A manhã de segunda acordou fria.
O ar estava gélido e nebuloso, onde uma massa cinzenta de nuvens cobria um sol oculto.
Abri os olhos,tudo igual.
Mais uma manhã, e mais uma manhã sozinha,a dor lancinante que sinto é persistente, talvez pela noitada passada com Mel,opitei por levantar, mas desisti assim que avistei Paul entrar pela portinola, decidido.
Bem, Paul é o meu gato. O gato mais pilantra e safado de toda Nova York City.
Paul era um gato siamês de pelugem negra,tinha patinhas fofas e orelhas pontudas, o rosto felpudo jazia olhinhos grandes astutos, e um tanto doce demais.
Mas nunca se devia enganar com Paul: esses mesmos olhinhos faziam as merdas mais convictas.
Viro de bruços, deixo uma perna fora do edredom, onde balanço em pequenos intervalos, presa ao próprio tédio.
Paul caminhou sorrateiro até ao pé da cama.
O ignoro.
____O que há Paul? Está com fome?
O gato miou em resposta.
Como eu, Hayle Laurence, conheço bem meu gato, sabia que ele não sairia dali até que me levantasse,depois de quinze minutos, estou de pé.
Estou me sentindo uma velha, e olha que tenho quase vinte e três anos. E o pior: estou encalhada. É, encalhada.
...E-N-C-A-L-H-A-D-A!
Bem, essa é uma longa história que irei contar depois, porque neste momento estou atrasada. Vou para o banheiro; estou com um gosto de saliva velha na boca, uma baba seca que começa no canto e termina quase no ouvido.
É,eu sei é nojento,eu babo.
Jogo água fria no rosto, preciso estar acordada.
Depois de escovar os dentes, passo para a tarefa número dois: Amansar os meus cabelos
Minha juba está terrível hoje, acho que superou todos os dias anteriores.
Para tirar a pouca paciência meu shoet curto de roubar galinha se enfia em minha bunda a todo momento, e meu casaco cinza está todo ensopado.
Ainda não descobri como ele chegou a esse ponto.
Tomo um banho rápido, lavando somente o necessário, pois não tenho muito tempo para mordomias.
Bocejo.
Amarro o cabelo com uma presilha de borboletas descascada, que um dia foi de minha mãe (essa é a única lembraça que tenho dela).
Pulo sobre Paul quase pisando em seu rabo, e ele me lança um olhar como quem diz:"SE PISAR NO MEU RABO EU TE MATO!"
Apenas sorrio.
Os primeiros raios de sol entram reluzentes através da cortina branca rendada.
Abro a janela e deixo que a luz ilumine meu frio apartamento.
Há um ano Mel morava junto a mim. Somos inseparáveis,bom éramos,ela é um ano mais nova que eu, e um pouco louca também.
Hoje para minha tristeza ela mora com o namorado.
É, aquela coisa toda de ensino médio,tudo bobagem! Vocês prometem morar juntas, viajar e curtir intensamente a vida.
Mas como nada é perfeito no mundo de Hayley, sua melhor amiga encontrou seu Ken.
Por um lado,a gente fica feliz,apoia e por outro...tem muito medo de morrer sozinha,como eu.
Depois de muitos fracassos decidir estar solteirona,"Antes sendo feliz,do que puta levando galhada".
Eu sei como é ser tirada como otária,bom eu já tomei tanto no cu que nem sei como ainda seguro a merda.
