Capítulo 6 - Nosso Esconderijo

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Enya

A semana passou rápido e eu começava a me acostumar com o clima e as pessoas daqui. O jardim em casa começava a tomar forma e eu ainda poderia apostar que mamãe mexia nele quando eu não estava. A escola ainda não tinha recebido meu histórico e por isso os professores me encheram de trabalhos para compensar nota, fazendo com que minha semana fosse super corrida.

Conheci algumas pessoas e não lembrei do nome de nenhuma, algumas chatas e sem graça ou talvez eu esteja querendo de mais. Zoe era um amor e me ajudou com a maior parte dos trabalhos, arrumamos um tempo livre e sempre que dava nos enfiávamos na biblioteca. Ela era engraçada sempre falando de meninos, super emocionada o que eu achava até fofo. 

Muitas pessoas falaram comigo, por ser cidade pequena eu imagino, recebi até mesmo alguns convites para sair, me senti a ultima bolacha do pacote. 

Eu não queria, mas acabei descobrindo alguns padrões, a Barbie de Dallas era Lindsay Dumas, filha do prefeito, rica e bonita, era famosa também pelo seu Ken, Chai Cohen um dos corredores que já disputou maratona internacional em nome da escola, alto, loiro e bonito. Alguns outros nomes do grupo de amiguinhos eu não fiz questão de lembrar.

Eu não estava interessada muito nisso, na verdade eu procurava uma pessoa em especifico, um cara alto e filosófico talvez, que gostava de andar em cemitérios. Talvez ele realmente não gostasse muito de vir para escola.

Bufo nervosa quando um grupo no fundo da biblioteca começa a rir alto e fico ainda mais irritada por saber que as pessoas não conseguem entender uma mísera placa de ''SILÊNCIO''. E começo a devanear sobre como obrigar eles a fazerem silencio, pensamentos bem criativos diga-se de passagem. 

Sou interrompida dos meus pensamentos obscuros sobre como eu faria para enfiar aquela placa goela abaixo de cada um deles, quando sinto um sussurro perto do meu ouvido. 

- Oi -diz sussurrando e sinto o calor só seu halito em minha nuca, acabo me arrepiando até a ponta dos pés. 

Me movo rápido assustada, involuntariamente me jogando para o lado e consequentemente quase caindo de cara no chão. Alguém me segura pelo pulso e me puxa de volta. 

- Opa, calma ai -dou de cara com Ivan rindo enquanto ainda segurava firme meu pulso - Eu não mordo gatinha -ele diz sorrindo, acabo abrindo um sorriso branco em agradecimento, enquanto aliso minhas roupas desajeitadas - Pelo menos não assim -ele sorri maldoso. E meu sorriso cai no chão sendo substituído por minha carranca mal humorada de sempre. 

Não respondo, apenas reviro os olhos. A mão fria que ele me segura possui uma tatuagem grande de aranha no dorso, com varias ramificações como raízes de uma arvore saindo dela e essas raízes estendendo para todos os dedos um por um, uma tatuagem delicada mas ainda assustadora. Não me lembrava dele ter uma tatuagem assim tão grande na mão direita. 

 Me solto do seu agarre e tento me concentrar novamente no livro de Trigonometria, Ivan nem se mexeu e ficou ali apenas parado me observando como se esperasse algo. Bufei irritada novamente quando mais risadas altas ressoaram, eu estava prestes a pegar aquela placa e botar em pratica a violência gratuita. 

- Eu conheço um lugar mais tranquilo -Ivan diz calmo, me viro encarnando seus olhos azuis, ainda sem dizer nada o observo desconfiada - Para estudar e tal -ele diz apontando para os livros na mesa. 

Mais uma risada alta ressoa e resolvo aceitar sua oferta. Junto meus livros e jogo dentro da bolsa e me levanto. Sem tempo para entender ele segura minha mão e praticamente me arrasta ao fundo da biblioteca, passamos pelo setor de HISTORIA, FILOSOFIA, LITERATURA INFANTO-JUVENIL e mais ao canto direito um pequeno corredor vazio e uma escada em caracol. 

The Red Awakening - O Despertar VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora