Detenção

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A minha vida escolar é a melhor possível. Tenho bons amigos, não tenho muitos problemas com os valentões da escola ou dos alunos do fundão, tento ser amigável com eles para não ser um dos seus alvos, e tenho uma ótima relação com os professores. Mas mesmo que eu me dê bem com todos, ainda tem ela, Chapa de Silva.

Somos basicamente cão e gato, digamos que eu sou o gato, porque ela é um cão raivoso. Sempre evito falar com ela, mas sempre acabamos tendo brigas e xingamos um ao outro. Não lembro muito bem o porquê de começamos a nos odiar tanto, logo no primeiro dia de aula tentei ser amigável, mas ela foi grossa comigo e feriu meu ego e orgulho, eu não podia aguentar tudo calado então desde de então vivemos nos desetendendo.

Maldita seja Chapa de Silva.

Só não contava que uma de nossas brigas acabasse me levando a detenção junto com ela, era a minha primeira detenção durante toda a minha vida escolar.

Estar dentro de uma sala com Chapa ao meu lado, sem nada de interessante ao redor e um quadro com regras da escola não era o que eu planejava quando acordei hoje de manhã. A mais nova tinha a incrível habilidade de fazer meu dia feliz decair por completo, felizmente eu não era o único infeliz nesta sala, Chapa estar nessa situação era igualmente torturante.

O único som presente dentro da sala, era o tique-taque do relógio e nossas respirações, mesmo que só tivesse cinco minutos em que estávamos aqui, parecia os piores cincos minutos da minha vida. Isso realmente estava me fazendo ficar arrependido de ter perdido a paciência e brigado com Chapa durante a aula, a culpa não é minha se essa garota ama encher meu saco.

A sala abriu repentidamente fazendo que nós dois pulassemos das nossas cadeiras, ansiosos para sair daquela sala em que nossa única companhia era um ao outro e o relógio do som irritante,  mas não era bem o que imaginamos, a professora simplesmente pediu para que escrevessemos as qualidades um do outro e saiu novamente, fazendo com que eu me jogasse de volta na cadeira e enfiasse meu rosto no caderno, resmungando de tudo e todos, principalmente de Chapa. Logo meus resmungos parecerem incomodar a mesma, que suspirou com raiva, como se tivesse puxando um pouco de paciência de seu interior.

- Sabia que você era dramático, mas não que era a esse nível! Dá pra calar a porra da sua boca, O'Brien?!

- Se não queria isso por que ficou enchendo meu saco na aula? Você pediu para levar um tapa.

- Eu levar um tapa? Você que apanhou!

- Apanhamos igualmente, mas os meus doeram mais!

- Nos seus sonhos O' Brien, nos seu sonhos.

Revirei os olhos e cruzei os braços, após um tempo ouvi a risada baixa vinda de Chapa e a encarei, não sabia o que ela estava achando tão engraçado nesta situação. Quando percebeu que eu estava a encarando, conteve sua risada e tentou me encarar de novo, falhando miseravelmente e voltando a rir.

- Enlouqueceu de vez?

- É que você parece uma criança birrenta fazendo biquinho. - Riu outra vez.

Sem perceber que tinha feito um biquinho de raiva, o que ocasionou um surto de risos da de Silva, deitei minha cabeça na mesa com vergonha, as risadas de Chapa atingiam meus ouvidos, isso conseguia ser irritante e ao mesmo tempo estranhamente agradável.

Com os olhos fechados e o rosto virado para a porta, não consegui ver Chapa, mas ouvi quando ela se levantou da cadeira e andou pela sala indo até a janela, isso chamou minha atenção então a encarei.

- O que você está fazendo?- Perguntei assim que a vi subindo na pequena janela de vidro.

- Não é óbvio? Vou dá o fora daqui. - Arregalei meus olhos e fui até ela.

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