••● Capítulo 3: O Nome da Doce Menina dos Cabelos Azuis ●••

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Logo que era manhã no dia seguinte, fiz como das outras duas vezes, dirigi-me àquele local logo depois do café da manhã. Chegando lá, surpreendi-me. Ela não estava lá. Não me surpreendia tanto, já que ela não deveria ficar me esperando chegar o tempo todo. Seria algo inviável de se fazer, mas ficava em minha mente a pergunta: quanto tempo ela esperava por mim antes que eu aparecesse nesse local?
Decidi ignorar meus pensamentos, não importava a resposta dessas perguntas, pois agora, eu é quem esperaria por ela. Sentei-me em pose meditativa (pose de lótus ) e me pus a aguardar quanto tempo fosse necessário. Neste tempo, distraí-me algumas vezes, já que frequentemente, pequenos pássaros pousavam sobre o solo encoberto por galhos e folhas que já estavam secas, fazendo-me acreditar que pudesse ser o som dos passos dela. Mas, fui passando a ignorar estas distrações. Enquanto mantinha-me concentrado, focava em dar atenção aos sons mais belos, como o vento e os pássaros cantando. Repentinamente, senti uma enorme positividade. Sentia vontade de sorrir, mas não sabia o porquê. Enorme tranquilidade aquietava-me de maneira profunda. De repente, algo agradavelmente quente tocou em meus olhos fechados. Ouvi então, aquela característica voz, doce e tranquila dizendo:
- Advinha quem é!? - tapava meus olhos com suas mãos.
Não sabia o que responder, não conseguia parar de rir e isso me fazia muito bem. Ouvia ela rindo também e, essa era talvez, a coisa que mais tocava o meu coração, seu sorriso era engraçado, combinado com sua voz suave e gentil, refletia toda a sua docilidade interior. Era um momento maravilhoso em que eu estava completamente feliz, não por, talvez, estar apaixonado por ela, mas por sentir que eu não precisava estar, meu respeito por ela era tão imensuravelmente grande, que nossa união era algo angelical, não romântico, ela transmitia irmandade, fraternidade, pureza. Não queria que aquele divino momento acabasse. Me questionava sobre como ela conseguia transmitir docilidade em tal nível, tendo me dito ainda somente três palavras. Ela fazia eu me sentir em paz, feliz em sua presença, antes mesmo que eu soubesse que ela estava próximo a mim.
- Você está mais feliz que ontem - disse a garota de cabelos azuis.
- Estou sinceramete interessado em aprender a ser útil.
- Lindas palavras! O que diz com sinceridade revela o que há em seu coração.
- E o que há no meu agora?
- Muita luz, use para iluminar esse planeta - logo que retirou as mãos de meus olhos, pude vê-la passar andando ao meu lado. Tanto ela, quanto seus longos cabelos tinham aromas perfumados inigualavelmente agradáveis, porém, não se pareciam com nenhum perfume que eu conhecesse, talvez, porque perfumes terrícolas são normalmente, baseados em álcool, mas essas fragrâncias não pareciam se basear em nada que eu conhecesse, ainda assim, eram maravilhosamente perfumadas.
Ela sentou-se em frente a mim, também em pose meditativa, mas, não era para meditar, e sim para que conversássemos.
- A cada dia você se desprende dos seus limites - disse-me com bondade em seu olhar, depois de longo suspiro de encanto, parecia dominar sua respiração para que sempre fosse longa, desacelerada, tranquila.
Olhei-a assim como ela olhava para mim, com extremo carinho e respeito, quando me veio à mente perguntar-lhe quem ela havia sido quando eu a conheci e também, quem eu era. Ela olhou para o céu por longos instantes, enquanto respirava da mais branda maneira e sem pressa, respondeu-me:
- Não dê tanta importância a essas coisas, são apenas nomenclaturas que distinguem os personagens em que atuamos no teatro da vida, mas a alma carrega sempre uma história de evolução; em certas ocasiões sim, importa conhecer. Nesta missão, o nome dado ao veículo físico em que me mostro nessa dimensão material é Yam'Asy! Em meu planeta significa "Mensageiro do Amor". Você pode me chamar de Yamasy, ou como você quiser. Ainda é muito cedo pra revelar quem eu fui pra você anteriormente, o que importa é quem eu sou hoje, quem você e eu somos hoje e como vamos ajudar as pessoas a serem felizes no dia de amanhã. O passado, nesse momento, é desnecessário. De agora para o futuro; somos novas vidas, temos novos objetivos e você ainda deve conhecer-se primeiro, antes de ter a certeza de que quer lembrar-se de seu passado.
- Por que não posso simplesmente ouvir você me contar quem fui?
- Poderia. Você mesmo conseguiria vir ao mundo dos terrícolas com lembranças vívidas de vidas anteriores, como acontece com uma porcentagem radicalmente pequena das pessoas deste planeta, mas, pra não atrapalhar nossa missão, você recusou.
- De que modo isso me atrapalharia?
- Sua missão é mostrar ao mundo tudo o que aprenderá, do zero. Nada melhor que descrever toda a sua experiência, os sentimentos, as sensações, as dúvidas, as surpresas, na perspectiva de um humano da Terra, não é mesmo? Se você se lembrasse antes do tempo certo, muitas dúvidas não viriam a ser relevantes , já que lhes pareceriam possuir respostas óbvias, sendo assim, não seriam questionadas e nem respondidas.
- Entendo.
- Mas não se preocupe! Eu vou saciar sua curiosidade à medida em que não seja mais preciso o esquecimento.
Ansiei por esse momento. Enquanto eu imaginava possíveis acontecimentos de meu passado, Yamasy permaneceu sem dizer mais palavras. Ela olhava novamente para o céu, para a copa das árvores, ouvia a natureza. Suspirando profundamente, ela me disse:
- Está um belíssimo dia, não acha? Podíamos passear por aí.
Ela levantou-se calmamente e fez algumas repetições de alongamentos dos braços; ela agia de forma sossegada, bem leve, bem solta. Ela estendeu-me a mão, ajudando-me a levantar, então, aceitei sua ajuda.
Soltando minha mão, ela me olhou tranquila enquanto sorria feliz a me dizer "vem", antes de seguir em frente, caminhando a saltitar enquanto cantava com sua voz gentil. Cantarolava algo semelhante a uma das diversas cantigas felizes que ouvimos crianças cantarem, cujo a letra era bem simples:
- Flores, flores, flores
Como são belas assim?
Há beleza e tantas cores quanto amor existe em mim.

Caminhando à Paz, com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora