05 de Dezembro de 1964
CharlesDia 05, cinco e cinquenta e cinco da manhã, acabamos todos de acordar e arrumar nossas camas, fazemos já nossa rotina padrão que desde cedo não tolera erros.
Nos preparamos, principalmente psicologicamente para o supervisor vir avaliar tudo, após tudo isso fomos pro café, e enquanto comemos como um despertador finalmente acordo ao me lembrar que verei Carlos durante a noite.
Pensar nele sempre tem um efeito visível em mim, quem está perto sempre percebe algo em mim quando lembro dele, como se uma luz se acendesse.
Durante o café fico procurando por ele no local mas não o encontro, sigo ali conversando com Lance e George como tenho feito desde que os conheci, e sendo sincero, essas companhias são o que tem me feito suportar os dias aqui, entre outras coisas.
Eu e alguns outros soldados somos designados a ajeitar todo o refeitório após o café, fazemos isso de forma, leve e descontraída, e acabo por me aproximar e conhecer alguns deles, além de conhecer e ter uma conexão instantânea com um chamado, Lando Norris.
Durante o dia fazemos treinamentos padrões, além de nos avisarem que na semana seguinte serão designadas nossas funções fixas, durante esses dias que estamos aqui e os próximos podemos já ter tempo para olhar certas áreas, eu sei que quero fazer parte da engenharia.
Tem sido um dia como os outros, puxado e pesado igual, mas a cada dia tudo parece melhor, além de que pensar em uma certa pessoa de vez em quando deixa as coisas um pouco mais fáceis.
Durante o almoço me sento ao lado de Lance e George que mais uma vez veio se juntar a nós, mas todos sabemos que é somente para fofocar sobre nós e todos no exército, além de Lando que sentou conosco hoje.
Durante o resto do dia tudo ocorreu normalmente, nada de novo, e nada de especial, somente as poucas vezes que vi o Major indo de sua sala até outra, nada mais, mas só isso já me alegra.
Agora me encontro contando os minutos e até mesmo os segundos para vê-lo, penso no que ele irá dizer e como tudo será.
Não posso deixar de sentir um frio na barriga quando penso.
Após todos nos deitarmos espero o tempo restante ainda mais ansioso que antes, quando finalmente posso sair, me levanto com cuidado e deixo o alojamento com cuidado para não acordar ninguém.
Ando pela base com mais cautela ainda, e quando estou cada vez mais próximo do galpão e vendo a silhueta dele de longe sinto como se borboletas voassem para todos os cantos do meu corpo.
Ainda não sei o porquê me sinto assim quando o vejo, além daquela noite em específico não tivemos mais nenhuma outra interação, mesmo que aquela já valha para um mês inteiro, talvez até dois ou três.
Assim que me aproximo mais ele nota minha presença e se vira de frente para mim, nessa hora sinto meu coração errar as batidas, e sem esperar ele logo começa.
- Oficial Leclerc, agradeço que tenha vindo.
- Senhor, não poderia recusar após receber uma carta escrita a mão pelo senhor.
- Vejo que desta parte você compreendeu bem as regras do exército, já em outras... - ele fala e não consigo controlar a expressão de confusão em meu rosto.
- O que quer dizer com isso senhor?
- Não sei se compreendeu mas aqui nós temos um toque de recolher, às 21 em ponto todos já devem estar deitados e descansando, mas vejo que isso você não entende.
- Se isso é sobre aquelas noites eu... - assim que tento falar ele logo interrompe.
- Ainda não terminei soldado.
- Perdão senhor - ao ouvir seu tom mudar e logo ficar mais duro e ríspido que antes sinto um leve arrepio.
- Durante esse tempo fiquei só observando, mas parece que mesmo tendo um superior te observando você não compreende.
A cada palavra sinto as borboletas dentro de mim morrerem uma a uma, como uma pontada no peito.
- Se eu o ver mais uma vez acordado após o toque, aplicarei uma punição de 3 meses de suspensão, e imagino que seria uma vergonha para a sua família se o filho deles fosse punido logo nas primeiras semanas.
- Eu vou...eu...
- Sim soldado?
- Não permanecerei acordado após o toque senhor.
- Assim espero, agora vá.
- Sim senhor.
Tento voltar o mais rápido possível para o quarto, com mais dificuldade para manter o silêncio agora, sinto meu coração bater mais e mais rápido, o sentindo cada vez mais pesado.
Me deito rápido e olho para o colchão da cama acima de mim tentando não pensar naquelas palavras e no tom duro de sua voz, de tudo que eu esperava, essa foi a única coisa que não me preparei para ouvir.
Sei que todas as opções erram improváveis, mas se apegar a um pingo de esperança sempre fez parte de mim, e agora não tinha sido diferente.
Sinto minha visão ficar turva, percebendo ser pelas lágrimas que se forçavam a sair, fecho meus olhos com força me recusando a ceder a esses sentimentos, nunca perdi o controle para eles, e não será agora que isso vai acontecer.
Tento me acalmar e dormir mas os pensamentos em minha cabeça aumentam mais e mais, lembrando de suas palavras e no tom duro em sua voz.
Penso também nas noites onde olhava as estrelas e também seu rosto de longe, e ao pensar de que tudo começou, todo esse hábito começou principalmente por conta daquela noite, daquela maldita noite em que o beijei sinto as lágrimas borbulharem mais em meus olhos.
As seguro com toda a minha força, da mesma forma que faço a vida inteira, penso que se não o tivesse encontrado naquele jardim nada disso teria acontecido, e também me critico por pensar desse jeito.
Pois entre tudo isso, não me arrependo do que fiz, mesmo conhecendo cada dia mais a pessoa que ele é, não me arrependo.
Minutos e minutos depois as palavras e pensamentos se embaralham dentro de mim e sinto meus olhos pesarem, começo a ceder ao sono que me consumia lentamente, tenho como última memória a vir a minha mente seu rosto irritado e também desapontado.
Durmo com aquela imagem em mente sonhando com esse momento a noite inteira.
Notas:
Oiii meus amores, tudo bem? Espero que sim.
Hoje não tenho muito o que falar, sei que demorei e peço desculpa por isso, dessa vez não tem motivo, eu só não queria e também esquecia que tenho uma história pra escrever, e não consigo prometer que vou postar mais, mas vou tentar, mas ainda sem garantia.
Mas não deixei de reparar que as leituras aumentaram, fico feliz por isso.
Se gostaram deixem a estrelinha, um beijo e se cuidem, amo vcs.
Kisses💋
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𝑶 𝑰𝒎𝒑𝒐𝒔𝒔𝒊𝒗𝒆𝒍 | Charlos
RomansaSeria possível o amor florescer, entre duas pessoas, separadas mas ao mesmo tempo juntas, unidas por destinos ruins no ápice de uma guerra? Um fugindo de um casamento, outro lutando por sua família. Se encontrando um no outro em meio à dor, Sainz e...