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ARIA WOOD

Os dias iam passando e aquilo ficava cada vez mais tedioso. Vinnie continuava indiferente comigo, comunicando-se apenas quando precisava de mais informação para a sua pesquisa.

Jordan sempre aparecia e ficava me olhando como se quisesse me bater a qualquer momento. E eu sabia que se ele tivesse a oportunidade, o faria.

Stassie eu estávamos mais próximas, ela vivia me trazendo doces que eu gostava e passávamos horas falando sobre todas as coisas que eu já fiz ao longo da minha jornada. Contei sobre as sereias que conheci, os lugares que visitei e as pessoas com quem tive contato.

— Ela fez mesmo isso? — arregalou os olhos.

— Stela foi a sereia mais doida que eu já conheci! Ela entrava de penetra nas festas de cinema da década de 1960 e ficava com todos os grandes atores! — dei risada.

— Por que nunca fez isso?

— Ah, eu sempre fui muito calma. Nunca fiz questão de sair correndo por aí para fazer coisas malucas. Mas eu tenho uma eternidade inteira pela frente, quem sabe um dia eu não decida viver assim? — o sorriso dela morreu e ela olhou para o chão. — Qual o problema?

— É que... a gente vai envelhecer e morrer... você não. — agora eu também me entristeci. — Nunca teve que se despedir de ninguém?

— Muitas vezes, Stassie. Eu nunca passo muito tempo em um lugar justamente pra que ninguém perceba que o passar dos anos não me atinge.

— E se você ficasse aqui? Nós já sabemos que é uma sereia, não será estranho que você não envelheça. — eu olhei para ela e sorri de lado.

— Não sei se eu suportaria ver vocês morrerem depois de tantos anos convivendo. Infelizmente, eu vou ter que ir embora.

— Stassie, desce daí! — Vinnie, que parecia estar ouvindo toda a conversa, pediu de forma seca para que Stassie descesse. — Dá uma voltinha lá fora, eu vou fazer uma gravação do canto da Aria. Não quero que você entre em transe.

— Mas e você? — Stassie perguntou.

— Aposto que a Aria sabe um jeito de quebrar o transe, não é? — ele olhou para mim.

— Beijando a sereia que cantou para você. — respondi.

— Beijo? Sério? — ele fez cara de tédio. — Não está mentindo só pra me beijar, não é?

— Essa certamente seria uma coisa que eu faria. — eu ri. — Mas não, não é mentira. Pode perguntar ao Jaden.

— Jaden? — Stassie franziu a testa para mim.

— É, não fica com ciúmes! — brinquei com ela.

Ela desceu as escadas e se retirou do laboratório. Vinnie veio até mim com um gravador em mãos. Sentou na borda do aquário e eu cheguei mais perto.

Olhando fixamente para o seu rosto, comecei a cantar e não demorou até que ele me olhasse intensamente, começando a chegar cada vez mais perto. Eu sabia que ele iria se jogar no aquário a qualquer momento.

Coloquei minhas mãos na borda e tomei impulso para sentar ao seu lado. Pousei minha mão em um lado de sua face, continuando a cantar, enquanto os olhos de Vinnie pareciam escurecer mais e mais. Minha voz era como uma anestesia que preparava a alma para ser separada do corpo humano.

Ele mesmo me beijou, segurando meus cabelos e me agarrando de uma forma que eu não conseguiria sair daquele beijo caso quisesse. Nossas línguas brigavam uma com a outra, desesperadas pelo toque, ansiando que algo maior pudesse acontecer com o aumento daquele fogo corporal.

Alto Mar ᵛⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora