Capítulo 2 - Ovo Abortado

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ARABELLA

Ano 7026

Saí da hospedaria e fui caminhando até a parte mais perigosa e suja de Torydan, a costa leste, que sempre tem dinheiro e que nunca demora muito até aparecer algum troglodita para me azucrinar. A vida é dura e aqueles saltos estavam matando meus pés. Avistei uma criatura interessante contando dinheiro junto de um homem familiar a minha frente, Aaron Cormell, o maior desgraçado da capital. Se eu não o encontrasse aqui, não o encontraria em lugar nenhum. O homem que estava com ele saiu andando e ele se virou para partir. Agora é o show.

- S- senhor! Me ajude, por favor, eu não estou conseguindo andar! - Eu digo dengosa, mimada, com um sotaque sulista e então o Sr. Cormell se virou com uma sombrancelha em pé.

- Em que posso ajudá-la, senhorita? - Me escorei nele de uma forma completamente natural para mim e invasiva para ele, tirei meu salto gemendo de dor, enquanto ele dizia.

- Por que a senhorita está aqui? - Pisco para ele e na sequência, acerto seu queixo de baixo para cima com o bico do lindo modelo da última estação que havia acabado de sair de meus pés doloridos de uma forma fabulosa! O homem ficou tonto com a pancada e eu acertei sua fonte, dessa vez, com o salto. Lhe chuto e ele cai, pego a primeira pedra que vi em minha frente e bato em sua cabeça com toda a força que tenho. Abro seus bolsos e saio dali com oque devia ser necessário, completamente em pânico e fugi. Ele podia ser ladrão, mas eu tinha um sangue mágico e uma falta de juízo extremamente úteis.

Mas não era possível! Eu consegui um convite e até agora não entendi como, acabei de derrubar o ladrão mais vagabundo que cruzou meus caminhos e estou ileza. Será que é sorte ou ele não estava em um dia bom e eu sou linda de mais para a visão humana? Talvez eu deva ter assumido meu papel de protagonista do meu próprio livro. Esse pensamento ascendeu uma lâmpada em minha cabeça e eu já decidi o que vou fazer depois de comprar um vestido vermelho decotado: Ler um novo e bom livro.

                                  ★

Fiz muitas coisas a mais hoje do que eu costumo fazer normalmente, havia conseguido o vestido mais lindo que eu já vi e ainda sobrou uma merreca de todos os meus gastos, hoje minha estrela está alinhada com o sol e eu estou ficando deslumbrante.
Meus cabelos estão presos em um coque porque o decote quadrado de meu vestido vermelho sangue já mostra o suficiente, meu espartilho está completamente apertado e essa saia tem um giro maravilhoso, meus lábios estão vermelhos, minhas bochechas rubras e meus olhos com uma fina linha preta a cima, eu apelidei o espelho carinhosamente de: "A mulher mais linda que já existiu".

Fui até as laterais do castelo cercado de floresta, assim como era o reino todo, e deixo Nock escondido. Não iria até o palácio de carruagem.

Primeiro: Porque eu não tenho uma.
Segundo: É uma festa privada, não podia chamar atenção.

Vesti uma capa velha, imensa, surrada e caminhei, não estava distante e os guardas não protestaram ao ver o convite. Depois joguei aquele monte de pano esquecido pelo tempo no primeiro arbusto que apareceu e caminhei como uma cortesã até o local. Havia espelhos nas paredes e eu me observava, um jardim de rosas vermelhas ao lado do caminho de lajotas que eu estava pisoteando, a lua estava crescente, refletindo nas pedras dos meus brincos roubados e eu tive a conclusão de que não era sorte oque eu tinha, era aparência, e isso era uma grande arma que eu sabia afiar e manusear extremamente bem.

Entrei no pequeno salão e realmente, oque tinha ali eram velhos. Cheirava a perfume caro de gente velha, sexo e couro de sapato. Meu nariz sensível ardeu. Vejo Damian de súbito quando entro, saindo, cercado por tantas mulheres e tão bêbado que não se deu conta da minha presença. Ah não, ele se deu conta sim, Damian acaba de dar meia volta.

Dobradora de CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora