antebellum | T. Riddle - Português

ii.

Outubro de 1944

Tom Riddle.

Que intrigante.

Ela o estudou o mais rápido que pôde, vendo facilmente que havia algo... Desonesto escondido sob a superfície, profundo o suficiente para ser quase imperceptível, mas superficial o suficiente para aparecer quando ele precisasse.

Indigno de confiança, enganador, observador...

Quanto à parte intrigante, esse garoto era anormalmente atraente, quase desumanamente atraente. Seu cabelo, suas maçãs do rosto, seu queixo, seus lábios, todos em perfeita proporção entre si e em expressões faciais que poderiam encantar quase qualquer pessoa. Sua postura era de autoconfiança e seus passos eram graciosos e praticados. Ela deu-lhe um sorriso introdutório.

Para o olho destreinado, ele era perfeito.

Ele não olhou para ela enquanto Dippet dava instruções — algo sobre mostrar-lhe a escola e outras coisas. Ele apenas observou o rosto dela enquanto ela observava o dele, embora ninguém na sala além de Dumbledore parecesse notar. Seus olhos percorreram suas feições, procurando por qualquer sinal de algo extraordinário.

Assim como ela, ele podia sentir que algo não estava certo com a mais nova aluna da escola — algo era sutilmente fraudulento em todo o seu comportamento.

Na verdade, foi culpa dela que ele tenha notado isso. Se ela não tivesse olhado para ele primeiro, ele não teria lhe dado uma segunda olhada.

Ela era atraente, mas o que importava a beleza em um mundo governado pelo caos e pelo poder?

Tudo o que ele viu foi o poder que irradiava dela, mas também podia ver o véu de emoções intrincadamente tecido em torno de seu rosto. Algo nela era fabricado de maneira insincera. Ele reconheceu-o facilmente; sendo essa a mesma fachada que ele muitas vezes colocava em si mesmo. Foi quase pessoalmente ofensivo como ele acabara de conhecê-la e ela quase já o havia enganado.

Não haveria como voltar atrás agora — ele a havia capturado e estava fascinado.

A maneira como seu sorriso leve e inocente brincava em seus lábios parecia praticado e o tom de sua voz era confiante demais para ser uma mulher comum. A maneira como os olhos dela se moviam rapidamente por ele, analisando e procurando por apenas alguns segundos, foi o suficiente para ele saber que ela tinha visto algo. Mas o que? O que ela tinha visto, o que ela sabia?

Paranóia. Ela foi trazida para esta escola por Alvo Dumbledore. Tom, entre todas as pessoas, deveria estar paranóico.

Ela era perfeita, doentia e enganosamente.

Ele não esperava por isso. Nenhum dos monitores sabia o que pensar da notícia de que Hogwarts receberia um novo aluno, muito menos um americano. A última transferência de estudantes que Hogwarts viu foi no quarto ano de Tom, quando três primos franceses fugiram de Beauxbatons — apenas para serem mortos por Vinda Rosier durante seu primeiro feriado de Páscoa.

É claro que conhecer alguém novo era uma perspectiva intrigante. Eles eram desconhecidos; uma variável adicional que ninguém ainda sabia definir. Novo potencial veio com novas bruxas e bruxos, mas Tom viu os mesmos padrões. Logo, ela assimilaria e se tornaria parte do mesmo mundano que o resto da escola era — ela seria capaz de manter o interesse dele, era a questão.

Muitas vezes Tom ficava desapontado quando se tratava de novas apresentações. Suas auras podem parecer promissoras no início, mas depois suas personalidades e capacidades eram gravemente sem brilho em comparação. Nos poucos casos em que as pessoas faziam jus aos seus títulos e ao seu potencial, ele as mantinha por perto, deixando-se cercar de pessoas úteis e talentosas.