A policial se levantou decidida do que faria, procurou por uma pedra grande, achando-a soterrada na raiz de uma árvore, ela tinha aproximadamente vinte e cinco centímetros, o que para o que faria estava de bom tamanho.
Levou a pedra até seu carro e a colocou no banco de trás, iria para o parque nacional Pictured Rocks. Deu uma última olhada para trás antes de ligar o motor pra sair do cemitério, mas ao girar a chave, batidas na janela a fizeram desligar o carro novamente.
— Lalisa! Pensei que nunca veria você novamente. — A loira exclamou quando o vidro se abriu.
— É... E-eu. — Começou, mas a outra a cortou.
— Não precisa se explicar! Está indo pra onde? — Engoliu em seco pensando em uma desculpa esfarrapada.
— Estou a caminho do centro. — Um sorriso se abriu no rosto da loira.
— Que ótimo! Estou indo pra lá também, por que não tomamos um café? — Lalisa queria dizer não, mas sabia que pelo trajeto ser o "mesmo" a loira a seguiria e de qualquer forma estragaria seus planos.
— Claro. — Sorriu amarelo fingindo simpatia. — Quer carona?
— Não precisa, eu vim de bicicleta. — Lalisa a olhou preocupada, ela iria de bicicleta na neve? Para o centro da cidade?
— Tem certeza? Eu acho que sua bicicleta cabe na mala se deitarmos o banco. — Por mais que não quisesse sair, considerava Roseanne uma pessoa boa demais para deixá-la ir sozinha nesse frio para o centro, ainda mais pedalando na neve.
— Bom, já que insiste!
[...]
Elas acabaram por ir a um restaurante e pedir pizza, que, de acordo com a loira, estava deliciosa. Lalisa se permitiu sorrir naquela noite, havia gostado de livrar sua mente, nem que por míseras horas, do vazio que carregava.
Roseanne era uma ótima companhia, nunca deixava o assunto morrer. E quando acabava ela fazia questão de iniciar outra conversa enaltecendo a comida que estava ingerindo, ou qualquer outra que gostasse.
— Ah olhe só o que eu aprendi em um restaurante mexicano! — A loira chamou sua atenção.
De alguma forma, a policial gostava de observá-la, achava interessante a forma que suas mãos acompanhavam sua fala, seus olhos penetrantes a prendiam em uma espécie de hipnose, como se estivesse em um limbo onde não conseguia se desconcentrar, nem queria.
Observou com um sorriso no rosto enquanto a mais velha lambia um montante de sal, bebia um shot de tequila e rapidamente chupava uma fatia de limão.
— Você é louca! Seu coração pode parar fazendo isso! — Disse em um tom brincalhão.
— Sério? Eu não esperava por isso.
— Não sei. Qual o intuito disso?
— Neutralizar o gosto, vamos tente! — Tentou a empurrar a bebida, mas ela prontamente negou.
— Eu passo dessa vez!
— Então significa que terá uma próxima vez? — Indagou sugestiva.
Sem saber o que responder, a mais nova apenas mudou de assunto tentando fugir de Roseanne que pareceu entender mesmo ficando intrigada.
Agora elas caminhavam tranquilamente até o carro estacionado a duas quadras. Lalisa mantinha sua cabeça baixa chutando a neve, enquanto a mais velha sorria para qualquer coisa que visse, pássaros, letreiros e até mesmo ao olhar a morena ao seu lado.
— Você devia se animar mais vezes. — Ditou quebrando o silêncio, Lalisa elevou seu olhar confusa, fazendo-a se explicar melhor. — Você fica mais bonita sorrindo como no restaurante, do que assim tristonha.
— Você acha? — Sorriu de lado subitamente feliz e envergonhada com o elogio.
— Tenho certeza. Por que está tão triste hoje? — A pergunta atingiu seu coração, como se algo tivesse a machucado, apertando sua ferida mais dolorosa.
— Acho que minha vida nunca vai ser a mesma sem elas. — A mais alta nada falou, esperando que Lalisa continuasse. — Minha esposa e minha filha estão naqueles túmulos. E elas não voltam mais. — Por incrível que pareça, essa havia sido a primeira vez que Lalisa falara sobre a morte delas.
— Nunca vai ser mesmo. — Sua voz ressoou depois de minutos de silêncio. — Mas você ainda pode ressignificar sua vida. Pode não ser a mesma, mas pode ser diferente, ainda com um final feliz.
— Você acredita nisso? — Falou num tom debochado.
— Sou a prova viva disso. Meus pais morreram e eu cuido das minhas irmãs desde os dezesseis anos, minha vida se ressignificou para elas.
— Pelo menos você ainda as tem.
— E você ainda tem você!
— É mais difícil quando não se tem um propósito.
— Então encontre um! — Refutou não aceitando "perder" a discussão.
— Que propósito eu poderia ter sem elas?
— Não sei, mas pense que elas não iriam querer ver você desistindo. — Deu de ombros observando que sua apelação havia dado certo. — Eu vou ficando por aqui, Lisa. — Estendeu a mão para que ela a apertasse.
— Boa noite, Roseanne. — Retribuiu com um sorriso batendo rapidamente em sua luva ao invés de apertá-la.
— Espero te ver de novo um dia. — Exclamou antes de entrar em casa, fazendo-a sorrir por alguns segundos.
— Talvez eu possa achar um propósito, Park Roseanne. — Sussurrou negando com sua cabeça e voltando para seu carro.
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Blind Mind 🎩 Chaelisa
FanficAVISO!!📢 A fic aborda os seguintes tópicos: Racismo🖕🏼✊🏼 Bullying 💢 Síndromes 🤝 Xenofobia 🍜 Homofobia 🏳️🌈 Psicologia 🔱 Abusos mentais🙍🏻♀️🎭 Mediunidade 👻 Conteúdo sensível 😖 Assassinato ☠️ arbitrariedade ⚖️ Gatilhos 🔫 Mais alguns avi...