Capítulo VIII.

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"Como isso é possível?", pensa consigo mesmo, Saiko. Kenji toma a palavra: "permita-me esclarecer tudo, vossa majestade. Há cerca de dois anos nos encontramos pelas primeira vez com este samurai, e há dois anos ele fazia parte do nosso bando. O que fazíamos não é relevante para o assunto, mas o ponto é: esse homem afirma ser irmão de Saiko Huragumi, vossa majestade. E pelo o que nos foi dito pelo mesmo, ele tinha contas a acertar com vossa majestade, e estava deveras ansioso para reencontra-lo, portanto, eu fiz um trato com este homem de que o traria a vossa majestade, porém, não da forma como ele esperava, como pode ver", Kenji ri, "enfim, assim que soubemos que Saiko Huragumi era o novo imperador, não podíamos deixar de trazer o seu irmão de volta para ti, para esse reencontro emocionante. Hakari nos contou bastante sobre a história dele com vossa majestade... muitos podres também, coisas que deveriam ser mantidas por debaixo dos panos... portanto, proponho o seguinte: devolvemos o seu querido irmão para vossa majestade, e em troca esperamos receber uma boa quantia de dinheiro, pelo trabalho e para manter a nossa boca calada. O que vossa majestade acha?".

Saiko se irrita profundamente, mas não tem como negar a oferta. Assim, ele dá uma quantia exuberante de dinheiro para o bando Aka, mas antes que eles partissem, o imperador oferece mais uma quantia para levar Hakari até uma fazenda no extremo norte do Japão, bem no interior, onde se faziam escravos de guerra trabalharem na fazenda. Saiko se sentia muito superior ao seu irmão agora, e não queria apenas mata-lo, mas humilha-lo. Portanto, mandou que fosse vendido como escravo, e que passasse o resto de sua vida "patética", como o próprio imperador disse, servindo ao senhor daquelas terras. E assim, depois de toda essa comoção, despediu-se do bando e retornou para seu palácio.

Após longos dias de caminhada, Kenji e seu bando finalmente chegam as terras do senhor Mayazuki, e vendem Hakari por um bom preço. Pouco antes de Kenji partir, Hakari, extremamente desidratado e com muita fome, se vira para Kenji e diz: "Eu juro pela minha alma que não descansarei enquanto não matar Saiko e você... me ouviu, KENJI?!?!?".

Kenji ri extravagantemente: "Entendi entendi. Olha, nós vamos para terras muito longe destas, finalmente teremos a vida que merecemos. Nunca mais vamos nos ver, o que para mim é ótimo, não aguentava mais olhar pra essa sua cara de merda. Você perdeu, Hakari. Perdeu para o seu irmão e perdeu para mim", Kenji diz e logo se vira para ir embora; enquanto Hakari grita furioso, clamando que ira levar a alma de Kenji para o inferno junto com a alma de seu irmão, mas Kenji o ignora e segue sua jornada. Hakari agora era um mero escravo, sem sequer ter o poder para decidir seu próprio destino, mas isso não é apagou a chama quente que queimava seu peito em busca de vingança.

2 anos se passaram.

O imperador é chamado para ver um novo grupo de prisioneiros que os samurais do clã Kamatoshi acabaram de pegar. Era um grupo de padres que estavam evangelizando ao longo do Japão, o que era crime passível de morte. Saiko da uma olhada naquele grupo e ri. "Qual de vocês quer ser o primeiro a morrer?", pergunta, sorrindo, o imperador. Um padre idoso com cerca de 60 anos com um par de óculos velhos e cabelos extremamente branco da um passo para frente: "por favor, não faça nenhum mal aos meus irmãos. Fui eu quem insistiu para que pregássemos A Palavra ao redor do Japão, sou a mim quem você quer".

Saiko abre um pequeno sorriso de canto: "aprecio a sua coragem, velho. Matem todos, menos esse velho. Ele vem comigo", afirma o imperador. E assim foi feito, os outros padres foram mortos na frente do padre idoso, que nada pode fazer a não ser chorar e rezar pela alma de seus irmãos em Cristo. Saiko leva o padre para sua prisão especial que fica dentro do palácio. "Muito bem, sinta-se a vontade.", diz Saiko, enquanto empurra o homem para sua cela. E a primeira coisa que o padre faz ao chegar na cela, é ajoelhar e rezar: "A sua graça me basta, Pai. A sua graça me basta".

Saiko começa a rir: "é por isso que eu amo esses padres, vocês me divertem demais. Na vê a situação que está? Eu somente adiei a sua sentença de morte por um tempo, você nem tem cama para dormir aqui, e com certeza não vai provar uma comida boa. Me diga, por quais motivos tem que rezar? O seu destino já está selado". O padre se levanta, ajeita seus óculos e diz: "Motivos para rezar não me faltam, mas principalmente para eu ser forte o suficiente para resistir às tão poderosas tentações que me são lançadas". Saiko ri com mais vontade ainda, "gostei de você, velhote. Qual o seu nome?"; "Me chamo Hasegawa, servo de Cristo, A Palavra de Deus".

"Entendi. Bom, estou ansioso para ver quanto tempo você vai me manter entretido, velho Hasegawa. Se quiser algo para se distrair, toma aqui esse livro que estava com um dos padres mortos", Hasegawa aceita o livro, vira para Saiko e diz: "Essa é A Bíblia, meu filho. Nunca ouviu falar?", "Não, deveria?", "Todo homem nessa terra deveria conhecer bem esse livro, pois é nele que encontramos o verdadeiro caminho para a felicidade"; Saiko de repente se interessa, mas não demonstra: "E qual seria esse caminho?", o padre sorri, e diz: "Jesus Cristo".

"Quem é esse tal Jesus que vocês padres amam tanto falar sobre?", pergunta Saiko, levemente irritado por sentir que sabia menos do que o padre. O padre sorri: "Você quer saber mais sobre Jesus? Ora, não há alegria maior para mim do que lhe explicar isso, meu jovem.". E assim o padre começou a falar, falou sobre a missão que Jesus tinha aqui na terra, falou sobre seus valiosos ensinamentos e sobre a sua dolorosa morte. E por mais que Saiko não entendesse por que Jesus havia se submetido a tanto sofrimento, ele não conseguiu esconder seu genuíno interesse por tudo aquilo que o padre dizia. Saiko não acreditava em uma palavra que o padre dizia, mas ele estava genuínamente fascinado por tudo aquilo que o velho lhe contava, era tudo muito novo e empolgante para Saiko.

Assim, passaram-se duas horas, e Saiko permanecia ali, escutando atentamente ao velho padre, e impressionado com o brilho nos olhos que o padre tinha ao falar sobre tudo aquilo. Saiko então decidi voltar a seus afazeres, pois já ficara tarde, então ele vai embora, mas diz que deve voltar depois para escutar mais sobre "esse tal Jesus", como Saiko mesmo disse. O padre apenas acenou com sua cabeça, se ajoelhou em sua cela e orou: "A sua graça me basta, Pai. A sua graça me basta".

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