Capítulo X.

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1 ano se passa.

Saiko criou uma forte amizade com o padre Hasegawa, mas não podia soltá-lo da prisão por conta do crime que era ser padre no Japão. Saiko havia mudado bastante, ele verdadeiramente acreditava nas palavras do padre acerca de Deus, e toda noite, sem ninguém ver, ele rezava para Deus. Porém, mesmo acreditando em Deus, Saiko ainda não tinha coragem de fazer mudanças drásticas em sua vida, por medo de sofrer grande rejeição de seus suditos e sofrer pressão para renunciar, e também por não querer abrir mão de sua vida confortável. Mesmo assim, uma grande luta era travada dentro de Saiko, e a cada conversa com o padre, essa luta ficava mais forte.

Saiko começou a sofrer pressão de Kaito, seu braço direito, para sentenciar logo o padre a morte. Saiko sempre postergava tal sentença o máximo que podia, pois verdadeiramente não queria a morte de seu amigo, mas ele não podia transparecer isso. Mas Saiko não podia levantar muitas suspeitas, por que sabia muito bem que Kaito seria capaz de dar um golpe, assim como Saiko fizera, para pegar o trono de imperador caso visse que Saiko estava se afeiçoando ao cristianismo, o que, na visão de Kaito, "enfraqueceria" o imperador, o tornando indigno de governar o país. Saiko passou noites em claro tentando pensar em alguma desculpa para postergar mais ainda a sentença do padre Hasegawa... mas infelizmente não conseguiu pensar em nenhuma. Saiko tinha que matar o único amigo que ele fizera em sua vida.

Quando Saiko descera à cela do padre para dá-lo a notícia, o padre, instintivamente, já sabia muito bem qual seria o seu destino. "Então, acho que é isso, não é mesmo? O fim da linha", diz o padre. Saiko, muito entristecido, diz: "sim. Me perdoe, Hasegawa... eu realmente tentei achar uma solução, mas...", Hasegawa ri: "Eu sei que tentou, meu filho.". Saiko sente um pouco de raiva: "como o senhor pode rir em uma situação como essa? Você morrerá hoje por minhas mãos. Você está falando com aquele que ceifará sua vida hoje". Hasegawa franze sua testa: "Que decepção, Saiko. Você não aprendeu nada de mim durante todo esse tempo?", Saiko não entende o que o padre quer dizer. "Nós não vivemos para essa vida terrena, vivemos para O Reino dos Céus. Não poderia estar mais feliz, pois hoje encontrarei meu Pai. E diferentemente de mim, sua dor será prolongada, e eu sinto muito por isso. Nesses meus momentos finais aqui na terra, orarei para que você se arrependa de vossos pecados e se converta à Cristo Jesus, meu amigo. Ele estava esperando ansiosamente que você venha a Ele".

Saiko, pela primeira vez em sua vida, ficou sem palavras. Durante toda sua vida, Hasegawa foi o único homem que conseguiu derrota-lo, e sem usar arma alguma. Saiko acabara de experimentar a derrota pela primeira vez, e mesmo que não tivesse dito para Hasegawa, por se sentir humilhado, não havia dúvidas para ele: "Este é o homem mais forte que eu já vi em minha vida. Levei muito tempo, mas finalmente entendi o que é a verdadeira força", pensou consigo, e deixou Hasegawa orando em sua cela.

Algumas horas se passaram, e o fatídico momento havia chegado. O padre foi levado para o palco da execução, onde uma multidão o vaiava e se alegrava com sua morte. Saiko mantinha sua pose, mas sentia uma raiva tremenda de todos aqueles que humilhavam seu amigo, mas lembrava das palavras de seu amigo, dizendo que a raiva é um veneno para aquele que a cultiva, e logo se acalmou: "eles não sabem o que estão fazendo... Pai, perdoa-os", orou em sua mente, Saiko. O padre é posto de joelhos, e Kaito passa a katana para Saiko, que deveria cortar a cabeça do padre. Saiko perde forças, não consegue sequer levantar sua katana, mas ele insiste e levantá-la para desferir o golpe final. Então, antes de dar o golpe final, Saiko escuta o padre falando sussurrando: "Senhor, peço que me use como instrumento de paz e conversão para meu amigo Saiko. Ele sofre muito longe de Tua presença, por favor, Pai, ajude-o a encontrar o caminho de volta para casa".

Os olhos de Saiko se enchem de lágrimas, ele estava prestes a chorar, mas sabe que não o pode fazer. Então, antes que isso aconteça, ele rapidamente desfere o golpe fatal. Saiko cortara a cabeça daquele que lhe mostrou o verdadeiro caminho da felicidade. Seu único amigo. Assim que o corpo de Hasegawa cai morto ao chão, toda a multidão vai a loucura e grita o nome de seu imperador com orgulho: "Saiko! Saiko!", Saiko acena para eles, e logo volta para dentro do palácio. Ele rapidamente volta para seu quarto. E assim que entra nele, desaba a chorar, exclamando: "Meu Deus... meu Deus, o que eu fiz". Saiko começa a recordar toda a maldade que ele fizera, e todas as mortes que ele causou. Ele sentia o peso de seus pecados em sua pele, sentia que todos aqueles que foram mortos por ele estavam ali no quarto, o olhando fixamente. E, em especial, Saiko se lembra de seu irmão, e se arrepende de toda a dor que o fez passar.

Após passar alguns momentos chorando, Saiko finalmente entende o que é ser um homem de verdade. Saiko reconhece que ele nunca foi forte de verdade, e nem chegou perto disso. O imperador olha para sua katana, com nojo, e jura para si mesmo: "Nunca mais irei sacar uma arma em minha vida. Eu quero ser forte de verdade, pela minha família e pelos outros. Eu quero ser uma pessoa melhor". Saiko estava decidido a renunciar tudo o que havia conseguido, e estava pronto para tentar reparar seus inúmeros erros. Mas então ele escutas gritos e sons de espada. Então Kaito rapidamente entra em seu quarto, assustado, e diz: "É uma invasão, Saiko!!! Estão invadindo o palácio em busca de você e sua família!!". Saiko, completamente assustado, pergunta: "Mas quem está invadindo"; kaito engole seco e responde: "É o seu irmão. Hakari está aqui".

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