Na cidade pacata de Dallas, as notícias voavam com os pombos e pássaros, com pouco menos de 10 mil habitantes, a cidade se mantem calma e parada, completamente sem graça. Cada pequena morte (natural ou não), desaparecimento ou briga a cidade inteira ficava sabendo em poucas horas. O maior caso fazia mais de 60 anos, quando em um acidente de carro alguns jovens morreram, sendo dado ao final como apenas um infeliz acidente.
Hoje seu índice de criminalidade era próximo de ZERO, a cidade mais parada que existe. Os jovens precisavam sempre criar alternativas para diversão, que é tão escassa, entre acampamentos e festas com muitas bebidas na floresta. As lojas populares mais próximas ficavam em outras cidades, assim como o shopping mais perto que ficava a quilômetros da dali. Sem McDonalds, Starbucks ou qualquer outra rede de fastfood sem precisar de pelo menos 3 horas em um carro.
Aqui as notícias voam e a chegada de novas pessoas a cidade sempre atiçava a curiosidade de vizinhos entediados. Uma médica nova e sua filha, se mudaram em meados de outubro, abruptamente ao final do semestre escolar e em um frio característico da cidade.
- Vamos precisar comprar roupas de frio -a mais jovem disse esfregando as mãos e aumentando o aquecedor do carro.
- Isso não vai ser um problema querida -respondeu a mais velha, dando um pequeno sorriso - Nossas coisas vão chegar amanhã cedo, Markus me confirmou.
Com apenas um menear de cabeça a garota recostou no banco, tentou novamente dormir, ainda faltavam algumas horas para chegar na pequena cidade em que sua mãe e ela decidiram se mudar.
Não que fosse o menor dos seus problemas, mas estava realmente preocupada sobre a ida para escola, iniciar praticamente no fim de ano, ela ainda achava que seria melhor pular esse período e só entrar no próximo ano. Já bastasse o fato de ser uma estranha indo para uma cidade em que todos queriam ir embora.
Sua mãe arrumaria a papelada e iniciaria a escola em uma semana. Não que precisasse de tempo para explorar a cidade, levaria mais ou menos 1h para conhecer tudo, assim pensava.
Chegando à cidade, uma pequena até então construção chamou a atenção delas.
"CIRCUS: Red House"
Ao lado da placa uma caveira acenando sem parar com uma placa menor escrito: Reinauguração em breve.
- Parece ser uma casa de terror -a mãe informou -Achamos uma diversão! -diz animada tirando as mãos do volante por um breve momento.
A garota simplesmente acenou com a cabeça e voltou a encostar no banco, não estava animada e aquilo não seria sua diversão. Ela detesta circo, mas gosta da parte do terror, mas sem amigos não poderia ir sozinha, "sem chance" pensou.
Duvidava que pudessem ser felizes naquele lugar, elas não eram dali, acostumadas com a cidade grande e correria do dia a dia. Morar ali não seria fácil, ela sabia disso e sabia que precisavam ficar ali.
A casa da família Alencar era grande, mas estava vazia a anos, sábia foi a decisão de quando seu avô resolveu ir embora daquela cidade. A casa até então estava completamente abandonada.
Makus foi mais esperto que elas, mandou uma pessoa ir até a casa conferir portas e janelas, assim como limpar e levar a mobília nova. A casa ainda cheirava a mofo, mas agora com toque de desinfetante e água sanitária.
- Enya venha logo -gritou a mãe, chamando pela filha que tirava algumas bolsas do porta-malas.
Enya bufou com raiva, se controlando para não xingar a mala presa. Puxou e puxou, mas a mala nem se mexeu, desistindo ela jogou tudo de volta e fechou com força a porta.
"Lembra? Calmaria na tempestade." pensou, aquela velha frase idiota de sua psicóloga ecoou na sua mente, contou até 3 pausadamente, ajustou o moletom e seguiu em direção a casa de mãos vazias.
Mais aos fundos da propriedade havia dois pequenos galpões e um grande jardim em frente, em volta várias copas de arvores e a escuridão para dentro da floresta. Em breve ela iria explorar o galpão e a floresta, em busca um lugar tranquilo perfeito para seus devaneios.
- Esse espaço todo é a propriedade? -Enya perguntou para a mãe.
- Sim! Incrível, não é? Enorme. Na época da construção da casa, queriam construir um prédio enorme aqui, mas como pode ver -soltou uma risada baixa -a cidade é vazia. Quem viria para cá?
"Exato" pensou, "Quem viria para cá?".
- Podemos fazer um jardim -completou animada.
- É pode ser -Enya respondeu com o olhar vago.
"Talvez ela só esteja cansada da viagem", pensou sua mãe.
Exploraram a casa, com vários cômodos, Enya escolheu o quarto mais a fundo da casa, mais silencioso e mais escuro. A mãe ficou com a suíte maior a frente.
Outros 3 cômodos ficaram vagos no segundo andar, o térreo era cozinha, copa, sala de estar, hall de entrada e dispensa. No 3° andar apenas o sótão.
A noite caiu como uma luva, as duas não tiveram tempo de fazer nada mais do que arrumar e organizar o básico, a dispensa estava vazia e por isso já planejavam fazer uma boa compra na manhã seguinte e ir visitar a cidade, assim como concluir a matrícula na nova escola.
Dormir foi fácil, o cansaço as dominou, nem mesmo os ruídos da madeira velha da casa conseguiu as acordar.
Amanhã certamente seria um longo dia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Red Awakening - O Despertar Vermelho
Teen FictionEnya Alencar e sua mãe se mudam para a pacata cidade de Dallas, tentando quebrar as barreiras do passado, sua mãe tenta seguir em frente voltando para a casa de sua infância, porém Eny não se sente tão confiante que vai conseguir viver sem medo do p...