Capítulo: 05

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Um carro com ar refrigerado os aguardava para leva-los à fortaleza onde ficava o palácio, e bendisse o luxo que a livrava temporariamente do calor.

– Senhor...

Levaria algum tempo até que ele se acostumasse com a maneira respeitosa  com que todos se dirigiam a Khalid, pensou, enquanto o homem falava com ele. Não entendia uma palavra, mas o comportamento dos dois homens e de Khalid sugeriu que a situação era urgente.

– Há algo de errado? – Perguntou ela quando o homem mais velho fez uma reverência e desapareceu no longo corredor de mármore que se parecia com todos os outros que já haviam percorrido.

– Receio que sim – Disse Khalid com uma cara triste. – Houve um problema com o novo sistema de irrigação ao sul do deserto, e precisam de mim. Tariq está à minha espera.

Colocou a mão no ombro do amigo.

– Vá, Khalid. Estarei bem. – Perdida, mas bem, pensou, olhando para o corredor que parecia interminável.

– Mesmo? – Sorriu agradecido, mas hesitou. – Odeio deixa-la assim.

– Vá. – Falou, empurrando-o justamente no momento em que surgiu uma moça que, como todas as mulheres que Beatrice viu desde que chegou, estava com a cabeça coberta, mas não usava véu, e que, como todas as outras, olhava seus cabelos ruivos com um olhar fascinado.

– Está é Azil. Ela a levará até seus aposentos. Prometo que voltarei o mais rápido possível. – Disse.

A moça de expressão amável e grandes olhos de força enfatizados pelo rímel sorriu timidamente e começou a andar pelo corredor. Foi atrás dela, tentando se equilibrar nos saltos altos. Achou que o seu costumeiro uniforme composto por jeans, camisa e tênis não iria convencer o desagradável irmão de Khalid de que tinha tudo para escravizar um homem, e muito menos um membro da realeza!

– Pode esperar um pouco? Estas coisas estão me matando!

– Desculpa...?

Beatrice revirou os olhos e apontou para os pés.

– Os sapatos...preciso tira-los.

Perplexa, a moça a viu tirar os sapatos e riu quando a viu dobrar os dedos e suspirar aliviada.  A jovem ainda riu quando uma sombra caiu sobre ambas.

Bea se voltou, deixou cair os sapatos que segurava, e bateram ruidosamente no chão. Não precisava ver a atitude respeitosa da moça para saber quem apareceu. Sentiu os cabelos da nuca arrepiarem.
Ela disse alguma coisa a Azil, que fez uma reverência e foi embora. Bea sentiu vontade de correr atrás dela.

Tariq se voltou lentamente. Da última vez que a viu, seu rosto estava sem maquiagem, mas agora estava impecável em maquiagem. A roupa que vestia era indecente e tão óbvio que quase chegava a ser engraçado. Mas não riu. Seria um erro subestima-la. Viu o jeito sinuoso, sensual, com que se movimentava, quando a observava chegar com Khalid, da janela da torre. Animou-se ao notar que ela e Khalid não se comportavam como namorados que não conseguissem se soltar: Na verdade, não haviam se tocado. Teriam tido uma briga? Ao vê-lo no seu ambiente familiar, teria o irmão percebeu o quanto era absurda aquela relação?

Quando os olhares se encontraram, Beatrice se sentiu atingida por uma onda de arrepio. De terno, Tariq ficava incrível, mas, com as botas de montaria aparecendo por baixo da túnica usada no deserto e com o rosto emoldurado pelo turbante, parecia ter saído das suas fantasias mais loucas. Fechou a boca e conjurou o seu espírito combativo. Claro que é como qualquer homem que você já conheceu, Bea. Parece ter acabado de sair de uma tenda de beduíno.

Por algum motivo, esperava vê-lo vestido em roupas ocidentais e não estava preparado para o tipo de sensibilidade selvagem que ele irradiava. Acalma-se. Por debaixo das roupas é um homem como todos os outros.... A não ser pela alta importância que se dá e pela infinito riqueza. Seguiu o próprio conselho e ergueu o queixo. Preferiria morrer a deixá-la perceber o quanto a intimidava . Estou calma e controlada, pensou, enquanto ele se aproximava com uma suavidade que a deixava com os músculos retesados o tremendo.

Olhou-o e se lembrou de que aquele era o homem que estava disposto a arruinar a vida de seus amigos e que não iria deixar. Respirou profundamente, provocando um efeito desastroso no corpete apertado do vestido. A um efeito desastroso no corpete apertado do vestido. A despedida do colar, ficou arrepiada e sentiu os cabelos se eriçarem ao reparar ao reparar nos contornos do belo rosto de Tariq Al Kamal. Sabia que tinha parte de sangue inglês, mas o seu rosto não mostrava nenhum sinal da herança europeia. O peixe bem barbeado e anguloso e as maçãs do rosto nem definidas ecoavam a herança sibarita sugerida pela curva sensual dos lábios bem-feito. Era o homem mais bonito que já vira.

– Pensei que estivesse à espera de Khalid.

– Em breve vou me encontrar com o meu irmão.

– Nossa, leva os seus deveres de anfitrião a sério. Estou comovida.

Não reagiu ao comentário irônico

– Se noa estiver aqui quando voltarmos, dobro minha oferta.

– É tentador. – Disse, sem saber como conseguira sorrir. – Mas você sabe...Depois que vi este lugar, é como disse. Prefiro me ver como princesa: é o sonho de qualquer menina, você sabe...

– Não é uma menina. – Disse, observando o decote de Beatrice. – Eu me pergunto se Khalid percebeu que é do tipo que corre atrás da riqueza.

– Duvido. Um dos maiores ingênuos do mundo.... É assim: Acha que você é um grande homem.

– Se sentisse algo pelo meu irmão, Srta Devlin, não se casaria com ele. – Sibilou com desprezo.

Era difícil não comparar desfavorávelmente o comportamento de Tariq com a tendência humilde do irmão. Beatrice intimamente deu de ombros. A arrogância era um pré-requisito para a posição que ocupava. Fora educado e crescerá sabendo que um dia seria rei. admitiu que era compreensível que a arrogância e a superioridade estivessem gravadas em todos os ângulos  do rosto simétricamente esculpido e também precisou admitir que nunca esteve na presença de alguém que irradiasse uma energia quase tangível. Era extraordinária, eletrizante, pensou, passando a mão no braço que formigava.

Olhou novamente para o seu decote e Beatrice precisou conter o impulso de esconder o que de repente lhe pareceu uma basta extensão de pele. Ao invés disso, levantou o queixo e o peito e deu um sorriso radiante e obviamente falso.

– E me chame de Bea. Afinal...– Olhou-o sedutoramente por sob as pestanas. – Sou praticamente da família.

Fitou -se como se dissesse um sonoro só por cima do meu cadáver, deu um sorriso tão falso como o dela, e os olhos emoldurados por grossas pestanas brilharam de escárnio.

– Jamais fará parte da família, Srta. Devlin.

Beatrice engoliu a raiva, imaginou que aquela era a reação que esperava causar e ficou olhando enquanto se afastava, com a túnica branca flutuando à sua volta.

A reação que teve aí sentir o olhar insolente de Tariq percorrer seu corpo não fora a que esperava, e ainda sentis a pele formigar.

– Senhorita...? – A pequena Azil se aproximou e lhe entregava os sapatos. Beatrice sorriu, pegou os sapatos e seu uma última olhada por sobre o ombro para vez silhueta alta que se afastava. Enfrenta-lo não fiz bem aos seus nervos...imagine o que seria capaz de fazer com a delicada Emma!.

o Sheik e a VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora