Depois de sentir que quase 30 minutos já haviam se passado, voltei a pensar em muitas coisas das quais Yamasy havia me dito, sobre formas de amar e entre outras coisas, mas, além destes assuntos, algo que me mantinha intrigado foi quando disse: "por amor, a Consciência Suprema compartilhou a vida, a espalhou pelo universo e ainda está criando-a por todos os lados, nos mais diversos pontos do infinito."
— Ainda... — eu questionava a mim mesmo sobre esse detalhe a respeito da Consciência Suprema, então, Yamasy ouviu minhas dúvidas e respondeu:
— Ela é a Grande Artista, Criadora do Infinito, sua criação nunca termina! Vossa ciência mesmo não lhes diz que o universo não possui tamanho fixo? E que além disso, está se expandindo sem parar?
— A ciência da Terra sabe disso?
— Edwin Hubble, 1929 — respondeu a mim com absurda naturalidade, como se fosse algo que qualquer um soubesse. Isso me fazia ter a impressão de que ela sabia tudo.
Presumi que se eu continuasse a me distrair nessas perguntas, perderia o foco no que ela estava me explicando, perderia também as perguntas que já estavam na "ponta da língua", por isso, voltei ao assunto.
— Então, o que se sente nos romances?
— Ah! Saturno... depende do que motivou esse romance. Se foi uma conexão de valores eternos: então, se sente o respeito, o carinho, a devoção, afeto, a simpatia; já, se o motivo foi material, seja por beleza, status ou interesse financeiro: impera carência de autopreenchimento, pois somos divinos quando nos conhecemos, e totalmente autossuficientes, mas, quando não, quando não nos conhecemos sempre falta-nos algo, o que nos mantém procurando preencher essa ausência de algo com coisas mundanas. Em determinado tipo de romance, predomina mais o interesse pelo que se vê, do que pela afinidade, predomina o sentimento de que o outro pode satisfazer nossas carências, nossa ausência de algo em nós. O que se sente na maioria dos romances é a agradável sensação de que alguém está disposto a aceitar suas intenções e desejos. Nada moralmente elevado e valioso como o amor de pessoas sem interesse por formas, beleza e recursos materiais. O verdadeiro amor, Cristo lhes ensinou.
— Jesus nos ensinou as Leis Divinas de que você falou?
— Sim, mas por meio de parábolas, era consciente da manipulação que suas falas estariam sujeitas devido aos homens.
— Se Ele falasse claramente, não teria facilitado a compreensão das Leis ao mundo? Por que Ele falava em parábolas e não de forma explícita?
— Por que os sacerdotes da igreja o perseguiam, assim como os fariseus e os escribas. O que Ele dizia, cedo ou tarde, chegaria nas mãos da igreja, que ditava o que entrava nos "escritos sagrados". Qualquer ideia que tornasse o povo livre de dogmas e crenças limitantes, rigorosas, conservadoras, ameaçava o poder que a igreja tinha sobre as pessoas, então, eles alterariam o que existisse de explícito nas palavras de Cristo que as fizesse enxergar um mundo de liberdade espiritual, pois o destino de cada espírito é a liberdade, é deixar de lado os desejos carnais e se tornar livre da matéria, como as folhas deixam a árvore um dia; como os pássaros deixam seu ninho. O objetivo de Cristo foi nos conscientizar de que seu reino não pertence a este mundo, assim como nós também não pertencemos. A completude, a plenitude, a harmonia, a alegria, a satisfação, são coisas que nós, seres reais, sentimos, a matéria não sente estas coisas, o corpo não as sente, quem sente é o ser, é o eu, que não pertence à matéria.
— Decidiam o que entrava na Bíblia? Não eram livros e biografias de pessoas que tiveram experiências com Deus? Por que alguém teria que controlar as informações desses escritos?
— Os que comandavam a igreja eram considerados santos e corretos, acreditavam que eles manteriam os escritos como a eles chegaram, mas não era isso o que acontecia. Se o que estava escrito naquela coletânea era a palavra de Deus, quem os alterasse poderia "se passar por Deus", houveram muitos concílios históricos cujo objetivo era retirar ou adicionar coisas às escrituras. Muitos interesses políticos estavam envolvidos nas alterações do "livro sagrado", daí o motivo de guerras terem sido declaradas por causa de um livro dito "santo" ou "sagrado". Vários os profetas têm escritas em seus nomes, dizendo coisas que não realmente disseram, outras que disseram mas estão descontextualizadas, pois foram alteradas, o sentido espiritual fora modificado propositalmente pra que as escrituras fossem em suma, materialistas.
— Por que era preferível que as escrituras fossem materialistas?
