Cap 8

101 8 0
                                    

Amizade é uma coisa de loko. Já pararam pra pensar na quantidade de pessoas muito diferentes que são nossos amigos? Todo mundo tem aquele amigo muito bobo, aquela amiga que não sai da frente do espelho, um que adora ler, um que odeia ler, um que joga bola, um que não sai da frente do computador, um em quem você pode confiar e contar as coisas. Mas todo mundo, todo mundo mesmo, tem aquele amigo que quando vocês se reúnem merda...

É impressionante, não importa se é num casamento, num dia na casa do outro, num piquenique, numa viagem à lua ou indo comprar pão na esquina; a merda sempre vai estar lá esperando pra acontecer! E algo mais curioso: esses amigos costumam ser sempre os melhores, os que estão sempre lá pra você.

As histórias que temos com o melhor amigo são aquelas que contamos todos os dias para os pais, outros amigos, primos, avós, tios; um melhor amigo vira até membro da família de tanto que falamos dele. Ele sempre estará lá quando precisarmos, e, por mais que você brigue com ele, no dia seguinte já estarão rindo juntos de alguma besteira. Ele também é uma das poucas pessoas que, se vocês passarem duzentos anos longe um do outro, no minuto do reencontro (se não estiverem mortos) vai parecer que nunca se separaram.

Acho que eu tinha uns quatorze anos. Era logo depois do natal e eu ia viajar com o meu melhor amigo de infância para a fazenda da tia dele. Devia ser a quinta vez que viajamos para lá e o terceiro ano-novo juntos. Já estavam virando uma tradição as andadas a cavalos, mergulhos na piscina e no lago, e o mais emocionante: andar escondido de quadriciclo da prima mais velha dele. Quantas aventuras não vivemos com aquele quadri, desde andar a sessenta por hora a pifar no meio de uma mata selvagem com barulhos de criaturas assassinas que poderiam nos atacar a qualquer momento. Apesar disso tudo, sempre conseguimos resolver os problemas e devolver o quadriciclo sem ninguem perceber de sua ausência.

Fomos viajar, dormi antes de sair da cidade grande e acordei com o carro pulando na estrada de terra, quase chegando no nosso destino. Desfizemos nossas malas e fomos pescar no lago com a esperança de trazer a janta pra casa. Pra variar, pescamos só umas duas sardinhas, que não enchiam a barriga de ninguém.

Quando voltamos pra casa, tinha um clima estranho no ar. Todos os adultos estavam reunidos e nos chamaram. Pensei que a gente iria tomar alguma bronca. Mas não. Eles tinham uma notícia pra nos dar. Como já tínhamos quatorze anos, estávamos ficando mais maduros e éramos adolescentes responsáveis (até parece!), a partir daquele dia poderíamos usar o quadriciclo quando quiséssemos, mas com uma condição. Que nunca, mas NUNCA mesmo, andássemos na chuva e nem á noite. Já era tarde, então preferimos deixar pro dia seguinte.

As aventuras de um adolescente nada convencionalOnde histórias criam vida. Descubra agora