GRIM REAPER¹, bellamy blake

039-mutual agreement

———◆———

“SANGUE se paga com sangue ”, diz Iona, observando os olhos de Octavia se estreitarem em confusão. Iona gesticulou com as mãos, olhando para ela com expectativa, e ela balança a cabeça.

“sangue se paga com sangue ”, traduz Iona, suspirando.

Quarto dia de aprendizado de idiomas e Octavia não tinha ido muito longe.

Era algo em que ela vinha pensando há meses, sempre tentando memorizar as pequenas coisas que Lincoln e Iona diziam em sua língua nativa. Seus comentários sarcásticos e contínuos despertaram seu interesse, e ela vinha aprendendo sozinha desde então.

Lincoln, ocupado em ensinar os homens do Campo Jaha a brigar, decididamente não foi uma escolha muito boa, apesar do relacionamento próximo de Octavia com o homem.

Lincoln dificilmente falava como estava e, mesmo quando o fazia, era principalmente em inglês.

Iona, no entanto, ainda murmurava para si mesma diariamente em sua língua materna Quando ela errava, ela murmurava merda baixinho e até transformava seus comentários em frases completas de terceira pessoa.

Faça melhor, Iona.

Você está muito enferrujada, Iona.

Octavia os percebeu, decifrando-os lenta mas seguramente. Foi quando ela murmurou algo sobre Bellamy - algo que Octavia não conseguiu entender nem se lembrou de pedir a Lincoln para traduzir - que Octavia finalmente reuniu coragem para pedir aulas a Iona.

Eles não eram muito próximos, especialmente porque Iona não parecia gostar muito de Lincoln - o que não era um bom ponto de partida, considerando que Lincoln era a pessoa mais importante na vida de Octavia - mas Octavia reconheceu o vigor da mulher.

Iona tinha talento, era implacável e arriscou a própria vida na tentativa de salvar Octavia e Maya dos Homens da Montanha.

Iona também parecia compartilhar desses pensamentos, sorrindo com orgulho ao ver o quão longe Octavia havia progredido desde que as duas se conheceram. Ela não tinha medo e estava determinada; duas coisas que você raramente encontra ao mesmo tempo, mas também são características de um bom guerreiro.

Elas tinham um acordo mútuo: um tanto amigas.

"Será que algum dia serei fluente?" Octavia perguntou de repente enquanto Iona começava a escrever as traduções que ensinara hoje. "Pelo menos, na sua opinião?"

Iona se apoiou nas mãos, deixando o bloco de notas cair sem vida em seu colo, a caneta rolando pelo chão antes de parar muito lenta e gradualmente.

"Sim e sim", disse Iona encolhendo os ombros. "Você tem um talento natural para isso, Octavia. Você aprendeu mais em seu tempo comigo e com Indra do que vários filhos em minha aldeia natal. A língua é difícil, você deveria estar orgulhosa."

As bochechas de Octaivia - embora escondidas atrás de sua pintura de guerra (cortesia de Iona) - iluminaram-se com um tom rosado. Um sorriso orgulhoso tomou conta de seu rosto e ela puxou o lábio inferior para esconder uma pequena risada que escapou.

“Obrigada”, disse Otávia.

Ela não tinha certeza se agora era a hora.

Afinal, Iona sempre pareceu inacessível, ainda mais agora que ela balançava a cabeça rigidamente diante das palavras de agradecimento, ficando um pouco tensa e olhando para o caderno.

Desde que Octavia descobriu que Iona havia perdido sua posição como comandante de Bellamy - algo que Bellamy revelou a contragosto depois que ela admitiu bêbada - ela sentiu pura gratidão pela mulher.

É claro que ainda havia um toque ocasional de medo e animosidade, mas, no geral, Octavia gostava de ter Iona por perto.

Ela nunca teve coragem de mencionar isso, nem agradeceu adequadamente à mulher por seu sacrifício, mas agora - independentemente de parecer ou não um bom momento - seria a melhor chance de mencionar isso, se alguma vez houvesse um.

"Para tudo", acrescentou Octavia lentamente.

Iona suspirou pelo nariz, arrastando o olhar para cima até olhar nos olhos de Octavia. O movimento fez a mulher engolir em seco, ansiosa, com um pouco de medo do que poderia acontecer com suas palavras.

Para sua surpresa, Iona sorriu levemente.

"Não mencione isso", disse Iona, encolhendo os ombros como se não fosse nada. No fundo, porém, seu coração ainda doía por causa do que havia perdido; isso significou muito. "Apenas retribuindo um favor."

Octavia assentiu, mordendo o lábio inferior. O favor. Tudo começou com o favor de Lincoln.

"Qual o tamanho do favor que ele terá que fazer para que seja considerado equilibrado?" Octavia perguntou de repente, seu coração queimando com a ideia de Iona cruelmente enviar Lincoln de cabeça para o perigo.

Iona riu, balançando a cabeça.

"Ele matou Cage. Não podia pedir mais nada."

Octavia suspirou de alívio, sorrindo para si mesma.

Com certeza.