capítulo 2

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Lyall sai da lareira, tirando a fuligem das vestes, os ombros caídos em derrota. A viagem foi basicamente um desperdício e agora ele não consegue suportar a ideia de dar a notícia ao filho – de voltar de mãos vazias novamente. O homem não tinha a cura para a licantropia. O que ele tinha era uma teoria para desenvolver uma poção que tornaria o lobo dócil durante as transformações. E embora isso tenha sido um avanço, era apenas uma teoria, e Lyall ainda se apega à esperança de que haja uma maneira de reverter totalmente a situação.

Suspirando, ele se move em direção à porta, segurando a vassoura com força enquanto o prédio treme com o estrondo de um trovão. Esplêndido , ele pensa. Que maneira ótima de encerrar uma viagem horrível, ainda mais com um voo de duas horas sob chuva torrencial. Ele não quer atrasar, já que faltam apenas alguns dias para a lua cheia e ele odeia deixar Remus sozinho por longos períodos de tempo. Ele sabe que seu filho está sozinho - claro que as transformações devem ser horríveis, mas ele não consegue deixar de pensar em todas as outras maneiras pelas quais o fato de ser um lobisomem afetou seu filho. Se alguém merecia a melhor infância, tudo do bom e do melhor, esse alguém era o seu Remus.

A tempestade lá fora encharca suas roupas finas segundos depois de levantar do chão com sua vassoura. Ele está semicerrando os olhos através das gotas que respingam em seu rosto, tentando o seu melhor para ficar acima do caminho trouxa abaixo dele. O único benefício da tempestade é que ninguém conseguirá vê-lo voando, então ele não precisa evitar a estrada como de costume.

Um forte relâmpago soa bem à sua frente, enchendo o ambiente com faíscas ofuscantes. Ofegante, ele puxa com força a vassoura quando uma árvore enorme cai em seu caminho, mas ele não é rápido o suficiente. A lateral de Lyall colide violentamente com o tronco largo. Ele cai no chão, sua vassoura se partindo com o impacto.

Esforçando-se para ficar de pé, ele junta os pedaços lascados de sua vassoura. Talvez se ele conseguir encontrar algum lugar fora da tempestade, ele possa consertá-la... Outro relâmpago ilumina o céu, seguido por um estrondo de trovão. Tremendo, Lyall se apressa tentando encontrar um caminho para contornar a árvore que está bloqueando a estrada. Seguindo pela borda da floresta, ele encontra outra estrada, que parece muito mais bonita e é pavimentada com pedras lisas. Talvez, pensa ele, haja uma cidade mais perto por aqui onde eu possa encontrar abrigo e tentar consertar minha vassoura.

Ele sabe que sua vassoura é uma causa perdida, mas a segura contra o peito de qualquer maneira, tropeçando na tempestade à luz dos relâmpagos e da lua crescente quando seus raios zombeteiros voam entre as nuvens de tempestade. Não demora muito para que a estrada termine em um alto muro de pedra com um portão de ferro forjado. Mais além, ele pode ver um castelo decrépito, profundamente degradado, com janelas quebradas e paredes em ruínas. O terreno está coberto de vegetação e ele acha que consegue ver olhos espreitando por entre alguns arbustos, mas Lyall não tem medo.

Antes de Remus ser mordido, Lyall Lupin era um dos mais renomados estudiosos de espíritos não-humanos e criaturas sombrias. Ele fica muito mais confiante em um lugar como este do que na tempestade sem vassoura, então abre o portão. Ela oscila facilmente, incongruente com a aparência enferrujada. Assim que Lyall passa pelo portão e o fecha atrás de si, os feitiços de desilusão desaparecem, deixando-o parado em um lindo jardim diante de um castelo reluzente com paredes brancas lisas e torres azuis.

Ele corre pelo caminho, subindo os degraus de pedra até duas portas altas. Levantando a mão para bater, uma porta se abre pouco antes de seus dedos pousarem. Um pouco mais assustado do que quando acreditava que o local era assombrado e abandonado por humanos, Lyall entra hesitante.

"Olá?" ele grita para a entrada escura. Ao ouvir sussurros, ele gira, procurando. "Olá? Tem alguém aí?” À sua esquerda, ele vê um lampejo de luz mais adiante em um corredor e se move em direção a ele.

Every Rose Has Its Thorns •tradução•Onde histórias criam vida. Descubra agora