_Leo! – Exclamei e corri até ele. O virei de barriga para cima. Ele estava desacordado. Bati em seu rosto, de leve. _Leo!
Ele piscou os olhos.
_Leo! – Exclamei de novo, dessa vez aliviada por perceber que estava vivo. Seu lábio sangrava e havia um hematoma horroroso em sua bochecha direita. Além disso, era claro, havia um corte horrendo em seu supercílio, que ensanguentara seu rosto.
Leo estava com os olhos semicerrados.
_Milla? – Sua voz saiu tão rouca que me arrepiou. Seu tom era confuso.
_Sim, sou eu. O que aconteceu? – Perguntei aninhando sua cabeça em meu colo e pensando em como carregá-lo-ia por mais de dois quilômetros. Leo era enorme.
_O que você está fazendo aqui? – Ele tentou se levantar, mas gemeu e levou a mão às costelas.
_Calma, Leo. – Eu disse ainda tentando pensar em alguma coisa. _O que dói?
_Seria mais fácil dizer o que não dói. – Ele respirou uma vez. _A costela é o que mais dói.
_Está bem. Vou te ajudar a levantar. Consegue andar sozinho?
_Como acha que cheguei até aqui? – Ele perguntou não muito feliz.
_Na verdade acho que você se arrastou até aqui. – Respondi sinceramente analisando seu estado.
Ele me lançou um olhar nada amigável, seguido por uma careta pelo esforço de se levantar.
_Se apoie em mim. – Eu disse ao ver que Leo mal conseguia parar em pé. Vi em seu rosto que gostaria de negar a ajuda, mas não estava em condições. _Vou te levar até a parada. Tem um posto lá.
Leo sorriu.
_Eu que deveria estar protegendo você. – Olhei pra ele. _Mas é você quem está me ajudando. – Desviei o olhar. Não sabia como responder a isso.
_Como está o meu pai? – Perguntei o que precisava saber. Não podia abandonar Leo aqui, ele mancava se apoiando em mim com uma mão nas costelas machucadas. Eu tinha que levá-lo para um lugar razoavelmente seguro e cuidar dele. Salvar meu pai teria que esperar um pouco mais.
_Está vivo, é o que importa. – Ele respondeu. Engoli em seco.
_É o melhor que eu poderia esperar.
_Ela não vai matá-lo. – Olhei para Leo. _É a única arma que tem pra usar contra você. É a única garantia de que você vai voltar. – Processei a informação por um instante.
_Mas se eu não voltei até agora, o que garante à ela que eu voltarei um dia para resgatá-lo?
Leo fechou os olhos. Tinha algo que ele não queria me contar.
_Ela vai apostar alto.
_O que quer dizer com isso?
_O casamento vai ser no final de semana.
_Eles realmente vão se casar?
_Vai ser na própria fazenda. Ela não pode entrar em um templo sagrado como uma igreja, por exemplo.
_Pode ser uma pergunta estúpida, mas por quê?
_Por incrível que pareça, certas crenças da humanidade são puras e boas. A ideia de um deus pra eles é a ideia de perfeição. A perfeição é pura e boa. Os templos sagrados são construídos por essa ideia de perfeição. Então são cercados e possuídos por energias que repelem aquilo que for seu oposto.
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SOMBRAS I
FantasiVivendo sozinha em Boston, tentando fazer uma vida para si mesma, ela tenta ignorar o frio na espinha e o terror cada vez que cai na inconsciência: Milla está sendo atormentada por pesadelos cada vez mais recorrentes, e cada vez mais reais. Sua vid...