⚜️Talk⚜️

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Oioi, gente! Postei os últimos dois capítulos na correria, então nem falei nada, mas cá estamos!

Estou  revisando alguns rascunhos que tinha guardado aqui e ainda não tinha postado, então, aproveitem!

Infelizmente, ontem o Wattpad e não postou o capitulo anterior completo, ficou faltando a parte final, então recomendo que voltem para entender onde estamos, já que esse capítulo é continuação imediata. Espero que gostem!

Boa leitura!!

*************

Chris

A primeira vez que vi Scarlett chorar, ela havia recebido a notícia do falecimento da avó. 

A segunda vez, ela havia falhado no teste de meio do semestre de oncologia e havia admitido pela primeira vez que precisava de ajuda em uma matéria que eu sabia. 

A última vez foi quando ela terminou comigo. 

Acho que foi também a primeira vez em que ela me viu  chorando. 

Em todas as outras situações eu escondia, brincava sobre algo ou desconversava, secando minhas lagrimas muito antes de que elas pudessem molhar meu rosto. Aquela havia sido a primeira vez que ela havia visto meu coração despedaçado e totalmente exposto, bem na frente dela, foi a primeira vez que a permitir me ver assim, como uma maneira de convencê-la de que nem minha maior vergonha poderia ser escondida dela, que nunca conseguiria mentir o suficiente para ela a ponto dela me desconhecer. Eu sempre iria ser verdadeiro com ela, por mais que isso doesse em mim, por mais que tivesse de me ajoelhar e pedir perdão por algo que eu nem sequer havia feito, apenas para que ela ficasse. E assim o fiz.

E faria novamente.

Mas agora, algo me diz que, enquanto ela disfarçava o choro com a desculpa de que a cebola que cortava estava ardida, era a minha vez de ver o coração dela despedaçado, na minha frente, sem nenhum indicio do que poderia ter acontecido, tendo a completa certeza de que ela nunca se esconderia completamente de mim. De que sempre seria verdadeira, por mais que isso doesse como o mundo caindo sobre os ombros dela.

"Scarly"

"É a cebola, Chris." ela tenta sorrir, enxugando as lágrimas com o antebraço, sem ao menos soltar a faca.

"Eu ia só pedir pra você me passar o queijo." Comento, vendo ela perceber que estava hiper reativa sobre qualquer indicio de estar chorando e suspira, soltando os ombros em derrota, enquanto pega o pedaço de queijo que estava a frente e me entrega.

Seguro o pulso dela a fazendo demorar e finalmente olhar pra mim. Sigo observando o cabelo ainda molhado, agora pelo banho quente, alguns tons mais escuro, chegando perto de como a conheci, vinte anos atrás. Nada mudou muito, a calça de pijama confortável que ela vestia e a regata que se colava ao corpo dela, exatamente nos lugares certos ainda estava lá e me faz  lembrar de como éramos exatamente assim, e aparentemente nunca deixaremos de ser, cozinhando, em silêncio, tarde da noite, depois de finalmente parar de estudar e resolver deitar na cama para assistir algo e cair no sono em menos de 10 minutos.

Aquela que segurava o queijo em uma mão e agora olhava em transe para o ponto onde eu acariciava o antebraço dela, enquanto se apoiava no balcão, não era ela. Não por inteiro, e sim uma versão completamente quebrada e destruída por dentro, que parecia nem realmente estar ali. Mas estava. E é a Scarlett mais verdadeira que vejo desde a última vez que a vi.

"Se precisar conversar..."

"Ele me traiu" a frase parece pular para fora da boca dela, sem barreiras, como se a represa houvesse rompido e ela vomitasse tudo que estava guardando sabe-se lá há quanto tempo. A afirmação era dura, aparentemente envelhecida e tão suja que, pelo modo que sai e fazia todo o rosto dela se contorcer em dor, angústia, alívio e desamparo, a corroía por dentro, se espalhando como uma praga em um turbilhão de emoções que ela, mesmo que tentasse, não poderia mais guardar só pra si. E é nesse momento que imediatamente o arrependimento invade o olhar dela. "Desculpa"

"Não, tudo bem... se precisar falar sobre..." meu coração bate em algum ponto entre minha jugular e minha boca, e começo a sentir todo o peso da informação invadindo meu corpo. Quero reagir sem ao menos saber tudo, quero protegê-la dentro do meu abraço enquanto passo por cima daquela árvore no meio da estrada e persigo o noivo dela até o inferno e o faço pagar pelo que está fazendo ela sofre. Por ter tido a covardia de fazer o que me acusaram por anos de ter feito mas que, ainda sim, a fez sofrer da mesma maneira, por anos. E agora isso acontecia, de verdade, com ela. De novo. E ela sofre. De novo. E eu a vejo chorando.

