Instability

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Tiffany-


Me sentia sonolenta e fraca, meu corpo todo doía e era difícil me acostumar com a claridade daquele local. Naquele momento eu só enxergava borrões em branco e nada mais que isso. Quando meus olhos finalmente se acostumaram com aquela forte luz branca que mais parecia um sol do que uma simples lâmpada, eu pude enxergar claramente o que estava ao meu redor.

Eu me encontrava nua, minha nudez totalmente exposta para o nada, deitada em um fino colchonete com uma coberta que mais parecia um trapo da mesma cor daquelas paredes. Eu sabia que estava trancada ali, mas ainda assim, por algum motivo corri desesperada até a porta na tentativa de abri-la e fugir para o mais longe possível daquele lugar que tanto me apavorava. 

Minhas pernas fracas e frágeis ao serem obrigadas a sustentar o meu corpo no caminho até a porta, quase cederam me fazendo cambalear para o lado e dar de encontro com a parede do quarto. Quando finalmente consegui chegar a porta, constatei o que eu já imaginava. A porta estava trancada, sem qualquer chance de escapatória para mim. Meu coração batia tão rápido que poderia explodir a qualquer momento, eu precisava sair dali o mais rápido possível, mas não conseguia entender como nem porque estava presa.

O ar começava a faltar aos meus pulmões, mesmo com um pequeno ar condicionado velho tentando me mandar o máximo de ar puro que ele podia, meus pulmões se recusavam a trabalhar normalmente. Eu me sentia claustrofóbica. Naquele quarto não existiam janelas ou qualquer outro tipo de coisa que me desse algum tipo contato com o mundo externo. Eu estava presa como um animal. 

Voltei ao fino colchonete com a esperança de que sentada, aquela falta de ar e a taquicardia me deixassem em paz e meu cérebro finalmente começasse a funcionar para me dar respostas sobre como eu vim parar aqui. Ao me sentar, ouvi um pequeno badalar de um sino bem abaixo de mim. Procurei por ele e o encontrei preso em uma coleira totalmente rosa, com um nome em ouro gravado em letras cursivas "Tippa".

Engoli em seco ao me lembrar da única pessoa que me chamava desse jeito.

A coleira estava presa ao meu pescoço de modo frouxo, o que me deixava ver bem as suas letras. Mas Não tive muito tempo para digerir aquilo, logo a porta foi aberta com um grande estrondo, fazendo o meu coração praticamente pular para fora do meu peito. Era ela, a minha dona. Seus olhos castanhos agora tomavam um tom mais negro e sombrio, e o seu sorriso doentio crescia em seus lábios. 

Foi inevitável impedir que meu corpo todo se arrepiasse com aquela cena. Eu suava frio, minha respiração que já estava acelerada atingiu uma velocidade inimaginável até para mim. Eu estava entrando em pânico. Taeyeon tinha nas mãos um chicote de couro preto, daqueles usados para adestrar cavalos rebeldes. Era isso o que eu era. Um animal para ela.

Como um déjà vu, senti minhas costas e os meus glúteos arderem como fogo. Minha pele rosada e marcada queimava, e dos meus olhos caíam lágrimas silenciosas que só serviam para deixa-la ainda mais sorridente ao me encarar. Flashs rápidos surgiram em minha mente, me lembrando do que ela era capaz de fazer comigo. Me lembrando a que ponto sua insanidade podia chegar.

—Pronta para brincar, Tippany? - Sua voz rouca cheia de malícia chegou aos meus ouvidos como um sussurro fazendo meu coração errar uma batida.

Foi então que eu soube, Taeyeon iria me castigar. E aquela não seria a primeira vez, muito menos a última.

***

Depois de ter o mesmo pesadelo pela terceira vez aquela noite, eu acordei em total pânico mais uma vez. Já passava das quatro da manhã e eu me sentia totalmente exausta já que todas as vezes em que peguei no sono, fui acordada pelo mesmo pesadelo. Ao despertar, não pude deixar de sentir um enorme alívio por estar no meu próprio quarto, e saber que a porta do meu quarto estaria aberta para mim sempre que eu abrisse meus olhos. Mas aquele alívio não era o suficiente para me fazer dormir novamente, por mais que eu estivesse cansada. 

Wicked GameOnde histórias criam vida. Descubra agora