antebellum | T. Riddle - Português

ix.

Dia das bruxas, outubro de 1944

Sicaria fez uma careta ao ver a versão de si mesma que viu no espelho. Seu cabelo escuro e encaracolado estava preso atrás das orelhas e caía graciosamente pelas costas, emoldurando perfeitamente os brincos prateados que adornavam suas orelhas. O decote do vestido era em forma de V, mas modesto, exibindo suas elegantes clavículas. O vestido verde apertava sua cintura e depois descia até o chão, onde se arrastava levemente pelo chão. Havia uma fenda no vestido e ela tinha a varinha amarrada na coxa, então era acessível se ela precisasse. Paranóica, sabia que ela esperava não estar vestida demais ou mal vestida para o evento, era uma vergonha que ela achava que não seria capaz de lidar. Além disso, seu plano para esta noite era permanecer fora do radar.

A imagem que Sicaria viu no espelho era deslumbrante. Ela deveria ter se orgulhado de sua beleza, mas não conseguia admirá-la. Sua mente flutuava com a necessidade de validação de sua aparência, ela imaginou sua mãe, dizendo que ela finalmente parecia a filha femme fatale que ela tentou criar. Ela imaginou a atendente da loja de roupas, contando-lhe como aquele vestido lhe ficava mais bonito do que em qualquer outra pessoa que o tivesse experimentado. Ela imaginou os muitos garotos de Hogwarts que flertaram com ela, inventando elogios falsos na tentativa de "conquistá-la". Ela imaginou seus amigos olhando-a de cima a baixo em silêncio, sem elogiá-la verbalmente, mas ainda assim transmitindo a mensagem. Ela imaginou as pessoas na festa-

Espere, o quê?

Não, eu não me importo com o que qualquer um deles pensa de mim neste vestido.

Suspirando por sua própria infantilidade, ela calçou os sapatos e saiu pela porta. Ao cruzar a barreira mágica, ela pensou nas poucas proteções extras que havia pensado em adicionar após o encontro da noite anterior. Isso totalizou doze feitiços que protegiam seu quarto de qualquer pessoa além dela e do Dumbledore no caso de ela ficar incapacitada (ou assassinada, mas qual a probabilidade de isso acontecer no campus de uma escola?).

Ela caminhou pelo corredor do dormitório rapidamente, para não chamar muita atenção. Ainda era cedo, então ela presumiu que ainda haveria muitos estudantes acordados e descansando na sala comunal. Ela saiu do corredor e entrou na sala e sua suposição se provou correta. Muitas cabeças se viraram para ela, mas ela fez questão de ignorá-las enquanto continuava seu caminho em direção à porta. Aja como se você não se importasse, não, aja como se você não percebesse-

"Você está magnífica, Edwards," ela suspirou por um segundo e então colocou um sorriso falso em seu rosto quando ela se virou para encontrar a voz de Adrien Lestrange. Ah, o fenômeno Fingir que Nada Aconteceu, sem surpreender, ele e o resto de seu grupo de amigos estavam todos bem limpos, todos em variações de ternos pretos, verdes escuros e cinza escuro. O traje de Riddle era inteiramente preto, sendo a única cor a gravata verde que brilhava à luz do fogo. Ela presumiu que eles seriam os últimos sonserinos a chegar na festa de Slughorn, visto que ninguém mais na sala comunal estava vestido tão formalmente. Rosier não fez uma pausa e deu leves acenos de reconhecimento. Malfoy olhou para ela e rapidamente desviou o olhar. Olhou de volta para Rosier e Nott, que haviam retomado a conversa. Riddle olhou para ela, bastante inexpressivo, mas não encontrou seus olhos por mais de um segundo, quase exatamente como ela havia desejado que ele fizesse. Lestrange ficou no meio, chamando por Sicaria, chamando a atenção de toda a sala para ela.

Por que é que de repente preciso da aprovação dele?

Talvez fosse porque ele era o único que se dirigia a ela com pura indiferença, claro, seus olhos mostravam sua raiva e curiosidade por ela, mas ele fazia questão de esconder bem isso ao se dirigir a ela. Era irritante para a Sicaria; ela queria vê-lo reagir de acordo com sua direção, a única vez que ela obteve uma reação dele foi quando ele sabia que estava no controle de uma situação, ela havia escorregado ocasionalmente, quando ele a tocou e ela se encolheu, essa foi a única vez ela sabia que suas verdadeiras emoções escapavam pelas rachaduras. Toda a sua vida foi gasta garantindo que ela mantivesse o controle de si mesma, e talvez deixar alguém afetá-la fosse revigorante, mas render-se ao controle dele não estava na lista de desejos do Sicaria.