Cap. 09.: Luísa.

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Luísa adentrou a rua onde o baile iria acontecer, ali ela dançou, bebeu, fez "amigos", fumou alguns baseados, ela estava se divertindo de verdade como não conseguia ha um tempo, sua vida tem sido um atropelamento de coisas e situações nos últimos anos que ela não tem tido tempo nem pra ela mesma, ela se cuidou psicologicamente com médicos e medicações mas ela não teve tempo pra si, esse tempo, de sair, de curtir, de ser ela mesma, apenas uma jovem de 25 anos curtindo a vida em São Paulo, e ela estava achando aquele momento muito legal, algumas horas depois ela se cansou da barulheira e das pessoas que já estavam começando a reconhece-la e queriam cerca-la, então ela deu um jeito de escapulir dali e simplesmente saiu andando, a noite estava linda e totalmente agradável, Luísa com certeza estava um pouco alterada com a bebida e a maconha mas ela ainda sabia o que fazia e pra onde ia, depois de um tempo caminhando ela se dá conta que estava em um bairro mais afastado e aparentemente tranquilo, ela continua andando e então avista um parque, ela sorri pois há tempos ela não ia num lugar assim, tranquilo, apenas para apreciar, então ela foi em frente, enquanto entrava no parque e caminhava por ele, ela vê seu celular onde marcavam 23:10, ela olha em volta o parque estava vazio então ela decidiu: Passaria a meia noite de natal ali.
Era o lugar perfeito, calmo, sem ninguém, teria uma boa vista dos fogos de artifícios, ela estava orgulhosa de si mesma, ela andava procurando o melhor lugar para se instalar, até que ao fazer uma curva ela se assusta ao ver algo, ou melhor alguém, uma garota, havia uma garota ali, ela estava parada perto de um banco ao seu lado havia um cão, Luísa sorriu achando graça pois pensou quem estaria com um cão num parque perto da meia noite? E então se lembrou que ela também estava sozinha num parque perto da meia noite, Luísa sem nem perceber continuava a andar porém em direção a menina e ao seu cão, ao se dar conta que estava perto o bastante, ela então observa a menina, ela estava parada, e apesar da presença de Luísa ser bem perceptível e visível ali ela não olhava na direção de Luísa, a mesma até esfregou os olhos pois a atitude da garota era tão estranha que Luísa chegou a pensar que a menina era uma miragem ou sonho sei lá, ao constatar que a menina a sua frente era real Luísa então pigarreia para tentar chamar a atenção da menina que só ao ouvir o barulho que Luísa fez se virou em sua direção.

- Tem alguém aí?

A voz da menina sai baixa Luísa não consegue entender o porque a menina perguntar se tinha alguém ali ela obviamente estava vendo a Luísa, ela estava parada bem na sua frente, logo imaginou ser alguma piada e então solta uma risada alta.

- Porque esta rindo? Quem está ai?

A voz da menina dessa vez sai mais alto e firme, Luísa para de rir e então se dá conta de que a garota realmente não a esta vendo ali.

- Ahn, oi, desculpa eu achei que estava me vendo.

Luísa diz tímida pois não sabia o que dizer, ela observa a garota e o cão a sua frente, então ela finalmente percebe que a menina estava segurando uma bengala com uma mão e a guia do cão com a outra e o cão tinha uma bandana amarela e uma espécie de crachá, Luísa volta seus olhos para a garota ao ouvir novamente sua voz.

- Ah tudo bem, esta de noite e se esse parque continua igual, a iluminação não é muito boa.

A menina diz simples, ela se vira parecia procurar alguma coisa com a bengala, até bater no banco, Luísa observava cada movimento da garota com curiosidade, ela vê a menina andar até o banco, se virar e sentar.

- Ah eu posso?

A menina levanta seu rosto na direção de Luísa e então ela o vê com clareza pela primeira vez, os cabelos soltos caídos em seu ombro, seus olhos castanhos e grandes, os detalhes angelicais de seu rosto.

- Pode o que?

A menina a questiona confusa, Luísa aponta para o banco mas logo abaixa a mão lembrando que ela não veria.

- Me sentar ao seu lado.

Ela diz simples, a menina dá de ombros como se não se importasse, Luísa vai até ela e se senta ao seu lado.

- Você não vai se atrasar?

Luísa vira seu rosto em direção a menina ao ouvir aquela pergunta.

- Me atrasar ?

Ela questiona de volta pois não entendeu a pergunta da garota.

- Sim, já deve ser quase meia noite, devem estar te esperando.

Luísa solta um pequeno riso e balança a cabeça negativamente.

- Não, não tenho ninguém me esperando, mas e você? Também irá se atrasar, não vai?

Luísa devolve a pergunta da menina afinal estava curiosa para saber o porque ela estava ali.

- Digamos que assim como você, eu também não tenho ninguém me esperando.

Luísa olha surpresa pois achava difícil aquela menina não ter ninguém.

- Mesmo? Mas é natal.

Luísa diz num tom de surpresa encostando suas costas no encosto do banco, a menina dá um pequeno sorriso e então colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

- Ué, o fato de ser natal fez alguma diferença pra você? Afinal também não tem ninguém te esperando.

As palavras da menina fizeram Luísa pensar, ela da um sorriso e aponta um dedo para a menina.

- Touché, me chamo Luísa.

Ela diz estendendo a mão, a menina vira novamente seu rosto em direção a Luísa e dá um meio sorriso.

- Sou Yasmin e sugiro que abaixe sua mão, eu não vou segura-la até porque não posso vê-la.

Luísa abaixa a mão olhando confusa.

- Mas se você não poder ver, como sabia que eu estava com a mão levantada?

Ela perguntou confusa e então viu Yasmin soltar uma pequena risada alta pela primeira vez.

- Porque é o automático das pessoas, quando se apresentam estender a mão para cumprimentar.

Luísa bateu a mão na própria testa, afinal como ela não imaginou o óbvio?

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