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Cecília's POV

Minha prima ergue a placa com meu nome sobre a cabeça, nunca foi tão fácil encontrar meu nome no meio dos outros, considerando que era o único com o alfabeto latino.

Corro em sua direção, puxando as malas atrás de mim e me jogo contra ela, havia dois anos desde a última vez que nos vimos. Ela me abraça com força e eu retribuo enquanto rimos, quando nos afastamos, ela pega uma das minhas malas e a puxa pelo aeroporto.

— Como estão as aulas de coreano? — pergunta.

— É uma língua tão difícil, a escrita então... — eu estava tendo aulas faziam duas semanas e até agora eu sabia muito mal cumprimentar e perguntar onde era o banheiro, fora que, por algum motivo, o duolingo decidiu que seria importante eu saber pedir uma pizza havaiana na Coreia.

— Você tem duas semanas até as aulas, acho que agora que você está aqui, morando e inclusa na vivência, vai ser mais fácil, pelo menos, foi pra mim.

Quando chegamos ao seu apartamento, um cúbiculo que, felizmente, tinha um quarto vago, Solange me mostra onde guardar as coisas e me ensina a utilizar o banheiro. Ela me deixa sozinha dizendo que precisa trabalhar, já que havia pegado o primeiro turno de folga só para poder me buscar, mesmo eu insitindo que não era necessário, então eu aproveito para tomar um banho e me deitar no colchão de ar no chão do escritório.

Eu odiava me colocar nessa situação, mas não queria por meus pés no Brasil nem tão cedo, não para ouvir opiniões alheias sobre o que escolhi seguir, as mensagens eu ainda consigo ignorar e bloquear.

Quando Solange me ofereceu seu escritório, eu pensei bastante sobre isso, o curso da Universidade da Coreia era bom, e era fácil conseguir uma bolsa, mas eu não sabia nada sobre a língua ou a cultura. Em contra partida, eu não precisaria me preocupar com aluguel e gastos fixos por um bom tempo, Solange havia garantido que arcaria com a maior parte dos gasto enquanto eu não me firmasse financeiramente, então decidi me inscrever e ver no que iria dar. Quando entrei, todos comemoraram por mim, Ghesquière enviou um buquê de rosas em seu nome, as meninas com quem eu dividia o apê juntaram suas economias e compraram um bom champanhe e sushi para uma despedida, mas eu só estava preocupada mesmo era em aprender uma língua totalmente nova.

***

Estava sentada em uma cafeteria, tomando meu quarto café, já que o coreano era fraco demais para uma carioca como eu que toma café desde a infância, o notebook aberto na mesa na apostila da aula de coreano, os fones soavam com a voz da professora que explicava sobre honoríficos, minhas aulas na faculdade começavam em cinco dias e eu ainda não havia entendido como aquilo funcionava, por quê não poderíamos simplesmente chamar os mais velhos de coroa?

Me delíciava com uma cheesecake de amora quando sinto um toque em meu ombro, olho pra cima, cruzando mru olhar com o de um homem mascarado de boné. Tento dizer a mim mesma que não estou no Rio de Janeiro ou até mesmo em Nova Iorque, aquele homem não iria colocar uma arma nas minhas costas, mas mesmo assim, minhas mãos soam.

— Cecília? — pergunta e eu reconheço sua voz, mas não o suficiente para apontar o dono.

Franzo meu cenho colocando o prato com a fatia de cheesecake sobre a mesa, pauso a aula e retiro os fones.

— Nos conhecemos? — questiono tentando reconhece-lo apenas pelos olhos expostos.

Ele olha em volta e puxa a máscara para baixo por alguns segundos.

— Jackson Wang, nos conhecemos no jantar da Louis Vuitton há algumas semanas.

Sorrio para ele, contendo a vontade de me levantar e o cumprimentar com um abraço e dois beijinhos na bochecha, já havia cometido esse erro quando Solange me apresentou para sua vizinha.

LOVEHAPPY - KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora