Boa Leitura 💚🐦
Um mês havia se passado. Lalisa se via em um buraco escuro, onde não havia luz desde o fatídico dia em que ela perdeu sua família. Havia um buraco em seu coração e um ponto de interrogação em sua mente, os detetives não a deixaram chegar perto do caso, ela não podia nem ao menos ajudar a descobrir quem atentou contra sua maior razão de viver. E após um mês, ele foi dado como inconclusivo e arquivado no meio de tantos outros.
A incompetência era algo que sempre a irritou, agora então... Estava enraivecida pois era sua família ali.
Olhando para aqueles dois túmulos de mármore branco, seu coração parecia em pedaços; como em vinte e quatro horas ela havia perdido tudo que construiu por anos a fio? Todos os sonhos e expectativas... Seu pontinho de felicidade estava ali, enterrado debaixo daquele solo. Sua filha, sua pequena, seu amor maior junto com sua esposa, elas estavam em um lugar melhor agora, era o que ela queria acreditar.
— Pode me dizer onde comprou esse arranjo? — A policial perguntou para uma moça que estava ajoelhada no túmulo ao seu lado. O arranjo que se referia era de flores azuis e violeta, que estavam agora deitadas em cima do pequeno altar.
Usava um sobretudo marrom, seu cabelo loiro estava preso em uma trança embutida e parecia rezar ajoelhada ali.
— Eu mesma fiz. — A loira se levantou fitando a mais baixa e se surpreendendo com o rosto conhecido — Eu conheço você!
— O que?! — Perguntou sem entender.
— Você é a mulher que estava na minha frente no café mês passado, desculpe pela grosseria eu estava atrasada.
— Ah! Então era você... — A mais nova não sabia o que dizer — Uau que memória boa. — Foi o melhor que conseguiu.
— Eu nunca me esqueço de um rosto.
— Bom saber, eu acho... — Coçou a cabeça sem jeito — Mas então, as flores?
— Ah, eu já disse, eu mesma fiz.
— Oh, uau, uma florista! — A mais velha riu deixando a outra confusa. — Você não é florista né? — Mordeu o lábio inferior vendo a outra negar acenando com a cabeça risonha.
— Eu as colhi num campo perto daqui, se quiser podemos ir até lá agora.
— Seria uma ótima ideia! — Aproveitaria seu dia de folga para acompanhar a moça até o tal campo vasto de flores.
— Você é nova por aqui? Eu venho toda a semana e nunca te vi. — Exclamou curiosa.
— Minha perda é recente, só tomei coragem pra voltar aqui hoje... — Respondeu cabisbaixa.
— Eu sinto muito... — Dado o silêncio que se estabelecera, a loira decidiu continuar. — Eu perdi meus pais — Soltou no ar — Quando tinha dezesseis anos. E meu irmão... — Ponderou antes de continuar — Os três estão ali naquele túmulo.
— Sinto muito — A outra ficou esperando que Lalisa fizesse o mesmo apresentando seus parentes que haviam falecido, mas ela nada fez — Era pra eu estar lá com elas — Murmurou.
— Nunca diga isso — Parou de andar segurando nos ombros da morena fazendo com que a olhasse. — Nunca, se você ainda está aqui, aproveite a oportunidade pra seguir bem sua vida. Construir uma nova se for necessário!
— Você não entenderia.
— Não, claro que não, ninguém é capaz de entender a dor do outro, a intensidade é mais forte que a causa propriamente dita. Você não é capaz de entender a minha, assim como eu não sou capaz de entender a sua, mas se tem algo que eu sei, é que nenhum sofrimento é eterno. E ao invés de remoer, você deve seguir em frente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Blind Mind 🎩 Chaelisa
Hayran KurguAVISO!!📢 A fic aborda os seguintes tópicos: Racismo🖕🏼✊🏼 Bullying 💢 Síndromes 🤝 Xenofobia 🍜 Homofobia 🏳️🌈 Psicologia 🔱 Abusos mentais🙍🏻♀️🎭 Mediunidade 👻 Conteúdo sensível 😖 Assassinato ☠️ arbitrariedade ⚖️ Gatilhos 🔫 Mais alguns avi...