O advogado a fez cruzar uma série de salas interligadas e, quando chegaram à última, afastou-se e fez sinal para que Beatrice entrasse. Ela abriu a porta e se voltou para questiona-lo.
– Espere, do que se trata...?
Uma voz macia como o veludo se fez ouvir dentro da sala e interrompeu o seu protesto.
– Entre, Srta. Devlin.
Hesitante, Beatrice obedeceu à ordem seca e entrou. O exame que pretendia fazer da sala se deteve na figura sentada do outro lado da mesa. Levantou quando ela se aproximou: um homem alto, sério, esbelto, de pernas longas e ombros largos. Também era muito jovem e pecaminosamente bonito... Para quem gostasse da aparência de anjo decaído. E, francamente, pensou, quem não gosta?
– Sente-se. – Ordenou ele na voz de veludo.
– Desculpe... Não o conheço, ou...
– Duvido.
As longas pestanas do homem se abaixaram e pareceram roçar as maçãs do rosto angulosas, e seu olhos escureceram enquanto acompanhava as curvas voluptuosa do corpo de Beatrice. No instante em que os olhos dele se voltaram para o seu rosto, sabia que o seu rosto queimava. Havia uma espécie de insulto calculado no exame que ele lhe fizera.
Mais tarde, ficaria admirada com aquela atitude, mas na hora ficou furiosa demais para analisá-la. Estaria tentando faze-la perder a paciente? Ou sempre seria grosseiro daquele jeito? De qualquer maneira, não lhe daria a satisfação de reagir. Beatrice ergueu o queixo, arqueou a sombrancelha interrogativamente e sorriu calmamente.
– As boas maneiras não são o seu forte, não é...? –Murmurou ela de bom humor, puxando uma cadeira. – Suponho que não tenha sido trazida até aqui só para me insultar...?
Como resposta, ela recebeu um olhar de perplexidade que o levou a juntar as sobrancelhas grossas, formando uma linha reta acima do seu nariz de águia. Manteve a expressão, enquanto a via sentar na cadeira e cruzar as pernas com indiferença. A maneira como a olhava deixava-a extremamente constrangida, mas ela também estava determinada a não deixar que ele percebesse. Não era o tipo de pessoa com quem se deveria demonstrar fragilidade. O homem evidentemente era um bárbaro e nenhuma vestimenta elegante poderia esconder este fato, pensou. Por mais furiosa que estivesse por olha-la como se fosse um pedaço de carne, estava mais furiosa com ela mesma por reagir instintivamente só desafio sexual que via no seu olhar.
Ah, de um tempo, pensou, tentando acalmar a respiração. O homem tem mais sensualidade concentrada no dedinho do que a maioria dos outros tem no corpo todo. Deixou os olhos percorrerem toda a extensão da silhueta. Deixou os olhos percorrerem toda a extensão de silhueta esbelta novamente e engoliu um suspiro. Não importava o que tivesse a mais: do ponto de vista física, não tinha um desafio. Por fim, ele deixou de avalia-la e falou.
– Você me parece uma moça esperta. – Bastava fitar os olhos verdes para saber que não era tola, embora sua inteligência não fosse a primeira coisa que iria atingir um homem quando entrasse numa sala. Desde o momento em que entrara, balançou os quadris e espalhando um perfume de rosas e de chuva na sala, ele ficou mais que consciente do seu apelo sexual.
Beatrice mostrou os dentes num sorriso falso.
– Obrigada. – Murmurou, se iludindo achando que tivesse recebido um cumprimento.
Dificilmente lhe falaria um elogio, depois de olha-la como quem vê algo de desagradável grudado em seu sapato! Imaginou vagamente como deveria ser quando não estava ocupado em desprezar alguém, mas duvidava que fosse descobrir, já que entre os dois vibrava um inexplicável antagonista. Apesar de tudo, sua imaginação brincava com a imagem daqueles traços arrogantes relaxando num sorriso genuíno: os cantos dos lábios sensuais levantariam um pouco e talvez provocassem algumas rugas charmosas nos cantos dos olhos; a temperatura das profundezas salpicadas de prata dos olhos subiria um pouco acima de zero...
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o Sheik e a Virgem
RomanceO princepe Tariq Al Kamal furiosamente proíbe seu irmão de se casar com uma mulher imprópria. Em seguida, pega Beatrice e a leva para sua casa no deserto onde irá seduzi-lá. Porém, Tariq ignora que ela não é a mulher desejada por seu irmão. Beatrice...