— O Concílio Ecumênico de Constantinopla, realizado no ano de 553, que não ocorreu por livre vontade do Papa Virgílio, mas por influência do imperador Justino e sua esposa Teodora... segundo registros: é lá, onde e quando, a doutrina de preexistência do espírito foi retirada dos textos sagrados. Procópio de Cesareia, historiador bizantino do século VI, nascido no ano 500, descreve Teodora como avarenta, vulgar e insaciável; ele não pôde descrever detalhes diretos, explícitos sobre a vida do imperador e sua esposa por temor a um ato de condenação por parte deles, mas passa, de forma indireta, a ideia de que o concílio ocorreu justamente porque a Imperatriz Teodora, não era a favor da doutrina de reencarnação, pois temia a ideia de que perderia todos os seus luxos após a morte e que noutra existência seria miserável por ter tido a valiosa oportunidade de possuir grandes fortunas e desperdiçar este ensejo, usando disso para saciar somente a si e não ter feito nada pelos pobres, cujo o bem deles estava ao seu alcance, e o mínimo, lhes ajudaria.
Fiquei em silêncio, o quanto Yamasy sabia me espantava. "Não é possível que ela saiba tudo..." — pensei — "será que posso perguntar qualquer coisa?"
— Qualquer coisa — respondeu-me, Yamasy —, até sobre você mesmo.
— Havia um objetivo em comum entre os falsificadores dos textos? Que intensão tinham, aonde queriam chegar com tudo isso?
— Tinham vários objetivos pessoais, mas havia um em comum.
— Controlar as pessoas?
— Antes da religião, as mulheres eram mais livres; depois dela, não mais. Em específico, ter um controle sobre as mulheres, torná-las submissas ao homem, tal como um escravo, obrigadas a atender-lhes em seus desejos, alcançar isto, era, infelizmente, um dos principais objetivos em comum. Sendo todos os cargos da igreja constituídos por homens, fácil era para eles, entrarem em concordância. Daí que vemos como no passado, tratavam-nas feito objeto, vendiam-nas, agrediam-nas e faziam com elas o que bem entendiam; se não obedecessem aos seus maridos, se fossem rebeldes, podiam ser condenadas a morte.
— Como os manuscritos estavam sujeitos a alteração, parece haver agora, mais sentido no fato de que Jesus codificava o que dizia.
— Foi por isto mesmo, Cristo driblava seus perseguidores, que não viam em suas parábolas (para eles, "sem nexo") o que alterar. Ele fazia suas próprias parábolas parecerem sem sentido a aqueles que não queriam conhecer mais do que o mundo material, pois sabia que aquele que buscar a verdade espiritual, independentemente do que alegam as ciências totalmente materialistas que ignoram os fenômenos não físicos, encontrará o sentido profundo de suas palavras.
Refleti novamente. Comecei a perceber que Deus não era injusto, eu é que não o conhecia, nem suas Leis, assim como os crentes, afiliados da igreja, que acreditavam ter exclusiva para eles a salvação, que muito comumente são vistos oprimindo pessoas que não se encaixam em seus dogmas; também não conhecem a Verdade, o Amor, revoltando-se contra quaisquer pessoas (até mesmo seus familiares) que não se enquadram naquilo que, "supostamente, Deus exige". Eles não o conhecem e nos ensinam a crer num deus tirano que deva estar em algum lugar por entre as nuvens, um "homem" com poder de castigar a todos pra sempre. Não cogitam que algo superior à toda forma de violência e a toda essa forma primitiva e brutal de resolver as coisas, possa existir. Não percebem um falso "Deus" nas escrituras que eles denominam "santas", não absorvem à mente nada além da matéria, isso lhes foge à compreensão. Evitam por preconceito conhecer os fenômenos espirituais, assim como quase toda a parcela de cientistas recusa-se a estudá-los e repreende os que de forma corajosa se pronunciam a respeito desses fenômenos. Criticam os que se apresentam com essa coragem, pois não fazem igual por medo de serem descredibilizados, por medo de que os outros pensem que não levam o trabalho que exercem a sério. Não podendo conhecer o espiritual, não podem imaginar algo superior ao físico, então, também não imaginam o ser Criador como uma divina energia, consciente à nível infinito, um Deus Todo-Amor; continuam atribuindo-lhe forma humana, esquecendo-se que desconhecem o universo e ignorando que já foram visitados por irmãos que não possuem a forma dos humanos Terrestres. O que seriam então estes seres e como se encaixariam na versão religiosa da gênese? Se Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, outro "deus" fez as raças diversas do cosmos? Pensava acerca do que o ser humano terrícola usará como desculpa de superioridade quando o contato de civilizações avançadas finalmente chegar ao momento e o homem da Terra perceber que não é, nem de longe, a raça mais inteligente e especial do cosmos, assim como o ser humano terrícola não é o filho único do Criador, porque nunca cessa à sua criação.
— Tem razão! — dizia-me Yamasy — o ser humano terrícola não é especial, assim como nenhuma civilização a fora o é!
— Lembro de um ditado popular que pessoas recitam quando veem pessoas bonitas e ricas. Dizem: "Deus têm seus preferidos", até onde isso está certo ou errado, Yamasy? Estas pessoas tem algo mesmo que mínimo, especial?
