Cap. 38.: A cirurgia

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Na sala de espera todos estavam aflitos, dona Lina e Luísa estavam sentadas uma do lado da outra de mãos dadas rezando, alguns amigos próximos de Luísa e que conheceram Yasmin chegaram no hospital para fazer companhia e lhe dar força, já havia se passado 8 horas, 8 horas que Yasmin havia chegado, 8 horas que levaram ela para sala de cirurgia, 8 horas que não tinham mais nenhuma notícia, Jordana e Lara chegam na sala trazendo café para dona Lina e Luísa que até o momento não comeram nada.

- Lu você precisa comer, se não daqui a pouco é você que fica internada.

Lara tentava convencer Luísa a tomar pelo menos o café que tinha trago.

- Sua amiga tem razão querida, você precisa se alimentar, nós precisamos, afinal temos que estar bem e fortes para quando nossa Yasmin sair da cirurgia.

A mãe de Yasmin também tentava fazer Luísa se animar, a mesma encara sogra e dá um pequeno sorriso sem ânimo.

- Eu juro pra senhora que eu nunca mais vou deixar a Yasmin sozinha.

Ela diz fazendo Lina a olhar surpresa mas com carinho no olhar.

- Meu bem, você sabe que não foi sua culpa né?

Ela questiona pois sentia que Luísa estava se responsabilizando por aquilo tudo, Luísa apenas abaixa o olhar.

- Ninguém poderia imaginar que aquela maluca iria fazer isso, não tinha como prever, então nenhum de nós pode sentir culpa, muito menos você.

Ela diz gentilmente segurando a mão da nora, Luísa sorri com os olhos marejados, ela via de onde Yasmin havia puxado aquele caráter tão lindo.

Eles são surpreendidos pela doutora Bárbara entrando na sala.

- Olá pessoal.

Ela diz e todos ali se levantam, Luísa e sua sogra se aproximam da médica.

- Doutora como esta a minha menina?

Lina questiona com muito medo da resposta, Luísa se mantém em silêncio segurando as mãos da sogra.

- Bom, Yasmin chegou aqui muito machucada, ela estava com hemorragia interna no baço e no pulmão, costelas quebradas, um braço e uma perna também fraturados e uma hemorragia intracraniana, nós conseguimos estancar todas as hemorragias, fizemos também cirurgia no braço e na perna, agora as próximas 48 horas são cruciais para Yasmin, se o cérebro dela desinchar e ela conseguir acordar ela ficará bem, por enquanto podemos dizer que o quadro dela é grave mas é estável, ela vai ficar no CTI e vamos permitir a entrada de somente 2 pessoas para vê-la, que eu acredito que serão a mãe e a namorada né?

Ela diz sorrindo e as duas concordam com a cabeça.

- Ótimo, podem vir comigo para vê-la, ah uma outra coisa, haviam cacos de vidro atrás da córnea de Yasmin que estavam pressionando o nervo óptico dela, eles também foram retirados durante a cirurgia.

Lina e Luísa não entenderam muito bem, como assim cacos de vidro?

- Doutora esses cacos foram do acidente?

Luísa questiona e a médica balança a cabeça negando.

- Não esses cacos já estavam lá, uma pergunta inclusive, ela conseguia enxergar bem?

Todos se entre-olharam.

- Doutora a minha filha é cega há 2 anos por causa de um acidente com vidro.

A médica olha com espanto para eles.

- Bom se a cirurgia tiver dado certo então pode haver chances de Yasmin voltar a enxergar, não posso garantir, teremos que ver somente quando ela acordar.

Ela diz fazendo todos ali ficarem abismados, como nunca viram esses cacos antes nos exames?
Luísa e Lina seguem a médica até a sala do CTI, elas vestem as roupas especiais e entram lá indo até Yasmin, as duas choravam muito, cada uma ficou de um lado da cama segurando a mão de Yasmin, ver ela naquele estado cortava o coração de Luísa, ela preferia estar ali no lugar de Yasmin, ela deixa um beijo leve no topo da cabeça da jovem e sussurra em seu ouvido.

- Eu to aqui meu amor, volta pra mim..

As 48 horas seguintes foram as mais difíceis da vida de Luísa, ela não saiu nenhum momento do hospital, os amigos levaram a mãe de Yasmin para casa para descansar, Luísa se mantinha forte ao lado de Yasmin, os remédios de Yasmin iam sendo diminuídos aos poucos para que ela pudesse acordar no prazo esperado pelos médicos.

- Bom dia Luísa.

A médica diz assim que chega ao quarto onde Yasmin estava, como já estava programado para ela acordar hoje eles a transferiram para um apartamento particular, Luísa sorri ao ver a médica entrar no quarto.

- Bom dia doutora.

A mesma se aproxima de Yasmin, verifica sua medicação e sinais vitais, Luísa observava tudo com muita atenção.

- Ela vai mesmo acordar hoje doutora?

Luísa questiona com angústia, ela não aguentava mais ver Yasmin daquela forma.

- Bom é o que esperamos, mas Luísa precisamos conversar.

A médica diz em um tom mais sério, fazendo Luísa se levantar preocupada.

- Pode falar doutora.

A médica se aproxima de Luísa.

- Você sabe que corre o risco de Yasmin não acordar né?

Luísa balança a cabeça concordando.

- Como também há grandes chances dela acordar, mas você precisa estar preparada, o cérebro humano é ainda um mistério pra medicina, não podemos calcular o tamanho dos danos causados pelo trauma entende?

Luísa escuta com atenção já imaginando o que a médica esta tentando dizer.

- Ela pode ter sequelas né?

Doutora Bárbara balança a cabeça positivamente, Luísa respira fundo.

- Quais tipos de sequela ela pode ter doutora?

Luísa questiona pois ela queria estar preparada para tudo o que pudesse vir a acontecer, ela jamais deixaria Yasmin e enfrentaria qualquer coisa ao lado dela.

- Bom, uma das sequelas mais comuns que vemos nos casos como os de Yasmin é a perda de memória, pode ser total ou parcial, de longo ou curto prazo, ela também pode ter dificuldades com a fala e coordenação motora.

Doutora Bárbara explicava tudo com muita calma, Luísa escutava tudo com muita atenção, após a conversa a médica deixa o quarto e Luísa volta a se sentar ao lado de Yasmin, ela segura a mão da amada e se sente imensamente triste por pensar que Yasmin poderia ter mais danos físicos causados por aquela mulher, Luísa sentia raiva de si mesma por não ter conseguido proteger Yasmin por mais que soubesse que não teve culpa em nada do que aconteceu, ela segurava firme a mão de Yasmin quando de repente ela sente um dos dedos de Yasmin se mexer, Luísa dá um pulo da cadeira e começa a observar, ela não vê e nem sente mais nada e então suspira.

- Acho que to ficando louca.

Ela diz para si mesma, ainda observava a menor que dormia tranquilamente.

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