somos todos suspeitos

a representante metida

Gabi

Acordei mais cedo que de custume e me arrumei bem bonita pra ir pra escola. Fiz uma maquiagem mais elaborada, coloquei alguns assessórios a mais e passei um perfume que há tempos não usava. Estava linda.
Chegando na escola, nosso professor conselheiro veio falar comigo.

— Bom dia professor — Comprimentei-o com o mesmo sorriso de sempre

— Que bom que chegou,posso conversar com um você um minutinho?! É importante — Mesmo eu sabendo que não tinha feito nada,meu corpo todo estremeceu e tive medo. O que era tão importante assim?! A ansiedade começou a me perturbar rodeando minha cabeça com os piores pensamentos que eu poderia ter. "Porque eu tô com medo dele?", pensei. Isso não faz sentido.

— Professor,eu fiz alguma coisa? O que aconteceu? — Ele já percebendo a minha preocupação,tentou me acalmar.

— Calma Gabi, eu só preciso da sua ajuda, só isso — Depois disso eu finalmente consegui respirar e ouvir o pedido dele.

—  Certo. O que precisa que eu faça?

— O Ravi, da sua sala, está com problemas nas matérias. Acho que seria muito bom se você o ajudasse,pode fazer isso pra mim?

— Claro, não tem problema —

Voltei a sala e notei que Ravi estava me olhando bastante,e eu já sabia o porquê. Me sentei perto dele para o ensinar.
O Ravi era um garoto bastante problemático, não se importa com nada então não é de se admirar que ele esteja com notas ruins. Eu também não vou me impressionar se ele não quiser estudar comigo, é bem típico dele.

— Oi. O professor pediu pra eu te ajudar já que sou boa — disse tentando parecer simpática.

— Tá — Ele falou focado no celular; Pela sua expressão, não gostava muito de mim, eu já imaginava, mas não me importo com isso. Vou apenas cumprir o que me foi delegado. Não é como se eu tivesse que me tornar amiga dele.

Virei minha cadeira em sua direção para prestar mais atenção nele.

— Me diga, onde você tem mais dificuldade? - pergunto
atenciosa.

— Não tenho nenhuma dificuldade. — falou todo confiante ainda sem desviar os olhos do celular

— Como? O professor implorou que eu te acompanhasse nas matérias — disse preocupada e ele seguiu sem reação

— Eu não tenho dificuldade em nenhuma matéria, só tenho preguiça de fazer os deveres e prestar atenção na aula —  A cara que eu fiz pareceu o divertir. Mas na verdade, eu estava bem decepcionada. Como alguém consegue ser tão inteligente e pregu

— Não tô te entendendo. Você tá me dizendo que suas notas estão ruins porque tem preguiça?!

Eu acho que a decepção no meu rosto o fez sentir culpado. Ele não tem dificuldade em nenhuma matéria, só não estuda por preguiça. Ele repara no quanto eu me dedico em tudo que faz tanto pelas matérias quanto pela turma.
Isso foi  frustrante para mim ouvir que alguém com potencial, não se esforça por falta de vontade. A minha  expressão o fez refletir por aquele minuto. Ele ficou em silêncio.

— Talvez você tenha razão,eu vou me esforçar mais. Acho que a única ajuda que eu precisava de você, é pra me tirar da minha zona de conforto de não fazer nada. É só incentivo o que eu preciso mesmo.

— Tá bom. Mas quando eu te acordar não reclama, viu — Pude ver um sorriso amigável se formar em seu rosto tomando o lugar daquela
expressão sem graça

— Vou tentar lembrar disso. Mas não prometo nada —  ele brincou comigo  e retribuí o sorriso

— Pega meu número pra eu te auxiliar. Vou te dar umas dicas para procrastinação — eu arranco um pedaço de papel do caderno, escrevendo os dígitos do meu telefone e o entrego.

Ele pega o papel e me dá um sorriso gentil. Eu devolvo. Acho que vamos nos dar bem.

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