Capítulo 3 - Cidade Pequena

69 24 215
                                    

Enya

Acordo assustada, a claridade batendo no meu rosto, o livro jogado em um canto do quarto, provavelmente me cansei de ler ontem e caiu enquanto eu pegava no sono.

Lavo o rosto e escovo os dentes. Tento dar uma ajeitada no cabelo, mas hoje estou sem paciência então faço um coque mal feito. Desço para a cozinha quando sinto um cheiro agradável de torradas e café fresquinho.

- Oi querida, bom dia –diz mamãe sorrindo, percebo o mesmo coque mal feito que o meu e solto uma risada. 

- Bom dia mãe -olho para ela desconfiada –de onde você tirou essa comida?

- Markus trouxe –sorriu tímida, estreito meus olhos ainda mais –eu sei o que você está pensando Eny, mas ele quer ajudar e quer saber, eu vou aceitar o café e as torradas –ela ri divertida.

Markus é o irmão mais velho do meu pai, ele sempre foi muito presente na nossa família e depois de tudo, acho que se sente culpado e está nos ajudando, acredito que não tenha muito o que ele pode fazer  já se passaram meses, não acho que ele pode controlar nada e me sinto desconfortável agora, mesmo não sabendo se deveria ou não.

Faço um leve aceno, minha mãe diz saber o que penso, mas na verdade nunca lhe contei nada então não tem como ela saber, eu só sinto algo e é algo ruim. Eu posso simplesmente estar paranoica eu sei, mas quando você tem medo mesmo que seja um medo irracional é assim que você age.  

Me sento a mesa e começo a tomar meu café da manhã, torradas com queijo e orégano, torradas com manteiga e um café com leite. Acho que meu orgulho não é páreo para minha fome. Aparentemente o tio Markus foi dar uma volta pela propriedade que por sinal era muito grande. Verificar cercas, grades, galpões. 

Bem, vou ter que adiar minha exploração, já que não queria topar com ele. Mesmo que seja algo inevitável. 

Decidimos ir para a cidade, encher a dispensa e terminar a matricula da escola. O caminho foi super rápido e calmo, se passamos por 2 faróis foi muito e por uns 5 carros também. Algumas pessoas caminhavam e reparei como a maior parte já se parecia com pessoas de terceira idade. Ou por que é ainda 09 horas da manhã e ninguém da minha idade acordaria esse horário. 

- Ou, por que é uma quinta feira e todos da sua idade estão na escola, mocinha -mamãe me respondeu e eu não tinha percebido que falava em voz alta até agora. 

- Vou ao mercado, se quiser pode explorar por ai -ela diz calma -Você esta com seu celular?

- Sim -respondo.

- OK, quando eu for embora te ligo. 

Saímos do carro enquanto ela foi até o mercadinho, olhou para trás por um momento me encarando, como se olhasse ao fundo dos meus olhos. 

- Eu não vou me perder -ri suave e acenei. Ela assentiu e seguiu para o mercado. 

Não era como se essa cidade aparentasse ser perigosa, nem mesmo grande o suficiente para que eu me perdesse. Mamãe vivia preocupada. 

Andei calmamente pela Av. principal, sem pressa, observando as estruturas da cidade, algumas mais rusticas e outras que pareciam ter sido revitalizadas a pouco tempo, no centro uma pequena igreja branca e até mesmo um grande sino em cima, mas este parecia enferrujado. Bastante comercio, mais do que eu imaginava, lojas de materiais de construção, jardinagem, produtos naturais, artesanais e até de temperos. Assim como um pequeno sebo de livros, onde em breve daria uma olhada com mais calma. 

Algumas intersecções seguindo pela direita e esquerda, resolvi me manter do mesmo lado e virei a esquerda em uma pequena viela, onde me surpreendi com um pequeno bar, duas mesas do lado de fora e grandes vidraças onde mostrava dentro um ambiente até aconchegante. 

The Red Awakening - O Despertar VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora