Enya
Rodei na cama por pelo menos 2 horas sem ter muito o que fazer, na verdade totalmente sem sono e me sentindo ansiosa, cama diferente, casa diferente e Ivan ao final do corredor, me causando pequenas ondas de animação e inquietação. Cheguei a cochilar por alguns momentos mas sempre voltando a acordar assustada e aflita, resolvi não tentar mais dormir.
A chuva continuava a cair forte, alguns poucos raios ainda apareciam me assustando e percebi quando a luz acabou já que a pequena iluminação que vinha da fresta da porta sumiu. Não costumo ter medo do escuro, sempre penso que tem coisas piores para se temer, o escuro não me assustava, geralmente ele me causava conforto.
Mas agora eu me sentia extremamente assustada, talvez por conta dos raios e dos trovoes, ou simplesmente por que estava triste. Coisa que até então eu não tinha percebido, eu estava triste e cansada, estava me sentindo sozinha e com imensa vontade de sumir. Me segurei para não chorar, estava cansada de tanto chorar e prometi a mim mesma que iria parar.
Me surpreendi com uma mensagem de Celline as 3h da manhã, já fazia alguns dias que não nós falávamos e eu sempre na correria acabava esquecendo de mandar pelo menos uma mensagem para ela.
''Oi Enyyy, faz tempo que não nos falamos, como você está? Adivinha onde estou??"
Ri com sua mensagem, ela parecia empolgada até mesmo via SMS. Respondi perguntando onde ela estava, possivelmente mais alguma balada louca que ela arrumava sempre. Ela não respondeu de imediato, por isso imaginei que ela já devia estar super bêbada e caída. Já não ficava mais preocupada com ela, ela sempre sabia se virar.
Me lembrando que a muito tempo não bebia, saudades do álcool mas também prometi que não ia mais beber como antes.
Com tédio encarei o teto por alguns minutos e o sono começava a voltar, meus olhos pesando cada vez mais e o corpo relaxando. Bocejei preguiçosamente.
Meu pequeno momento de sono foi arruinado quando um estrondo vindo do corredor me fez pular da cama, barulho de vidro quebrando.
Não sabia se deveria sair do quarto, mas minha curiosidade me impedia de ficar parada sem fazer nada. E com certeza não conseguiria voltar a dormir depois dessa de qualquer forma.
Abri a porta do quarto lentamente, colocando apenas a cabeça para fora. A luz do quarto não acendia e o corredor estava escuro, realmente está sem energia.
Em uma ponta do corredor uma janela está aberta molhando o chão e criando pequenas poças de água, a outra ponta do corredor é uma porta possivelmente o quarto de Ivan, a porta está semiaberta.
Outro barulho alto de vidro espatifando me fez pular novamente, dessa vez percebi que o barulho realmente vem do quarto.
- Você tem que me deixar fazer isso -ouvi uma voz falando nervoso - Nos não temos mais tempo!
Reconheci a voz familiar de Ivan.
- Argh -ele soltou um murmúrio de dor.
Sem perceber fechei a porta e sai para o corredor escuro, andando a passos curtos em direção ao quarto de Ivan, consegui escutar duas vozes, murmurando e brigando.
Ivan e Lao. Estavam brigando, algo sobre controle e datas. Fiquei subitamente nervosa em imaginar os irmãos essa hora da madrugada brigando por coisas idiotas. Pensei em fazer uma entrada chamativa chutando a porta do quarto, mas não era assim que eu queria que Lao se lembrasse de mim ou que eu parecesse mais doida ainda para o resto da família deles.
Fora que eles poderiam estar seminus, talvez não seja uma má ideia. Bufei exasperada, de onde eu tirava esses pensamentos.
- Olá? -falei baixo, chegando próximo da porta segurei forte na maçaneta, me sentindo erroneamente empolgada com a situação.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Red Awakening - O Despertar Vermelho
Fiksi RemajaEnya Alencar e sua mãe se mudam para a pacata cidade de Dallas, tentando quebrar as barreiras do passado, sua mãe tenta seguir em frente voltando para a casa de sua infância, porém Eny não se sente tão confiante que vai conseguir viver sem medo do p...