••● Capítulo 1: O Início de Tudo ●••

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Num bairro longe das grandes cidades, em uma praça cercada por árvores, estava eu sentado em um balanço com um caderno de desenho em mãos, um caderno de capa dura, o meu tipo preferido, já que me permitia desenhar em qualquer lugar sem que eu dependesse de uma mesa. Sempre fui bom em desenhar animais e seres humanos, mas, não conseguia desenhar bons cenários que complementassem minhas artes. Ali, em meio a tanta natureza, era onde eu treinava essa parte que ainda me faltava aprender. Por ser um lugar rural, nada me interrompia, eu analisava cada detalhe da natureza à minha volta com imperturbável sossego, pois era um lugar quase que despovoado.
Enquanto eu observava atentamente as folhas das árvores tentando desenhá-las, vi algo no céu, algo brilhando. Acreditei que nada mais fosse que um balão qualquer, refletindo a luz solar. Levantei-me para ver de outra posição e tentar entender o que poderia ser aquilo, quando vi que a "coisa" de repente começou a movimentar-se quase como uma mosca, indo de um lado para o outro, descendo então a uns 70 metros de altura e ficando parada ali por alguns instantes, quando de repente, sumiu. Acreditei que fosse mesmo um balão, movido bruscamente por uma repentina corrente de vento que houvesse talvez, agido apenas sobre ele. Tive que aceitar que fosse mesmo um balão, pois parecia ter estourado, desaparecido sem deixar rastros, porém, não ouvi nenhum barulho, era como se aquilo simplesmente tivesse decidido não existir mais, de um segundo para outro.
Voltei no dia seguinte ao mesmo lugar. Não lembrava do que tinha visto no céu, estava tentando me concentrar em desenhar os cenários quando me dei conta de que eu não conseguia desviar minha atenção para outra direção que não fosse a daquele bosque . Sentia enorme curiosidade em saber como era seu interior, mas nunca antes havia passado em minha cabeça a ideia de entrar lá e ver como era. Por que então, me encontrava tão dominado por uma insaciável vontade de explorar mata a dentro por ali? Também não soube responder, apenas deixei meus materiais de desenho ali e movi-me naquela direção sem pensar duas vezes. Suas árvores davam-me espaço à passagem, fui caminhando lentamente por seu interior. Como era um bairro pouco povoado eu não esperava ver ninguém por ali, mas, surpreendi-me. Ali havia uma jovem vestida de uma roupa branca apertada, semelhante à roupa de um mergulhador ou um surfista, mas tinha emblemas, símbolos como se vê nas fardas de pessoas importantes, parecia feita de um material macio e era levemente brilhoso; na parte lateral de cada um de seus ombros havia um símbolo do planeta Terra, rodeado por estrelas, na parte da vestimenta em que cobria sua garganta havia o símbolo de dois corações azuis, virados cada um para um lado; em cima deles um verde, fazendo o conjunto formar algo como um trevo de três folhas; seus cabelos eram longos, lisos e azuis como o céu, assim como suas botas também tinham essa mesma cor celeste, eram grossas e aparentemente macias, assemelhavam-se às de um astronauta; de costas, apenas suas pálidas mãos não eram cobertas pelo traje. Parecia mais nova, cheguei a achar que estava perdida. O que alguém dessa idade estaria fazendo dentro de um bosque e sozinho? Não podia questionar muito, eu mesmo não deveria estar entrando em um lugar de que não conhecia, movido por pura curiosidade.
Fui me aproximando devagar, o que não era fácil devido às ruidosas  folhas e galhos no solo. Não queria assustá-la, mas também não sabia o que dizer caso ela me visse, eu costumava ser conhecido em minha família como alguém um tanto tímido e pouco sociável, mas eu estava agindo quase que em um modo automático, tomando ação sem parar para pensar duas vezes. Tive a impressão de que a presença dela emanava-me um sentimento de paz e tranquilidade, assim como de confiança, coragem, de despreocupação, aliás, se tornavam mais intensos a medida que eu me aproximava.
Parei ao seu lado, predeterminando ser apenas uma menina ingênua, a que se pode conversar de forma boba e fazer perguntas de caráter juvenil. Observei-a, que por sua vez, pouco aparentava ter notado minha presença ali ao seu lado, como se estivesse bastante distraída com algo. Ela observava as nuvens do céu com encanto e tranquilidade descomunais. Tudo estava muito calmo. O vento soprava por entre as árvores, balançando seus galhos e folhas de forma branda ao som da cantoria melodiosa dos pássaros.
Olhei para aquela doce garota, que tinha um olhar de paz em seu rosto. Ela piscava devagar e respirava num ritmo extremamente sossegado. Eu a observava admirado por sua tranquilidade e também, por sua beleza, seus olhos eram de tons azuis bem vívidos.

Caminhando à Paz, com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora