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Eva está dirigindo como uma fugitiva de cadeia.

Estou segurando em todos os meios possíveis para não morrer, sou muito jovem.

Tenho que comprar um capacete pra poder ir de passageira quando ela estiver dirigindo.

Pelo menos minha manipulação deu certo e agora tenho um cartel de coisas gostosas pra comer.

Em um baque meu corpo vai pra frente e quase arrebento minha cabeça no porta luvas do carro.

- Eu realmente preciso de um capacete - falo tirando todo o cabelo que caiu em meu rosto.

Saio do carro e olho como ele está estacionado.

Minha feição está horrizada.

- Eva, você tem um sério problema. - olho paralisada pra ela - o carro está quase no meio da rua, não não, na verdade o quase seria eufemismo, o carro está no meio da rua! - a mesma continua o que estava fazendo, me ignorando totalmente.

- Ok, se vai ser assim, por mim tudo bem - falo estreitando os olhos.

Tive uma enorme ideia, arqueio o canto de minha boca em um sorriso maléfico.

Faço minha cara mais normal e espero Eva pegar toda a compra.

Assim que ela está caminhando para entrar na casa a acompanho.

- Eva, pelo menos pode me dar a chave pra eu fechar o carro e não correr risco de alguém nos roubar ? - sua sobrancelha se arqueia em sinal de desconfiança, então levanto as mãos em sinal de redenção - o que foi !? O porta malas do carro está aberto, e as janelas estão escancaradas.

- Ok Lilith - coloca as compras na mesa e me da a chave pendurada em sua mão.

Seguro minhas expressões para não dar muito na cara sobre meu plano maléfico e caminho em direção a rua.

Quando chego na parte de fora comemoro como se eu tivesse ganhado a copa mundial do Brasil.

Faço uma dança esquisita e sigo em direção ao carro atravessado na rua.

Fecho o porta malas e olho de relance uma sombra preta.

Minha visão vai até a casa do vizinho arrogante e marditinho.

E adivinha, sim.

Ele estava lá, DE NOVO.

Coloco a mão na testa assumindo minha burrice.

- A quanto tempo você estava aí? - pergunto com receio.

O vejo segurar uma enorme risada, e contenho o máximo meu ódio.

- O suficiente pra ver tudo - seus olhos ficam pequenos tentando segurar o riso.

- Merda - sussurro em rendição.

Me viro de costas e entro no carro como se ele não existisse.

Coloco a chave, e ligo o carro.

Subo os vidros, quando estão totalmente fechados fico batendo no volante igual uma louca.

Me controlo e dou ré no carro, assim que ele está virado de frente pra casa, tiro da marcha ré e giro o volante pra direita com uma mão e acelero até chegar perto do portão da garagem.

Puxo o freio de mão e desligo o carro.

Abro a porta e saio, assim que saio vejo os olhos furiosos e surpresos de Eva.

Sorrio forçado, tentando parecer um acidente.

- Nossa, olha - aponto para o carro - quem estacionou seu carro ? - finjo surpresa colocando uma de minhas mãos na boca.

- Sua sorte que você sabe dirigir e por sinal muito bem, onde você aprendeu - sorrio - Quer dizer, porque você pegou meu carro sem a minha permissão? Você não tem carteira.

- Relaxa minha kirida - fecho a porta e entrego a chave em sua mão.

- O que é kiriida Lilith?

- Você, você é uma kirida.

Rio e entro em casa, logo atrás vem Eva.

- Ok, você me convenceu, mas precisa tirar a licença pra dirigir.

- Sem problemas.

- Agora suba e vai se trocar, daqui a pouco os vizinhos vão chegar.

- Ahhhh, blá-blá-blá - falo e saio correndo pro meu quarto na velocidade da luz.

- Olha o respeito Lilith- Escuto seus gritos abafados enquanto entro no quarto.

Fecho a porta e me jogo na cama.

Lentamente contra a minha vontade meus olhos vão se fechando até que adormeço por completo.

***

Acordo abruptamente quando escuto um enorme barulho na porta.

Meus batimentos se aceleram, lembranças voltam e sinto minha pele queimar de nojo.

Minha respiração fica descompassada e começo a respirar pela boca.

Minha garganta arde e tusso, meus pensamentos vão para onde não deveriam ir.

Meu corpo treme e suo frio, escuto a porta bater várias vezes.

Me esforço para voltar ao cenário atual.

Acabou, ele não vai mais entrar.

Repito isso milhões de vezes em voz baixa.

Olho ao redor do quarto e tudo começa a oscilar entre esse quarto e o meu quarto, o quarto que não tinha tranca, e que ficava aberto toda noite, o quarto que ele entrava todos as noites.

O quarto que eu fingia que dormia pra ele ir embora, o quarto que eu deixava o abajur desligado pra não ver a sombra dele.

O quarto das paredes descascadas e um pouco mofadas pelo encanamento ruim.

Me acalmo o máximo que posso quando escuto a voz de Eva.

Conto até dez e respiro calmamente.

- Lilith querida, nossos vizinhos chegaram, já está pronta ?

- Ah, oi, eu apaguei no sono, daqui uns 10 minutos eu desço ok ? Desculpa.

- Ok, não demore tá? E o que significa apaguei no sono querida ? Ah, esquece, estou descendo.

Meus batimentos desaceleram, minha respiração volta ao normal e me acalmo ao ver onde estou de verdade.

Entro no banheiro do meu quarto, ligo o chuveiro e deixo a água quente cair no meu corpo me fazendo relaxar.

Assim que me sinto limpa e confortável desligo o chuveiro e me seco.

Vou até o guarda roupa e coloco um conjunto branco de blusa curta e short de moletom, sem roupas íntimas por baixo, amo me sentir livre, e nem da pra notar.

Vou até o guarda roupa e coloco um conjunto branco de blusa curta e short de moletom, sem roupas íntimas por baixo, amo me sentir livre, e nem da pra notar

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Amarro meu cabelo em um coque apertado e desço para a cozinha.

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