••● Capítulo 5: Uma Nova Terra ●••

6 0 0
                                    

Havíamos enfim chegado ao parque. Seus "muros" eram na verdade grades, pelas quais se podia ver a ampla quantidade de vegetação do local. Seu portão se abria pra um caminho asfaltado, cercado por campos de grama e árvores de todos os tamanhos. Pessoas passeavam de bicicleta, algumas caminhavam pelos gramados, outras, apenas tomavam um pouco de Sol à luz do dia. Yamasy, voltou a andar saltitante, indo em direção aos enormes campos de grama, enquanto sorria e respirava profundamente. Por vezes, abria seus braços e começava a girar em completa alegria. Eu a seguia, é claro: sem saltitar nem girar, mas estava feliz. Ela então deitou-se na grama e me convidou a fazer o mesmo. Sem muito o que questionar, aceitei seu pedido. Deitado, pude observar aquilo o que ela mais contemplava: o céu! Tão belo em seu tom de azul quanto flores Delfínio . As nuvens passavam calmamente aos nossos olhares admirados; se transformavam, sumiam, ressurgiam lentamente ao sopro do vento que as levava embora, trazendo mais delas logo em seguida. Yamasy suspirou profundamente e então soprou o ar de forma quase sibilante , logo em seguida me disse:
— Sabe, Saturno... em meu planeta... tudo isso já acabou.
— O que? A beleza? Tudo é tecnológico, industrial e antinatural?
— Não — respondia calma como se estivesse com sono —  é tão belo e rico em vegetação como é aqui, mas já se acabaram as guerras, os medos, os julgamentos, as injustiças, os preconceitos, as desigualdades e negligências . As pessoas se amam.
Começava a entender porquê ela era tão despreocupada.
— Entendo... mas, por que as daqui não se amam, Yamasy?
— É uma questão de amadurecimento espiritual, ainda são muito materialistas, não se amam porque seus problemas de terceira dimensão as preocupam, mais do que os problemas de seus semelhantes, têm olhos apenas para a resolução de suas próprias dificuldades, esquecem as dos outros.
— Entendo. O orgulho, o ego: ver somente a si.
— A causa de todos os males...
— Mas por que isso é necessário, Yamasy? Porque as pessoas sofrem?
— Vamos para a sala de aula com o pensamento de que o proposito de estarmos lá é o de sofrer?
— Não! Vamos com o intuito de aprender, se o motivo não fosse esse, nem mesmo iríamos.
— A vida é uma escola, Saturno. Não fomos criados para assistir a amargura enfraquecer-nos, contrariar nossa liberdade e nossas vidas; as pessoas sofrem, mas não porquê suas existências tenham sido criadas para isto, sofrem porque não querem aprender as lições da vida, pois, uma vez que são entendidas, a ofensa do outro não mais faz doer em nós mesmos, o brilho do ouro não mais nos importa, o alimento que tanto nos agrada o paladar torna-se ainda mais apetitoso quando, dividindo por vontade própria, outrem  também o pode saborear. Quando o espírito ainda se encontra imaturo, prefere, por livre arbítrio, caminhar cegamente na dor, reclamando dela, mas ainda assim, sempre há de tirar algum aprendizado de suas vicissitudes. Já quando o espírito se encontra mais amadurecido, mais experiente por consequência de suas vidas anteriores, este, segue mais confiante nos caminhos do amor, o ego não o limita, não o alcança e nem o faz sofrer, pois o ego é causa de todos os males; o amor: a cura de todos eles, como também é a fonte da felicidade.
— Confesso que em um momento, já fui um ateu, sabia da existência de pessoas que levavam vidas miseráveis e acreditava que Deus era injusto com elas, mas me impressionava ao saber que pessoas com vidas ainda piores conseguiam ser felizes, gratas pelo quase nada que tinham, não tinham as inseguranças, ansiedades e problemas comuns aos que tudo possuem.
