injustiçada

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Júlia

Na semana passada todos estavam muito estranhos, felizmente essa semana estava bem tranquila mesmo com o ocorrido de semanas atrás.

Eu fui pra escola me sentindo a garota mais linda do mundo, toda maquiada e com um delicioso aroma de rosas com mel. Essa com certeza era uma das minhas melhores terças-feiras de todas.

Entrando na sala sinto o olhar de Mille me fitando de cima a baixo; ela sorri de canto tentando parecer simpática e eu a comprimento

— Bom dia Mille

— Bom dia. O que aconteceu? Parece mais feliz que o normal

— Nada. Eu só acordei me sentindo bonita

— Você tá linda — Me elogia com um sorriso simpático e eu aceno em  agradecimento. 

— Obrigada. Fico feliz que pense assim. Ei, você tá legal?

— Sim. Tá tudo bem, fica tranquila

Mille estava com olheiras bem marcadas e bastante pensativa. Parecia tão aérea em pensamentos, que senti que ela não ouvia nada do que eu dizia.

— Mille, presta atenção.

— Eu tô prestando atenção.

— É mesmo? Então o que eu disse? — Ela abaixou a cabeça, mostrando que não tinha ouvido nada do que eu disse.

— Foi mal.

— No que você tava pensando?

— Nada. Não é importante — Ela desvia o olhar tentando disfarçar a situação.

— Mille, me fala.

— A Gabriela me chamou pra interrogatório ontem. Ela e o Ravi acham que fui eu que sequestrei o Romeu. Mas não fui eu — Ela falou em um tom mais alto e com a voz trêmula, quase chorando. Eu pude sentir a sinceridade em suas palavras.

— Eu acredito em você. Não se preocupe, ninguém vai te incomodar mais com isso — Toquei em seu ombro e mostrei um sorriso forçado para a confortar, e deu certo.

Gabriela havia me chamado mais cedo, dizendo que queria conversar comigo e eu já sabia do que se tratava.

Após o intervalo, em uma aula vaga de biologia, ela me chamou para o canto da sala e começou a fazer um monte de perguntas das quais eu nem sabia responder. Ela já estava certa de que eu era culpada, o que me deixou muito nervosa e Gabi notou minha preocupação.

— Por quê está tão nervosa? — Ela pergunta séria como de custume.

— Eu tô tranquila — falo tentando camuflar meu nervosismo.

— Não tá não. Me fala, você e o Romeu tinham alguma rivalidade?

— Não. Eu não tinha nada contra ele. Se eu tivesse, a gente não teria saído.

— Tem alguém que você pensa ser o culpado?

— Não tem ninguém. Só me deixe em paz, tá bom, Gabi. Eu não quero mais conversar.

Levantei da cadeira e fui até o banheiro preocupada, eu sabia que ela viria uma hora ou outra então tive que esconder o que tinha antes da Gabi encontrar. Abro minha mochila com cautela evitando fazer qualquer ruído que seja. Mille adentra o banheiro e assustada eu estremeci inteira.

— Que susto Mille. Achei que fosse a Gabriela.

— Porque tá tão nervosa assim? Você tem algo pra esconder da Gabriela?

Como ela era minha amiga há bastante tempo, eu mostrei a ela o interior da minha mochila com a peruca que a Gabi havia encontrado fios na cena do crime.

— Júlia, o que é isso? Eu não entendi

— É a peruca que deixou fio na cena do crime.

— Júlia, você raptou o Romeu? — Mille me perguntou assustada

— Por favor, Millie, não deixa a Gabi descobrir..

— Eu vou pensar em alguma coisa.

— Até o final da aula, eu preciso  esconder da Gabi.

— Eu tenho uma ideia.

Mille pegou a peruca e escondeu dentro de um balde e colocou perto da piscina.

O dia inteiro eu senti um medo que eu nunca havia sentido anteriormente. Gabriela convocou toda a turma para uma reunião de emergência, colocou uma foto sobre a mesa e ficou nos encarando em silêncio esperando alguém dizer alguma coisa comprometedora.

— O que é isso? — perguntei a ela, tendo seu silêncio como resposta.

— É uma foto. Ou melhor, uma prova do crime —  falou Ravi, se distanciando de nós.

— Já vi essa roupa em algum lugar — resmungou Aurora olhando em direção ao Ravi.

— Eu já falei QUE NÃO FUI EU

— Não foi o Ravi — Gabriela entrou na conversa, já irritada — O Ravi é super impulsivo, e investigando o caso, eu pude perceber o quanto o sequestrador é sádico e calculista. Ele pensou em tudo isso. Um sequestro como esse, não poderia ser feito por um momento de raiva, ele foi muito bem planejado.

— Então é isso. Quem é a pessoa mais inteligente da sala? — Aurora olhou para Ana com um jeito ameaçador.

— E qual motivo eu teria para sequestrar o Romeu? Ele nunca fala comigo — respondeu ela em tom frio.

— Eu não sei, me diga você — continuou a provocar Ana, porém a expressão sem emoção dela me estranhou bastante, já que ela estava sendo incriminada pela Aurora.

Ana respondeu calmamente, assegurada de sua inocência.
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— Bom, se você não acredita em mim,eu não posso fazer nada. Não h,h,h,5,,h,h que te provar nada.
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— Aurora, todo mundo aqui tá no mesmo lugar. Não adianta você ficar procurando alguém pra culpar, ainda mais sem provas. Isso não vai trazer o Romeu de volta.

Gabriela apenas observou a cena sem interferir em momento algum. Foi quando proferiu as seguintes palavras:

— Eu não sei quem sequestou o Romeu. Também não vou ficar incriminando ninguém, mas preciso que vocês colaborem. Porque enquanto eu não sei quem é o verdadeiro culpado, todos são igualmente culpados. Só que não podemos ficar brigando entre si, incriminando uns aos outros. Isso não vai ajudar em nada.

A sala inteira se calou; Ninguém teve coragem de falar nada, e aquele silêncio constrangedor pairava no ar. Todos estávamos nos estranhando e suspeitando de nós mesmos; Esse sequestrador não só tirou a alegria de Romeu como também tirou a nossa.

Desde o ocorrido, a sala vive em discórdia, são acusações sem provas e brigas sem sentido.
Quem fez isso não liga nem um pouco para o mal que causou a esta sala. Gabriela não mencionou, mas eu suponho que o motivo do sequestro seja vingança.
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