15 - Yasmin

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Chego em frente ao hotel indicado e assim que pego meu celular para mandar uma mensagem, vejo ele saindo na portaria.
Sua aparência é de alguém cansado. Sei que ele fica assim quando bebe a noite toda.

— Tudo bem? — Completo os passos até ele e tento alcançar suas olheiras com as pontas dos dedos.

— Você não vai dá uma de preocupada e fingir que a discussão de ontem não aconteceu não é? — Minha mão é segurada e afastada de seu rosto.

— Eu não estou fingindo nada. — Tento me defender. — Só estou preocupada. Você parece cansado.

— Você passou a noite enchendo a cara com seus amiguinhos. — Sua expressão julgadora quase nunca deixa seu rosto. — Eu não iria ficar aqui deitado, assistindo Netflix não é?!

— Você fala como se eu estivesse te traindo. — Alguns olhares curiosos desaceleram os passos para tentar nos ouvir.

— Como eu vou saber que não? — Nem consigo mais me surpreender com essas acusações. — Você preferiu ficar lá ao invés de ficar do meu lado e me levar a esse casamento junto com você.

— Eu já te disse. — Começo a me irritar. Algo que raramente acontece quando se trata dele. — Não sou eu que faço a lista de convidados e você não é alguém que a noiva quer que esteja presente.

— E eu já te disse que se ela é mesmo sua amiga, ela deveria permitir que eu, que sou seu namorado, talvez seu futuro marido, esteja lá com você.

Fico em choque. Pela primeira vez, sua boca diz as palavras. E essas malditas palavras me causam medo.
Como eu posso amar alguém e ter medo de quando ela diz que talvez iremos nos casar?

— A Kate não vai mudar a lista de convidados porque você está inseguro. — Mantenho a postura. Ele parece incomodado com isso. — Ela não gosta de você e não tem nada que você possa fazer por agora.

— Então vamos voltar comigo para São Paulo. — Seu tom é mais como um pedido, mas eu já sei todas essas técnicas que me manipulam a tanto tempo.

— Eu não vou perder o casamento da Kate. — Tento me manter firme, mesmo me assustando com isso.

— Então, pegue suas coisas, traga para o hotel e eu vou conversar pessoalmente com essa sua amiga. — E lá estava o tom autoritário. — Ela não me conhece. Como pode não gostar de mim?

— Talvez por todas as vezes que ela me viu chorando e sofrendo por você. — A resposta sai automaticamente. E por um breve momento, eu sei que deixei o medo claro em meu rosto.

— Eu estou sendo bem compreensível e flexível, mas você não está entendendo meu lado. — Deixo escapar um riso, incrédula com o que acabei de ouvir. — Achei que era para conversarmos e decidir o que era melhor para nós dois antes de qualquer decisão.

— Essa conversinha não vai colar comigo agora. — Me afasto lentamente do seu alcance. — A gente disse que ia fazer isso mas é sempre você que decide tudo e faz parecer que foi uma decisão conjunta. Eu não vou permitir isso agora, porque esse casamento é importante e eu não posso dar as costas pra isso.

— Então vai ser assim mesmo? Vai me trocar por uma amiga que você não vê a sete anos? Me trocar por um bando de homens que vieram da puta que o pariu?  — Ele tenta me tocar, mas meu corpo fica enrijecido. — Você fez a sua escolha então.

— Não é bem assim. — Ele se vira, depois de me lançar o olhar mais enojado que eu já vi. — Espera.

— Não venha atrás de mim! — Grita. — Não quero mais ver você.

Fico paralisada, na calçada, por um tempo.

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⏰ Última atualização: Mar 23 ⏰

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