Capítulo 10 - Querido Kill

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ARABELLA

Ano 7026

Não amanheceu ainda, mas mesmo assim fiz uma sexta de café da manhã saqueando a cozinha real e fui até a linda colina que eu havia descoberto na tarde anterior graças a Zafíra. Estendi um lençol no chão, coloquei os pães, uma limonada roxa que cheirava a lavanda, manteiga, bolo, guloseimas com chocolates que eu não conseguia pronunciar o nome e um bule de chá de erva doce.

Me sento em uma almofada que dessa vez era minha, observando o lago lá em baixo e seus gansos selvagens que já estavam acordados.

Escuto a grama ser amassa e olho para cima. Avisto Killian descendo a colina descalço, vestindo uma calça bege e uma camisa branca, um pouco transparente, assim como minha camisola de senhorinha.

Lá se vai meu café ao por do sol em paz.

- Não sabia que você podia rabiscar a mão alheia. O que você quiz dizer com aquilo? - O ataco primeiro quando ele chega, ergo meu rosto para o céu, tentando enxergar sua cabeça que quase parece tocar as estrelas observando do chão.

- Acalme-se. Tenha calma, Bella. - A voz dele estava rouca e gentil, seus cabelos curtos estavam desgrenhados.

- Não gostei daquilo, você insinuou que eu estava com ciúmes de você.

- Não é sua culpa, a ligação torna as pessoas possessivas. Os sentidos ficam turvos. - Não consigo identificar se é uma piada ou um fato. - O sol nem acordou ainda e você já está pronta para a guerra.

- Vou assistir ele acordando. Sente-se aí. - Killian obedece.

- Mas não te julgo pelo pico de ciúmes, te julgaria se não sentisse nenhum. Só não esperava a agressividade. - Este miserável está zombando de mim.

- Você vai se calar ou quer que eu lhe expulse daqui á ponta pés?

- Vou me calar, Bella.

- Ótimo, Kill.

- Kill?

- Você me chama de Bella, é mais que justo eu lhe chamar de Kill. - Ele sorri, algo bonito. - Tenho costume de dar apelidos.

- Eu também.

- Eu sei.

Olho para o Horizonte, pequenos raios de luz começam a brotar atrás de um morro. Abocanho um docinho e pisco forte para o mundo.

Killian varia o olhar do sol nascendo para as barras de renda da minha camisola comprida, que cobria minhas pernas e me protegia do orvalho matinal. Já não estava tão calor para dormir com retalhos, como eu gostava.

- Está encantado por meus pés? - Pergunto. Também não usava sapatos e coloquei os pés para fora do lençol, queria sentir a grama geladinha e descarregar minhas energias densas na terra.

- Não. Me lembro da mãe do rei com uma camisola dessas. - Ah? - Aos 76 anos, no leito de morte.

- Que horror! - Uma rajada de congelante bate contra a lateral de minha cabeça e meus cabelos soltos se emaranham.

Eu observava o nascer do sol e Killian me observava.

Por que diabos Arabella agora estava com um feérico guerreiro que praticamente a sequestrou dentro do sequestro dela?

Mas talvez o perigo aqui, na verdade, seja só eu.

- Pare de me olhar assim, por gentileza. - Não é só uma provocação, estou desconcertada.

- Assim como? - Ele pergunta de forma gatuna, sua voz me causa arrepios. Não vou responder. Volto meus olhos para o sol bebê.

Sinto algo de aquecer dentro de mim, me esquentando do tempo frio, como uma pequena lareira que no lugar de lenha, havia outra coisa a alimentar o fogo.

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⏰ Última atualização: Jul 02 ⏰

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Dobradora de CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora