• 3 •

215 13 6
                                        

04 de Dezembro de 1964
Charles

Depois de ler aquela carta fui mesmo dormir, mas não consegui, tudo aquilo me tirou o sono, me perguntava tantas coisas, imaginava tantas coisas.

O que resultou em dormir somente três horas tendo que acordar as seis da manhã, mas mesmo com o cansaço não consigo parar de pensar.

O pouco tempo que dormi resultou em umas leves olheiras e quase cochilar durante o café, o que me manteve acordado foi Russell que se juntou a mim e Lance durante o café.

— O que houve com você? — Russell me pergunta ao se sentar no lugar a minha frente.

— Não dormi muito essa noite. — digo isso e logo após acabo por bocejar

— Por que? Aconteceu algo? — ele me pergunta parecendo realmente interessado.

— Vou direto ao ponto, o que você sabe sobre o Major? — depois de falar assim de cara levo um pedaço de pão á boca.

— O Major? Bom sobre ele, quando o conhece melhor se descobre que ele é uma pessoa gentil, mesmo com aquela cara fechada.

— Entendo. — sinto que não tenho o que falar especificamente para responder ao que ele falou sobre Sainz.

— Por que pergunta? Aconteceu algo entre vocês? — eu esperava que ele não me perguntasse o por que perguntei sobre ele.

— Fiquei curioso, acho que nesses dias o vi somente duas vezes e em uma delas levei bronca. — digo com um leve sorriso de canto lembrando daquela primeira noite no quartel meio que rindo de mim mesmo.

— Normal, ele é assim mesmo, até comigo ele é meio seco as vezes.

— Ele só é assim mesmo. — acabo por aceitar a verdade.

— Isso — ele fala terminando de comer e nos levantamos juntos e saímos do refeitório.

Conversamos juntos e alguns minutos depois nos despedimos pois ele conheceria os soldados interessados em entrar para a força-aérea hoje.

Eu e mais cinco outros soldados ficamos responsáveis por organizar o refeitório depois que todos terminassem de comer, e assim fizemos, todos rindo e jogando conversa fora.

Depois de terminarmos nos juntamos aos outros para os exercícios até a hora do almoço, e depois treinariamos alguns tipos de lutas corporais.

Nesses poucos dias em que tenho estado aqui já melhorei muito, resistência e força, mas ainda posso melhorar muito mais.

E foi só durante o almoço que me lembrei de Sainz, acabou que fiquei tão focado em outras coisas que tirei ele de minha mente, isso foi bom.

O que me fez lembrar, foi porque o vi andar pelo pátio e entrar no refeitório também, durante esses dias eu nunca o vi aqui.

Quando ele passa pela porta o acompanho com o olhar e não posso deixar de perceber quando ele passou por mim me olhou de canto.

Mesmo isso já fez meu coração errar as batidas, é inexplicável o que esse homem faz comigo, como isso é possível, me pergunto se só eu me sinto assim, será que ele também fica desse jeito?

𝑶 𝑰𝒎𝒑𝒐𝒔𝒔𝒊𝒗𝒆𝒍 | CharlosOnde histórias criam vida. Descubra agora