Pela quarta fez.

Destruída, em pedaços tão pequenos que nem mesmo dois de nós somos capazes de junta-los. 

 "Como descobriu?"

E, antes que eu possa falar qualquer coisa mais, ela solta tudo. Do balcão ao queijo que segurava e tento a aparar quando finalmente se solta para meus braços.

Deus, só faz isso parar, faz parar essa dor dela.

A acolho dentro do abraço e não há mais o que possa fazer além de nos sentar no chão, a abraçar perto e firme o suficiente enquanto ela chora copiosamente e eu desejo que essa dor saia dela venha para mim, apenas para vê-la vem. Mas isso não acontece, ficamos ali, sentados, chorando e abraçando um ao outro. Beijo seu rosto salgado das lágrimas, busco os olhos verdes, mas estão perdidos no vermelho que recobre o rosto todo dela. Quando sinto os dedos finos em minha bochecha percebo que ela seca minhas lagrimas incontroláveis também. 

E ela me vê chorar pela segunda vez.

****

 "Tenho uma amiga que trabalha no mesmo escritório que ele, ela já havia me alertado que os outros relacionamentos dele não haviam sido tão diferentes, mas pelo menos o nosso estava indo mais longe do que os outros." ela finalmente consegue falar quando nos acalmamos e ficamos sentados lado a lado no chão, encostados contra as portas de madeira do balcão com a garrafa de Vodka entre nós.  A vejo mordendo o lábio inferior com força quando sente o choro ameaçar novamente, mas mata as lágrimas com um gole longo da bebida. "Pedi pra ela ficar de olho, mas me despreocupei, já que ele estava viajando... Teoricamente." ela balança a cabeça em descrença, brincando com o plástico que girava sobre o gargalo da garrafa  "A Tess sempre fica até mais tarde no escritório e o viu entrando ontem a noite. Olhou pelas câmeras e me mandou as fotos... " ela olha pra cima, tentando controlar as lagrimas que já parecem a irritar. "Ele e outra mulher. Dentro do nosso carro, se beijando. Não faço ideia de quem seja, mas sei que não era eu, então..." ela solta com nojo, dando de ombros, derrotada, retirando a aliança de noivado e a olhando com rancor "E, então, é com isso q eu fico." ela gira a joia entre os dedos "Com uma merda de uma aliança que não significa absolutamente nada!" E antes que eu possa reagir a aliança é jogada contra a parede do outro lado da sala e ela segura o grito entre os dentes.

É inevitável que eu a puxe para um abraço forte tentando arrancar toda aquela dor dentro dela, principalmente quando a sinto soluçar e tentar me bater, como fez há 20 anos. Mas não fui eu quem quebrou o coração dela. Nem um mal entendido. Aquilo era o maior e mais puro sofrimento, visceral, de ter se entregado a alguém e ter sido rasgada ao meio pela indiferença. As mãos dela tremiam contra mim me seguro para não junta-las a minha e beijar as pontas dos seus dedos, a puxar novamente e a beijar por completo, tentar arrancar de uma vez aquela dor do peito dela, transpor para mim e fazer com que todo o sofrimento dela parasse.

Como um lampejo, vejo como aquele desentendimento de 20 anos atrás realmente havia a destruído. Ela deve ter demorado tanto para se permitir amar alguém novamente, demorado tanto para confiar novamente e, com uma foto tudo foi destruído, tudo dentro dela parecia estar em pedaços, e o que me doía mais, além de vê-la daquele jeito era saber que se talvez eu tivesse lutado mais por ela, se tivesse deixado meu ego ferido de lado talvez ela não estivesse sofrendo agora.

Eu não teria a coragem de destruí-la dessa maneira. Nunca.

"Scarly..." eu começo, segurando o rosto dela entre as mãos. 

"Não... por favor" Ela me afasta, rastejando pelo chão confusa, e, antes que eu consiga processar, ela sai pela porta da frente.

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⏰ Última atualização: Mar 18 ⏰

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My Name is... "Your Ex" || Evansson AUOnde histórias criam vida. Descubra agora