— O mesmo motivo de que revoltam-se contra o Criador, julgando-o injusto, é o exato mesmo motivo que o torna tão misericordioso. Ah! Conhecemos bem o Divino Criador, já os Terrícolas, têm outro deus como sustento de sua fé, um deus rancoroso, prescrito por um livro cujo conteúdo foi corrompido ao longo dos milênios, danificado, alterado; um deus tirano, que obriga seus filhos a lhe agradarem através de atos fanáticos e sacrifícios que em nada evoluem o indivíduo, tendo como preço de seus erros: a exclusão de suas existências à felicidade, condenadas ao fogo eterno. "Amai a Deus como a tí mesmo." Nós, seus irmãos mais velhos, nos perguntamos: como podem amar um ser que lhes oprime dessa forma, de tal modo, que mais o temem do que o amam? Dentre os mais divinos e pacíficos anjos, seria adorado um ser que, como mal pai, subornaria e ameaçaria seus filhos? Seria Cristo, mais pacifico e amoroso que seu próprio pai? Não. Nada do que vocês creem faz mais sentido, porque suas fontes históricas sofreram drásticas alterações no decorrer dos milênios, como um telefone sem fio, cujo telefone são os pergaminhos corroídos e livros incompletos, devorados pelas traças, traduzidos para as mais diversas línguas e interpretações diferentes, cujo clero cuidou de adicionar e retirar o que bem entendia das escrituras, de acordo com seus interesses próprios. A verdade é que não conhecem a Divindade que todas as civilizações pacíficas amam. Alivio-o em te dizer que este deus, moldado ao que os homens do passado idealizavam, que nem mesmo é digno de que se refiram com letra maiúscula, não condiz com o Divino que conhecemos, que por sua vez, é puro amor e misericórdia. Pode parecer muito o tempo de nossas duras lições na matéria, mas, o que dizer desse tempo, que mais se assemelha a uma fração de milésimos de segundos, diante da felicidade eterna que o Amor Criador nos presenteia na conclusão de nossos aprendizados? Justo é este nosso amado Pai Celestial, que independentemente das injúrias que tivermos vindo a cometer no passado, sempre nos reserva a oportunidade de recomeçar outra vez, num recomeço que traz a experiência e maturidade adquirida com as lições das vidas anteriores, tornando nossos passos à iluminação, incontestavelmente mais largos e acelerados. O Divino é amor, e não é do amor obrigar. Normalmente, as pessoas que se encontravam desencarnadas, antes de virem para o mundo, são instruídas à respeito das Leis Divinas e isso faz amolecer até o mais endurecido coração, tomam conhecimento de toda a maldade que cometeram contra os demais (se cometeram), sentem um enorme peso de culpa ao reexaminar as falhas de suas vidas, e ainda assim, não são obrigadas a se corrigirem, porém, o peso consciencial lhes faz quer refazer as coisas do jeito certo, sabendo não haver melhor forma de evoluir, aceitam reencarnar, mesmo sabendo de antemão, quais dificuldades irão enfrentar. Todo bem ou mal que fizermos em nossa vida, será uma semente cármica. Todo o mal que nos ocorre nessa vida, pode ser proveniente da semente que nós mesmos plantamos, pois não há mal que fique impune diante da justiça divina, mas também pode ser uma prova, pois nós as escolhemos quando desconectados da matéria (nas dimensões não físicas), pra que possamos progredir. O mal nos serve de lição, muitos o repulsam, outros o aceitam sem reclamar, estes últimos, hão de ascensionar em muito menos tempo.
— Compreendo. Quais são então, os principais conteúdos que a escola da vida nos exige para que sejamos aprovados?
— Observe nossos irmãos celestiais, Saturno. O que neles não falta?
— Amor?! Bom... tranquilidade?! Calma?!
— Isso mesmo! Nosso conteúdo indispensável na busca para completar a escola da vida é caridade verdadeira, dar sem esperar do outro algo em troca; é como a prova final, cujo conteúdo que se deve estudar é o amor, a paciência, a humildade, a empatia; pois, nosso destino é a aventurança, o fim do ciclo de reencarnação, a felicidade eterna, os céus. Já imaginou se você chegasse nó paraíso, e lá, as pessoas lhe julgassem pelo que veste, pelo seu penteado, ou pela forma como se diverte, por sua etnia, por sua história na Terra? Pois veja bem, ninguém que não se desfez de seu julgamento, que não se desfez de seu orgulho, que diminui o outro a troco de suas risadas, que se preocupa mais com os valores externos do que com os vêm do coração, que não é capaz de aceitar o outro, que não aprendeu e nem segue as Leis do Amor... nenhum indivíduo assim poderá desfrutar das maravilhas de um mundo ascensionado. Para alcançar o céu, construa-o primeiro em seu interior.
— Você vive num mundo assim?
— Se cantamos, corremos, brincamos pela grama ou fazemos coisas bobas, não ficamos preocupados em parecer decentes para nosso status social , porque tudo isso já se foi, não há ego. Todos se divertem, se amam, tudo está esclarecido. As pessoas de lá conhecem tão bem as Leis universais e as praticaram há tantas gerações, que todos os seres à nossa volta são sagrados e são motivo de alegria, de muito respeito e amor. Um dia, a Terra será assim. Ah! — respirou profundamente — esse mundo será tão lindo! Nós estamos ajudando vocês o máximo que podemos.
— Mas e os desastres naturais, o aquecimento global? Muitos acreditam que a Terra pode se tornar inabitável em 100 anos.
