Wicked Game

A Selfish Sun

Taeha-

Já haviam se passado semanas desde que tudo aquilo aconteceu. Tiffany estava de volta ao trabalho, mais empenhada do que nunca em esquecer sua própria vida fora dele e consequentemente a mim também. Nesse meio tempo nós mal conversávamos. Ela continuava dormindo no quarto de Taeyeon sozinha e eu continuava no de hóspedes. Depois de alguns dias difíceis por aqui, Seohyun havia voltado a sua mansão e ao seu relacionamento com Im Yoona, mas ainda assim, durante os finais de semana ela passava o dia inteiro aqui para ter certeza de que estava tudo bem com sua melhor amiga. Seohyun não confiava nem por um segundo em mim. Isso me ofendia um pouco, mas no fim, sei que ela estava certa.

Às vezes eu só queria quebrar o pescoço da Hwang para não ter que lidar com o drama dela e o da namorada que insistia em me ignorar e ignorar sua vida aqui fora. Desde a visita da Hwang ao meu quarto no meio da madrugada ela se trancou de vez para mim. Vivíamos na mesma casa mas nenhuma palavra era trocada, nenhum olhar, tudo se resumia ao mais limpo e absoluto silêncio entre nós. Também não posso dizer que a culpa era totalmente dela. Eu queria resolver as coisas, de verdade, mas fingir ser Taeyeon estava me consumindo, me incomodando mais do que nunca e a minha preocupação sobre a possibilidade de Taeyeon nunca mais voltar me aterrorizava o bastante para não me preocupar tanto assim com o relacionamento com a Tiffany ou o que ela estaria sentindo.

Passei muitos dias esperando que a garota voltasse, que aquilo fosse apenas uma fase de luto e que tudo voltaria ao normal em algum momento, mas o tempo passou lento e inquietante e ela continuou em absoluto silêncio. Minhas opções estavam esgotadas e o meu último recurso era pedir a ajuda da psicóloga Kim Seolhyun. Nunca fui adepta dessa mulher, nunca gostei dela mas era fato que o estranho tratamento dela tinha melhorado Taeyeon em alguns aspectos. Isso significava que ela não era só uma idiota com um diploma chique, ela realmente entendia daquilo, havia estudado e sabia como lidar conosco e agora quem mais precisava da ajuda dela era eu.

Acordei logo ao amanhecer, os primeiros raios de sol estavam começando riscar o céu alaranjado quando dei de cara com a Hwang no corredor apressada se aprontando para o trabalho. Seu cabelo preso em um coque chique, roupa social branca e calça preta com salto. Ela estava estonteante. Taeyeon tinha seus motivos para amar essa mulher, isso eu não podia ignorar, mas seus olhos tristes continuavam lá me enchendo de culpa toda vez que cruzavam por milésimos de segundos com os meus.

Apressada ela passou por mim e ficou de frente para um espelho grande enquanto passava maquiagem. Parei atras dela a fitando por alguns segundos e sussurrei um bom dia nervoso que ela fez questão de ignorar totalmente. Às vezes eu sentia como se eu fosse um fantasma ainda vagando por esse mundo onde ninguém me suporta ou dá o mínimo de crédito para o que eu falo. Isso é desgastante. Bufei irritada e tratei de sair logo de casa, não queria nem olhar para ela. Aquele olhar chateado e ao mesmo tempo suplicando atenção me fazia sentir pior do que eu já estava. Essa situação toda já havia me enchido o saco. Entrei no carro e dirigi rapidamente até o hospital, ao chegar lá fiquei um tempo esperando na recepção vazia até que a mulher finalmente chegasse, era cedo demais para as consultas e eu nem ao menos havia marcado hora.

—Olá, Taeyeon. - Falou com um sorriso de orelha a orelha me fazendo despertar dos meus devaneios. Eu estava sentada em seu consultório quando ela entrou. —Em que posso ajudar? Você faltou a todas as nossas consultas desde... - Fez uma breve pausa. —o falecimento da Jung. - Completou. — Mas fico feliz que tenha conseguido forças para estar aqui hoje. - Ela parecia orgulhosa e eu estava a ponto de acabar com isso.