Cap.02.: O Depois

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Yasmin acordou no hospital aquele dia com seus olhos vendados por uma faixa, ao seu lado estava Pedro seu amigo de infância e claro Débora, a mesma se culpava pelo o que tinha acontecido, chorava e fazia inúmeras promessas, porém com a mesma expressão vazia que seus olhos tinham Yasmin apenas a mandou embora, vendo que seus atos não teriam perdão Débora se foi e Yasmin pôde então chorar no colo de seu amigo, dali pra frente ela teria que mudar todo o seu mundo, tudo ao seu redor e todas as coisas que já havia aprendido na vida teriam que ser reavaliadas.
1 ano e meio havia se passado desde então, Yasmin mudou de casa, trocou de faculdade, aprendeu e reaprendeu coisas, descobriu novos hobbies e começou a ver um novo significado para a vida, passou em inúmeros médicos já que sua mãe custou a aceitar que sua cegueira era irreversível, porém aos poucos e com certa dificuldade Yas estava conseguindo reconstruir sua vida, havia cruzado com Débora algumas vezes mas sem nenhuma novidade a respeito disso e ela tinha certeza que Débora continuava indo ao café onde ela frequentava todos os dias, por mais que não conseguisse ver ela podia sentir a presença de sua ex ali, nunca questionou ou perguntou se ela estava mesmo ali pois a única coisa que Yas queria de agora em diante era seguir com sua vida de forma tranquila e simples.
Yasmin enfrentava cada novo desafio de sua nova vida um por um, o primeiro a ser vencido foi conseguir se locomover com a bengala branca, depois aprender a ler em braille e depois redescobrir algo em que ela fosse boa para continuar sua vida, até que se deu conta do quanto era boa com as próprias mãos sempre gostou de artes e então ali viu uma luz para poder seguir e ter uma vida mais perto do normal e isso era tudo o que ela mais queria.
Ela trocou seu apartamento por uma casa térrea sem escadas e sem degraus, em um bairro considerado tranquilo em São Paulo, perto de sua faculdade e havia uma edícula nos fundos onde ela pôde fazer seu ateliê, tudo parecia perfeito.
Mas só parecia mesmo pois dentro de si ainda permanecia o vazio e o medo, medo de não conseguir, medo de se tornar um peso para as pessoas, medo de não ser o suficiente para ela mesma e medo de nunca mais confiar em alguém e de nunca mais conseguir dar outra chance para o amor, Yas sonhava alto desde criança, sonhar era o que a mantinha viva era onde ela depositava suas esperanças e agora mais que nunca ela precisava sonhar mas mesmo quando ela fazia isso havia algo ali que a impedia, a escuridão e o vazio, que não estavam somente em seus olhos mas também em seu coração.
Com isso ela continuava tentando dia após dia se reerguer e voltar a ser a pessoa sorridente e cheia de vida e com extrema vontade de viver que era antes.

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