugir de seus pensamentos.

Após o banho, sorriu ao ver sob a cama sua roupa cuidadosamente separada, uma camiseta gola polo de algodão pima, na cor verde, com uma calça de alfaiataria a jogo. Constatou, enquanto vestia-se que alguns hábitos nunca mudavam, nem mesmo sob o pretexto da amnésia, aquela mulher cuidava dele por instinto, por amor genuíno.

Desceu as escadas despretensiosamente, com o estômago roncando de fome. Foi surpreendido por Mel, que ao sentir sua presença, correu estabanada com o rabinho balançando em sua direção.

    ⁃    Eita! Será que a gente tá se acertando, bola de pelo? - Soltou, pegando a cachorrinha no colo e fazendo carinho nela. - Me conta onde tá sua mãe que te dou um osso daqueles bem grandes, vamo danada.

Gargalhou levemente ao soltar o pet no chão e constatar como Mel saia correndo em direção a varanda, latindo enquanto olhava pra trás como se estivesse assegurando-se de que o tutor estava seguindo-a.

Com curiosidade, acercou-se a área externa seguindo a cachorrinha. Sentiu o coração disparar ao vislumbrar a figura feminina que tanto procurara sentada de costas para ele, os cabelos castanhos brilhavam sob os ombros morenos a mostra.

    ⁃    Então você estava aí, escondidinha todo esse tempo. - Aproximou-se e tocou-lhe os cabelos, abaixou-se e depositou um beijo carinhoso sob o topo da cabeça feminina.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 23 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

De que me serve a vida?Onde histórias criam vida. Descubra agora