Inside of Me

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Taeyeon-


Ela está inquieta por baixo de mim, seu corpo se move para longe como se estivesse desesperada e fugisse de um monstro. Ela está apavorada se arrastando pela cama, com suas mãos esticadas à sua frente para impedir que eu chegasse perto demais. Ela está se afastando rápido. Os lençóis estão manchados com gotas vermelhas e arredondadas de sangue que eu não sei explicar exatamente de onde vieram. Seu corpo está trêmulo lutando contra o medo da criatura a sua frente. 

Ela se afasta mais, porém eu sempre consigo puxa-la de volta mas toda vez que faço isso seus olhos ficam mais vermelhos que as gotas de sangue marcando a sua pele alva. Seus lindos olhos castanhos transbordam rios e mares de lágrimas dolorosas que me consomem e me afogam cada vez mais dentro dela. Não entendo porque ela se afasta de mim, não entendo porque a prendo de volta.

Deixe-a ir. - Uma voz me dizia. - Deixe-a ir.

—Mas eu não posso deixá-la, não teria ninguém sem ela.

Deixe-a ir.

—Não! Ela precisa ficar. Eu preciso dela.

—Taeyeon, me solte! - Ela gritou.

O rosto apavorado de Tiffany se deforma e se transforma no de Jéssica em uma cena digna de um filme de terror e eu acordo em pânico, suada e aterrorizada ouvindo a minha própria voz distorcida gritar para ela calar a boca com tanto ódio que meus pelos se arrepiam até a nuca. Quando abro meus olhos vejo que estou no meu quarto, minhas roupas assim como os lençóis estão úmidos de suor. 

O lugar está silencioso, parcialmente escuro e quente. Ultimamente todas as noites tem sido assim, escuras, quentes e aterrorizantes demais. Tento acalmar minha respiração e os meus pensamentos que insistem em repetir aquela voz em meus ouvidos como um gravador.

Aquela voz... era minha? Quem sou eu agora?

Mil perguntas rondavam a minha mente me deixando cada vez mais confusa comigo mesma. Me levantei da cama cautelosa, me sentia tonta e enjoada. Quando consegui ficar em pé caminhei até o meu celular que estava numa cômoda um pouco mais afastada apenas para constatar que eram cinco e meia da madrugada. 

Só o que eu conseguia ouvir era o som da minha respiração acelerada devido ao pesadelo que tive a poucos instantes. Eu não entendia porque estava sonhando a mesma coisa todas as noites desde que fui atrás de Tiffany. Já tinham se passado vários dias e ela continuava a me assombrar.

Ela te odeia agora, devia se sentir orgulhosa. Não era isso o que queria? - Ouvi sua voz novamente, a mesma que me fez quase saltar da cama a poucos segundos atrás. Sua voz parecia mais calma, mais sarcástica que antes mas ainda era assustadoramente real e parecida com a minha voz, uma distorção de mim mesma.

—Eu nunca quis isso, nunca quis o ódio dela. Eu só queria o seu amor, e talvez causar um pouco de dor... eu não sei mais, nada faz sentido agora que ela não me quer. - Tratei de responde-la como se ela realmente existisse.

Caminhei a passos lentos até o lugar onde eu costumava passar todas as noites em claro desde que comecei a ter esse tipo de sonho, desde que comecei a conversar com alguém dentro da minha cabeça que se parecia comigo mas era totalmente diferente de mim. 

Entrei no ateliê e acendi as luzes revelando uma grande sala espaçosa com uma série de quadros e telas brancas que eu começara e ainda não tinha terminado. Alguns estavam prontos, outros precisavam de ajustes e alguns poucos estavam feitos pela metade.

Wicked GameOnde histórias criam vida. Descubra agora