Fugir-2

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- Eu queria te agradecer por aceitar tocar no nosso casamento. - Bose agradeceu, inconsciente de como a simples menção do casamento parecia uma adega no seu coração.

Mas Chapa aprendeu algumas coisas sobre fingir. Sobre sorrir e não permitir que os outros vejam sua dor interior. Então ela fez exatamente isso. Seu sorriso se alargando e suas palavras de gratidão pelo convite, educadas como deveriam ser.

Ela não ficou agradecida pelo convite. Na verdade, ela queria gritar com Bose. Para liberar todas as perguntas e sentimentos reprimidos dentro dela. Chapa queria perguntar por que ele estava fazendo isso. Por que eles? Por que, de todos os grupos, ele teve que escolher logo eles? Mas ela sabia que deixar tudo sair não seria justo.

Chapa sabia que, para o bem ou para o mal, tudo que ela podia fazer era fingir. E é isso que ela faria. Agir como se o outro não passasse de um estranho para ela. Porque nesta vida era tudo que eles eram um para o outro. Isso é tudo que eles poderiam ser. Estranhos.

- Sou Bose. Desculpe, eu esqueci de me apresentar. - A garota soltou uma risada antes de rir sem jeito, o mesmo jeito estranho que Chapa sempre achou adorável. Era difícil não sorrir sempre que o outro mostrava esse lado dela, e assim como na maioria das vezes, Chapa não conseguia esconder seu sorriso.

- É muito difícil estar aqui e não saber seu nome agora. - Ela riu, esperando que a piada fizesse o outro se sentir melhor. - Eu sou Chapa. - Ela ofereceu em troca, uma mão estendida em direção ao outro para ele apertar.

Bose pegou a mão dela e apertou-a com um sorriso que alcançou seus olhos. O coração de Chapa, sem conhecimento de Bose, batia rapidamente com o toque físico. Parecia que tinha passado uma vida inteira desde que ela tocara o outro e ainda assim parecia exatamente como antes. Uma mão suave e quente tocou a dela, e se dependesse de Chapa eles se segurariam para sempre, mas ela sabia que não deveria ser assustadora. Soltando -o, ela pegou o uísque, gesticulando para Bose beber um pouco. Uma oferta que para sua surpresa foi aceitada.

- Lidar com a família é difícil. - Bose explicou, mesmo que não precisasse. Chapa nunca se casou, mas presumiu que seria um dia estressante. Ela entendia porque a pessoas poderiam precisar de uma bebida ou mais.

- Gostaria de falar sobre isso?- Ela ofereceu. Bose sorriu novamente, olhando agora para a vista.

- Eu não acho que estamos te pagando o suficiente para eu te aborrecer com isso. - Chapa riu, balançando a cabeça.

- Considere isso um bônus. - Com um suspiro o outro ainda segurava o uísque nas mãos quando começou a falar sobre isso.

- São apenas as coisas normais de um casamento, e depois essa necessidade desnecessária que meus pais têm de agir como se eu fosse uma criança incapaz de fazer meu próprio bem.

- Isso soa como um motivo para mandá-los se foder. Sem ofensa. - Bose riu, claramente se  divertindo com a falta de filtro.

- Eu faria isso. Mas pode ser visto como algo desrespeitoso, já que estamos em um casamento.

- O noivo não tem direito?

- Talvez eu faça. - Bose brincou de volta, os dois estavam rindo disso. - Eles realmente odiaram a escolha da música, sabe? - Bose soltou alguns minutos depois.

Claro que sim.

Chapa sabia que não deveria perguntar, mas a curiosidade mata o gato, não é?

- Eles não são muito nossos fãs? - Ela perguntou.

- Desculpa, eu não devia ter dito isso. - Bose parecia tão  preocupado, mas Chapa não pôde deixar de rir. Ela esperava isso, então não a surpreendeu em nada. Embora tenha doído do mesmo jeito.

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