— Já lhe disse, Deus é SUPREMO em consciência, assim como é em TODAS as qualidades que existem, se faltasse-lhe mesmo que uma gota de consciência, amor e poder, não seria supremo, assim também não seria Deus. O Criador criou e ainda cria a todas as almas iguais; todas puras, mas deu a todas a liberdade de escolherem o que fazer. São essas escolhas que levam-nas as condições que se fazem merecer. Se desse qualquer vantagem a um de seus filhos, não seria justo. Mas Deus ama a todos os seus filhos igualmente! No sentido literal da palavra! Não se deve comparar esse amor perfeitamente nivelado a nenhum dos pais humanos, que dizem amar seus filhos de forma igual, mas que no fundo, possuem um de que gostam um pouco mais. Deus não tem preferidos. São os nossos atos que nos concedem merecimento, tanto para a vida atual, como nas próximas. Porém, beleza e riqueza não são privilégio ao Espírito senão, ao corpo e constituem um enorme desafio ao Espírito rico no mundo físico, cujo o objetivo de sua existência no plano material é fazer bom uso de sua riqueza, promovendo progressos mesmo que mínimos aos seus irmãos, ajudando aos outros seres, sejam humanos ou animais, assim como o meio ambiente. Estes espíritos, tão ricos e cheios de beleza, quase sempre sucumbem às tentações e às comodidades que essas condições lhes fornecem, levando-os à inércia .
— Que mal existe em ser rico e bonito?
— Não há mal nenhum em ser rico quando se usa da riqueza sabiamente, tornando-a útil e não acumulando-a em cofres como um troféu ao ego, quando usada para o bem, em benefício daqueles que necessitam, mas para quem possui uma fortuna há o risco de que usar desta com apego à matéria, para exibir-se e colocar-se acima dos outros, risco de que a acumule por ganância, alimentando a fonte dos males da terra: o ego, o orgulho. A riqueza, usada dessa forma, quebra os pisos da ponte que o protege de cair do precipício na estrada da evolução moral. Já a beleza é evitada por muitos durante o planejamento das missões na vida física, porque basicamente: "quem vê face não vê coração."
— O que você quer dizer?
— Nossa vida física é passageira, não devemos dar tamanha importância ao que não é eterno, agindo como se fossemos estar aqui para sempre. Se um indivíduo demonstra te amar pelo o que é e te faz sentir o mesmo por ele, pouco valiosa torna-se a parte física. Agora, quando dois indivíduos se unem, atraídos pela beleza, muito suscetíveis à infelicidade eles se colocam, porque se suportam pela aparência, como fazem os animais durante a época de acasalamento; pessoas bonitas podem amar-se de verdade, mas nalgumas vezes, não se amam, amam o um padrão de beleza que lhes está ao alcance dos olhos e, nestes casos, sejam lá quem são, apenas a imagem lhes atraiu e, movidos por motivo tão superficial, criam falsas noções um do outro pra que a admiração não se esgote e nada lhes interessa, senão, as fantasias e ilusões que se põem a acreditar, tudo para que não se ponham a deixar de desejar até mesmo essa parte material. Ao final de suas vidas eles se separam com a liberdade espiritual, onde semelhante atrai semelhante e opostos afastam opostos através da Lei de Sintonia Energética. Já os que se amam verdadeiramente, após a despedida do veículo físico, se unem e seus laços se fortificam, porque o amor lhes foi maior que a matéria, lhes foi maior que o ego, maior que os olhos e os uniu, independentemente de em qual condição se encontravam. Isto é que se deve entender por amor verdadeiro, um amor que há entrega sem exigir nada do outro. Relações falsas terminam com a morte, quanto que as verdadeiras se fortalecem do outro lado, podendo atravessar existências juntos, tornando a jornada do aperfeiçoamento mais doce, por compartilharem essa simpatia instintiva um pelo o outro, que desenvolveram unidos.
Terminando sua explicação, Yamasy olhou-me fixamente com as sobrancelhas levantadas, como se houvesse algo em meu rosto. Parecia estar analisando algo em mim. Ela então sorriu de forma serena e deu-me dois leves e gentis "tapinhas" no ombro enquanto dizia:
— "Sua bateria está acabando" — não entendi de imediato o que ela quis dizer, mas logo me lembrei que, por algum motivo, eu estava com sono, em plena luz do dia! — é normal, Saturno! Mudar de paradigma mental requer desfazer-se de certas crenças que já não são úteis em nada. Para isto, é preciso reorganizar tudo e quando dormimos isso acontece! Sua mente está pedindo por um pouco mais de descanso. Esse seu cansaço é algo tão normal como o primeiro dia de academia; voltamos exaustos e achando que não temos força pra fazer tudo de novo nos próximos dias. Mas, passa-se o tempo e descobrimos que ampliamos nossa resistência, ampliamos nossas capacidades!
— Então eu vou poder descobrir muito mais, sem me sobrecarregar com o tempo?
— Sim. Por enquanto, venha, eu vou te levar de volta à sua casa.
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Caminhando à Paz, com Amor
SpiritualitéUm jovem desenhista relata seu encontro com um ser extraterrestre, extremamente sábio e pacífico, que demonstra amor por tudo o que vê, que lhe mostra sua missão de mensageiro na Terra e que, ao decorrer do tempo, lhe ensina sobre coisas que todos s...