— O mundo adoecerá em breve! Mas quando as enfermidades terminam, nos tornam imunes ao que nos adoeceu. A Terra será mais saldável ao final de suas dores e sua energia será mais límpida, mais leve. Guarde essas palavras, porque hão de ser lembradas: as coisas serão difíceis para o mundo todo em breve, o frio, a falta de recursos, cada região do mundo terá suas próprias enfermidades, sejam doenças de pele, fungos que já existiam e se tornarão mais fortes, seja o que for, haverão os terrícolas que estar prontos para se ajudarem uns aos outros. As ondas solares poderão causar a queda do funcionamento dos aparelhos dos humanos terrícolas por algum tempo, a natureza mostrará sua força em muitos lugares do mundo, será um longo período de limpeza energética; a política começará a ser revolucionada para se adequar ao novo nível evolutivo do planeta, mas quando isso tudo passar, tudo se adaptará e vós terrícolas verão os maiores problemas do mundo serem finalmente resolvidos, algo que no presente momento, vós terrícolas julgam ser impossível: a resolução dos problemas da Terra, mas ocorrerá, dentro deste século. Por volta de 2055 a 2064 a separação dos povos acabará. O mundo todo se tornará um único povo unido. Não muito antes disso nem a guerra, nem a fome existirão mais entre vós terrícolas, pois as moedas terão o mesmo valor em todos os continentes. Vós só conheceis o lado ruim de si mesmos e nem todos carregam a esperança de vossa melhora no mundo, mas nós também os conhecemos, sabemos o quanto já evoluíram moralmente e que estão mais civilizados e mais éticos do que em qualquer outro período de vossa história, não há data definitiva, mas, estimamos que, por volta de 2050 já estejam pacíficos o suficiente para nos receber fisicamente, devido a elevação do nível energético do planeta; nesse caso, nós, irmãos das estrelas faremos contato abertamente com os seres humanos da Terra e guiaremos vosso planeta aos novos patamares da evolução moral, espiritual e tecnológica. Vocês serão parte das raças aliadas à Confederação do Planetas, mas ainda não confederadas. O reinado da luz se mostrará presente em todo o planeta. Futuramente, quando o ser humano terrícola criar bases na Lua, grandes nações se ajudarão, nesse processo, reconhecerão o bem que fazem a si mesmos quando se unem ao invés de competirem; pouco a pouco, deixarão o interesse em dominar umas as outras e isso se tornará uma amizade muito benéfica para ambos os lados, com a confiança depositada mutualmente, cedo ou tarde, chegará o fim do interesse desnecessário e gananciosos por lucro, precisamente, será uma amizade verdadeira entre povos. Pela primeira vez, a harmonia genuína e a felicidade verdadeira começarão a ser-lhes sentidas e vossos corações se preencherão. Quando da Lua partirem para o planeta vermelho, este será o sinal, que marca a o início da nova categoria de vosso planeta, como mundo de regeneração, este será o sinal de que os povos já estão em harmonia na Terra, o sinal final que marca o fim de uma transição planetária de um planeta de obstáculos à felicidade, para um planeta de repouso e harmonia, onde não há pobreza e nem mais doenças, nem guerras; terão deixado de lado o desejo de serem maiores uns que os outros, o ferro das armas se converterá em ferramentas de cultivo no campo, os conflitos não mais existirão, vosso mundo reconhecerá na ciência a existência da alma e das dimensões, que atualmente, evitam mencionar e estudar. Nós, irmãos das estrelas estaremos entre vós e lhes despertaremos a estes pontos, sobre nossa existência, a existência das outras dimensões.
Seja nessa vida, de forma explícita, quanto pelo nascimento de milhares de crianças em corpos terrícolas, mas que se mostrarão almas avançadas, em diversos aspectos e pela lembrança que elas trarão de quem realmente são, lhes será claro que estaremos entre vós. Vários seres de outros mundos já estão entre vosso povo terreno, trazendo ideias revolucionárias e avançadas que promovem o amor e a igualdade a todos, mas os ideais antigos e falhos os repelem por seguirem direções contrárias às suas crenças, crenças estas que aceitaram lhes serem impostas no passado sem questioná-las. Muitos de nós nasceremos entre vós terrícolas em maiores quantidades  a partir do ano de 2018, o que se prolongará até 2035, para ensinar aos adultos menos adiantados que apenas veem a existência como uma única vida, finita, e que abominam a morte, por falta de esclarecimento. Não temam! Nós estamos com o vosso povo. Em seu tempo, tudo o que é necessário à felicidade lhes será esclarecido.

As palavras dela me causavam um efeito impactante, motivante e resultavam em uma sensação de esperança e orgulho às nações futuras, uma certeza inabalável de que tudo daria certo, de que os problemas que vêm pela frente poderão surpreender e nos exigir força, mas são tão passageiros quanto o dia e a noite, e que as maiores revoluções são sucedidas  por grandes alívios e descansos para que se aproveite a paz de um mundo regido por novas regras. Mas em meio à essa sensação de força, questionava minha capacidade. Nem mesmo me lembrava do que disse a ela mais cedo antes de virmos ao parque. Como me lembraria das palavras dela posteriormente, quando estivesse escrevendo nossa história temporariamente secreta? Antecipando telepaticamente minhas dúvidas mentais, ela respondeu-me sorrindo a dizer novamente:
— Tantas surpresas te esperam, jovem terrícola!

Caminhando à Paz, com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora