Blind Mind 🎩 Chaelisa

Lisa

Boa leitura 💚 🐦

Roseanne estava atrasada.

Tudo bem, não estava realmente atrasada. Mas na minha cabeça, se nós marcamos às duas, uma e quarenta era um horário razoável para chegar.

10 minutos, Roseanne está há dez minutos atrasada. Constatei após olhar meu relógio de pulso pela vigésima vez.

Será que levei um bolo?

Eu segurava um jornal só pra disfarçar, mas na verdade não sai nem da manchete.

A garçonete, super educada como sempre, veio gentilmente perguntar se agora eu queria fazer o pedido.

A loira segurava um bloquinho com um lápis clássico, amarelo com a borracha vermelha, seu avental já estava meio sujo, por conta do expediente corrido pela manhã, e seu coque quase se desfazendo.

Eu sabia que ela estava doida pra que eu comesse logo, para poder voltar a devorar seus livros da faculdade atrás do balcão, eu sempre a pegava lendo quando ia fechar a conta.

Por incrível que pareça, eu sempre venho num horário que ninguém vem. Será que eu espanto os clientes? Talvez tenha uma áurea preta ao meu envolto.

— Senhora Manoban? — olhei novamente para a garota, eu havia me perdido nos pensamentos, como sempre.

— Desculpe Alice, é que... Estou esperando uma pessoa — confessei de uma vez.

Esperava um olhar torto ou piedoso, mas ela só assentiu e pediu desculpas por me incomodar, voltando para o balcão e finalmente pegando seu livro.

E nada de Roseanne.

Fechei os olhos suspirando, ela chegava atrasada até no trabalho, talvez fosse dela, eu não tinha culpa, né?

Como se ela me ouvisse, o sininho da porta de entrada tocou, e lá estava a detetive atrasada. Ela andava como se não tivesse atrasado vinte e cinco minutos.

— Bom dia, Alice! — a ouvi cumprimentar a menina. Ela já conhecia o café... Oh é verdade! A gente tinha se esbarrado uma vez aqui antes de nos conhecermos.

— Bom dia, Rosie. — Ela cumprimentou informalmente, será que se conheciam fora daqui?

Antes que ela chegasse, fingi estar entretida com o jornal. Senti sua presença enquanto se sentava na cadeira à minha frente, mas apenas fingi ignorar. Depois de um pigarro ela disse: — Bom dia, Lisa!

— Está há — abaixei o jornal e olhei para o meu relógio, como se não estivesse cronometrando seu atraso até agora. — vinte e seis minutos atrasada. E alguns segundos — provoquei, vendo-a entortar a boca. Eu beberia meu café, mas não tenho um graças a senhora atrasadinha.

— A senhora vai fazer seu pedido agora? — Alice apareceu como um vulto, me assustando. Roseanne apenas riu do pulinho discreto que dei.

— Me vê um croissant e meu café de sempre, por favor! — pedi educadamente e ela prontamente anotou.

— E você Rosé? — elas estavam cheias de apelidos hein.

— Quero um suco de maracujá e um croissant também. Na conta da Lisa — sorriu pra mim, e a menina riu baixinho antes de se afastar da mesa.

— Vocês se conhecem? — decidi matar minha curiosidade.

— Uhum — foi breve.

— Só isso? Não vai me contar como?

— Você não quer ser detetive? — se recostou na poltrona, que deveria caber duas pessoas, e colocou o braço por cima do encosto. Eu mencionei que ela usava seu clássico sobretudo marrom? Era até charmoso. — Descubra.