Capítulo 12

26 3 13
                                    

Assim que deixamos a lanchonete, somos recebidos por chuviscos. A água gelada e densa nos molha rapidamente, e em questão de segundos estamos encharcados. Bucky se encaminha para o carro, mas eu começo a arrastá-lo na direção oposta.

── O que você está fazendo, louca?

── Me divertindo! ── Grito, soltando seu braço e segurando sua mão. Começamos a correr pela rua, sem rumo, sob a chuva. Parece que Bucky não compreende totalmente o que está acontecendo comigo, mas ainda assim ele continua me seguindo.

Eu me dirijo até uma praça que está deserta devido à chuva. Paro de correr e abraço Bucky. ── Dança comigo? ── Pergunto, sussurrando em seu ouvido.

── O quê? ── Ele indaga, surpreso.

── Dança comigo ── insisto, firme. ── Não quero mais desperdiçar nenhum momento da minha vida. E agora, aqui, eu quero dançar. Por favor, dança comigo.

Bucky me observa, como se estivesse buscando compreender a sinceridade das minhas palavras. Eu encontro seu olhar, procurando transmitir toda a minha determinação. Sua mão desliza até meu quadril, e sinto minha respiração se intensificar. Ergo minha mão até seu ombro, enquanto nossas mãos livres se entrelaçam.

Deslizamos suavemente pelo chão molhado da praça deserta. Não há trilha sonora além do ruído suave da chuva que vai aumentando. Apoio minha cabeça em seu peito, percebendo sua respiração rápida e o batimento acelerado do seu coração, que coincide com o meu.

Respiro profundamente o seu aroma, entregando-me à sua fragrância. Recordo aquela noite na montanha, ambos adormecidos nos braços um do outro. Sinto que ele compartilha dos mesmos sentimentos que eu, mas insiste em negá-los.

Mas por qual motivo? Será que ele tem receio de me causar dor? No entanto, isso não parece lógico. Será que alguém seria capaz de me magoar agora? Sinto-me quase invulnerável.

Às vezes, o medo de causar dor pode ser mais poderoso do que a lógica de que você é forte o suficiente para lidar com isso.

── Bucky? ── Ergo o olhar.

── Oi? ── Ele mantém os olhos cerrados. As gotas de água escorrem do seu cabelo e atingem meu rosto. O frio é penetrante, chegando a congelar meus ossos. ── O que foi?

── Você já teve a sensação de que não está vivendo sua própria vida?

── Durante todo o período em que estive sob o domínio da Hydra, essa sensação persistiu por 70 anos ── ele murmura, com a água cobrindo seu rosto e uma lágrima deslizando por sua pálpebra cerrada.

Neste momento, a angústia que me aflige é tão gélida quanto o gelo. Posso apenas tentar conceber a intensidade da dor que ele suportou, mas mesmo assim, isso não será suficiente para verdadeiramente entendê-lo. A injustiça do que ele enfrentou é simplesmente colossal demais para ser completamente compreendida.

O conhecimento de nossa fragilidade humana, a incapacidade de proteger aqueles que amamos, é algo que me angustia profundamente. A ideia de perder alguém querido é insuportável. A dor seria avassaladora, devastadora. Seria o suficiente para me levar à loucura.

A dor de perder Éti, minha mãe ou meu pai não se compara. Embora tenha enfrentado sofrimento por cada um deles, essa dor serviu como um impulso para minha sobriedade e para alcançar meus objetivos.

Neste instante, percebo o quanto amo Bucky. Mais do que jamais amei alguém, mais até do que amo a mim mesma. Sua dor é simplesmente insuportável para mim.

PROJECT 101Onde histórias criam vida. Descubra agora