Capítulo 1

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Baekhyun não gostava de recordar do momento exato quando o médico disse que Baekhee, sua irmã mais velha, não havia resistido ao parto da gravidez complicada que estavam tomando todo cuidado por sete meses.

Ele lembra de ter ficado estagnado no lugar e ouvido no fundo de sua audição os gritos de sua mãe dizendo que era mentira e que ia denunciar a maternidade. Os seguranças teve que segura-la pois ela estava disposta a ir para cima do pobre profissional que tinha suor sobre a têmpora e feição triste de quem não conseguiu cumprir o trabalho que tanto se dedicava.

O Byun mais novo não o culpou por nada, era nítido que o médico não queria dar a notícia tão triste à eles, de que uma criança nunca veria sua mãe de sangue que a amava desde o primeiro sinal de enjoo até as primeiras contrações vindas antecipadas, sabia que o médico sentiu a dor que a senhora Byun estava sentindo e que sempre iria sentir.

Não pôde ver sua irmã morta na sala de parto, é claro que não pôde, era antiético, mas quando viu seu sobrinho pela primeira vez na incubadora através da janela de vidro... A primeira lágrima caiu naquela noite. Ele era tão pequeno e significa alto tão grande para si.

Primeiro chorou de tristeza ao lembrar que sua irmã não estava ali para vê-lo e nem estaria pelo resto da vida do garotinho. Que não o pegaria no colo como ela tanto sonhou ao longo dos meses quando ele ainda estava na barriga da mesma. Mas depois, chorou de felicidade. Ah, por quê? Porque Baekhee, antes de partir, disse ao médico que queria que seu pequeno ficasse na responsabilidade sua.

Sim, Baekhee teve o milagre de olhar a única e última vez para o filho antes de fechar os olhos permanentemente; só não o previlégio de toca-lo.

O velório e enterro aconteceu após três dias e foi horroroso reunir a família Byun em um cemitério.

A mulher de vinte e quatro anos parecia saber que não iria aguentar chegar ao fim do parto e já havia escrito uma carta dizendo a mesma coisa que o médico disse para si sobre a guarda do bebê deixada para Baekhyun.

Baekhyun não conseguiu entender como ela confiou tanto em si à essa altura. Era um filho. O seu filho! Não um cachorro que pode ser cuidado por um mês no máximo até chegar de viagem. Era um filho e teria que cuidar pelo resto da vida ou até quando este decidir que iria seguir sua vida sem ele.

A senhora Byun o ajudou a cuidar de Seojun em todos os momentos que podia e não conseguia perder tempo sempre que tinha tempo sobrando para estar ao lado do neto. Aliás, era só eles três agora naquela casa. O senhor Byun morreu há muitos anos atrás, quando Baekhee tinha oito e Baekhyun seis anos. O homem estava devendo à pessoas erradas e acabou pagando com a vida.

Baekhyun nunca conseguiu estar em um emprego fixo por mais de seis meses antes de virar pai do sobrinho. Sabia que manchava sua carteira de trabalho, mas sempre tinha expectativas de que o último emprego duraria e logo alguns meses sabia que aquele tal emprego não seria o último. E quando Seojun chegou, teve que ficar cuidando do mesmo e deixar que sua mãe bancasse a casa. Ele não gostava, porém não tinha opção.

Nem a faculdade tão sonhada ele não pode entrar após o vestibular e ter passado com cem por cento da bolsa.

Fazia alguns bicos em alguns restaurantes, eventos e buffer nos finais de semana quando sua mãe estava em casa com o neto, o que o rendia para dar alguns de seus luxos como um celular novo, alguns roupas que não eram de marcas e também bijuterias que gostava de usar.

Sair para se divertir? Ah, virou tão caseiro que passou a ser uma parte da casa.

{•••}

— Seojun, Pare com isso! Vem aqui agora ou eu vou aí e você sabe o que vai acontecer.

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